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O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou para os potenciais impactos negativos das recentes tensões entre os Estados Unidos e o Irão no crescimento económico global. A diretora geral do organismo, Kristalina Georgieva, disse em entrevista à BloombergTV que estes eventos constituem “outra fonte de incerteza” num ambiente já volátil.
Kristalina Georgieva destacou que os ataques dos Estados Unidos a instalações no Irão e o possível bloqueio do Estreito de Ormuz — pelo qual passa cerca de 20% do petróleo mundial — são sinais de alarme que podem provocar revisões em baixa das perspetivas de crescimento global, com efeitos secundários amplos.
Impacto no preço da energia
A volatilidade dos preços do petróleo foi imediata: o barril de Brent subiu mais de 5 %, chegando aos 81,40 dólares, embora tenha retraído de seguida. Caso o tráfego no estreito seja reduzido, estima-se que o preço possa atingir os 110 dólares por barril, segundo a Goldman Sachs.
A diretora do FMI referiu que existem efeitos secundários e terciários: um aumento acentuado nos preços da energia tenderia a pressionar a inflação e acionaria uma revisão em baixa das projeções de crescimento das grandes economias.
Kristalina Georgieva e outros analistas alertam que a perceção de risco também poderá prejudicar investimento e consumo, exacerbando o impacto económico.
Crescimento global desacelera, mas sem recessão
O FMI já tinha reduzido as suas previsões de crescimento em abril. Apesar disso, a diretora geral mantém uma visão moderadamente positiva para 2025, sem esperar uma recessão global, embora admita que o risco de escalada no Médio Oriente está a interferir no trajeto económico mundial
O FMI anunciou que publicará uma atualização das suas perspetivas económicas em julho. Até lá, vai monitorizar com atenção os preços dos hidrocarbonetos, a segurança nas rotas marítimas e os potenciais impactos em países emergentes mais expostos à volatilidade global.