A CBRE revelou na Conferência Porto Property Pace um panorama promissor para o mercado imobiliário do Porto, destacando o seu crescimento acelerado e a crescente atratividade para investidores.
Estima-se que o Porto, que representava apenas 2% do volume total do investimento nacional em 2014, atinja cerca de 19% até ao final deste ano, um máximo histórico que reflete a dinâmica de crescimento do sector imobiliário na Invicta.
Com a sua localização estratégica, desenvolvimento de infraestruturas modernas e políticas públicas que incentivam o investimento, o Porto tem-se posicionado como um importante motor económico em Portugal. Apesar de o Porto já ser reconhecido como um mercado estável, consistente e previsível, a cidade ainda não atingiu a sua máxima maturidade, oferecendo assim oportunidades excecionais em diversos sectores imobiliários. Contudo, é crucial que investidores e promotores imobiliários se comprometam com a região, promovendo a construção especulativa de projetos de qualidade.
O mercado do Porto tem observado uma nova dinâmica de crescimento populacional, uma evolução sustentada da base industrial e uma revitalização no turismo e no investimento estrangeiro. Estes fatores, aliados a políticas públicas que favorecem o investimento e a inovação, têm consolidado a região com um dos principais motores económicos do país, fortalecendo a sua perspetiva a longo prazo.
Rui Moreira, diretor da CBRE no Porto, reforça que “a cidade do Porto tem vindo a afirmar-se como um polo estratégico para o investimento imobiliário, em que o desenvolvimento urbano está profundamente alinhado com a criação de oportunidades económicas. As empresas que aqui investem estão não só a contribuir para o crescimento do mercado, mas também a promover uma cidade mais resiliente e moderna, adaptada aos desafios globais. A nossa visão para o Porto passa por um urbanismo integrado, onde os diferentes segmentos – desde o residencial ao logístico, passando pelo retalho e os escritórios – se complementam, criando um ecossistema de proximidade entre os locais de trabalho e habitação, e uma cidade mais eficiente e sustentável”.
Mercado logístico e industrial em transformação
Nos últimos quatro anos, os sectores logístico e industrial, têm enfrentado um cenário em constante transformação devido a alterações geopolíticas globais, como a pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia, o conflito no Médio Oriente, a pirataria no Canal do Suez e o aumento dos custos energéticos.
Essas circunstâncias levaram muitas empresas a reconsiderar as suas estratégias de abastecimento, promovendo uma tendência de nearshoring e reshoring, que implica trazer operações para maior proximidade aos consumidores. Esta desglobalização gerou uma pressão significativa sobre a procura de ativos industriais e logísticos em Portugal. Os efeitos desta dinâmica são evidentes nos preços de arrendamento no Porto, que registaram um aumento entre 50% e 60%, com alguns casos ultrapassando os valores praticados em Lisboa. Apesar do Porto ter um stock mais antigo e uma escassez de produtos logísticos, a dificuldade em encontrar terrenos com características adequadas, como bons acessos rodoviários, mão de obra qualificada, dimensões apropriadas e um processo de licenciamento eficiente, tem dificultado o desenvolvimento do sector.
Atualmente, o Porto apresenta uma taxa de desocupação na ordem de 1%, contrastando com a média europeia de 4,5%, o que acentua as dificuldades em atender à crescente procura por espaços logísticos e industriais.
Sector do retalho em crescimento
Já o mercado de retalho no Porto apresenta uma dinâmica diversificada, com diferentes formatos a destacarem-se e a evoluírem de forma significativa. Os centros comerciais continuam a demonstrar resiliência, registando um crescimento de 6,5% nas vendas e uma footfall de 7,3% quando comparado com o período homólogo. Por sua vez, os retail parks emergem como a grande estrela do momento, sendo o único formato comercial a ver a concretização de novos projetos, com uma renda prime de 11,5€/m².
Este crescimento é impulsionado por operadores que procuram fundamentalmente este modelo. Por outro lado, o comércio de rua na cidade do Porto também se encontra numa fase bastante dinâmica, com a Rua de Santa Catarina, os Aliados, os Clérigos e os eixos Mouzinho e Flores a registar um contínuo de aberturas, embora a falta de lojas disponíveis tenha limitado o seu crescimento.
Esta falta de espaços comerciais tem levado a uma expansão das zonas preferenciais, com os eixos de comércio a alargarem-se para outras artérias da cidade. Diversos projetos de uso misto têm contribuído para criar uma urbanidade mais atrativa, proporcionando algumas opções de retalho. A renda prime no comércio de rua no Porto já atinge 85€/m², com valores específicos de 55€/m² no eixo Mouzinho e Flores e de 50€/m² na Rua de Santa Catarina, refletindo um aumento significativo nos últimos anos.