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Portugal surge entre os três países europeus com mais intenções de poupança, com 65% dos cidadãos a planearem economizar em 2025, um aumento de 4 pontos percentuais em relação a 2024.
Este dado revela uma correlação com a diminuição do poder de compra, com 43% dos portugueses a referirem uma redução neste campo, nos últimos 12 meses – ainda assim uma evolução positiva (-15pp) em comparação com 2024. Esta realidade está estreitamente ligada à perceção generalizada de um aumento substancial dos preços, com 61% da população a sentir o impacto direto desse contexto. Estas são algumas das principais conclusões do Barómetro Europeu 2025, conduzido pelo Observador Cetelem, marca comercial do grupo BNP Paribas Personal Finance.
Na União Europeia o panorama é mais otimista, onde 50% da população afirma que o poder de compra se manteve ou até melhorou. Numa análise global, Portugal destaca-se como uma das nações mais preocupadas com a gestão financeira pessoal, ao lado de França.
Evolução positiva na perceção geral do país
Os dados do Barómetro Europeu 2025 revelam uma evolução gradual e positiva na perceção da situação global que fazem dos seus países, com uma pontuação média europeia de 5,2 em 10, enquanto Portugal apresenta um valor ligeiramente superior, com 5,4 pontos, o que traduz um aumento de 0,6 pontos comparativamente a 2024.
A perceção da situação pessoal mantém-se estável, com uma melhoria tímida de 0,1 pontos, colocando os portugueses entre os países que têm uma perceção menos positiva sobre a sua situação pessoal, estando 2 pontos abaixo da média europeia. No entanto, as disparidades entre os países com as pontuações mais altas e as mais baixas estão a diminuir.
O impacto do aumento dos preços
Esta perceção de inflação não é exclusiva de Portugal, já que 45% dos europeus também relataram aumentos acentuados nos preços. Mesmo com a diminuição da inflação para 2,4%, muitos consumidores não notaram melhorias, especialmente em relação aos preços dos produtos alimentares e da energia, que continuam a afetar as famílias com rendimentos mais baixos.
Em termos de poupança, 55% dos europeus afirmam a intenção de poupar mais em 2025, o que representa um aumento de 2 pontos em comparação com o ano anterior, mantendo-se em níveis semelhantes aos observados durante a crise da Covid-19.
Intenções de consumo na Europa
Em relação às intenções de consumo, os europeus estão divididos, com 53% a indicar o desejo de gastar mais – número superior aos 39% em Portugal – embora o consumo se mantenha estável, especialmente nas áreas de lazer e serviços. As viagens continuam a ser a principal prioridade de consumo, com 58% dos europeus a colocarem-nas no topo das suas intenções de despesa. Seguem-se as plataformas de streaming, que continuam a atrair mais de quatro em cada dez consumidores europeus, sinalizando a manutenção de uma forte procura por serviços de entretenimento.
Este cenário retrata uma atitude de cautela financeira crescente, com os consumidores portugueses, em especial, mas também europeus a adotarem um comportamento mais focado no controlo de gastos e na intenção de poupar. A procura por maior segurança financeira em tempos de incerteza continua a ser uma prioridade para muitos, e a poupança aparece como uma estratégia chave para garantir um futuro mais estável e sustentável.