A pandemia de Covid-19 teve um impacto significativo e repentino na forma como as pessoas compram e comem. À medida que avançamos para um novo normal onde, – espera-se – seremos capazes de aprender a “viver com as Covid”, como é que as atitudes em relação à alimentação vão continuar a evoluir?
A resposta dada pela FMCG Gurus assenta em 10 tendências. Sem surpresas, a saúde continua a dominar as tendências de consumo, especialmente com abordagens pró-ativas e preventivas para o bem-estar, uma vez que as pessoas procuram minimizar o risco de estarem doentes ou de sofrerem graves problemas de saúde.
Além disso, a aversão ao risco será também um fator influente nos próximos 12 meses, uma vez que as pessoas continuam a questionar aspetos das suas vidas que anteriormente tomavam como garantidos e lutam para se adaptarem ao que parece ser agora uma endemia. Ligada a isto, a sustentabilidade também estará na vanguarda dos pensamentos, especialmente porque se questiona a sua ligação com a saúde.
Não obstante, apesar das preocupações e da prudência, os consumidores continuarão a procurar produtos indulgentes, para lidar com as tensões do dia-a-dia.
Destino: saúde
Os consumidores estão a ter uma abordagem holística da saúde e procuram ativamente melhorar o seu bem-estar mental e físico, procurando produtos e ingredientes com reivindicações ativas.
Uma parte integrante desta tendência é que as pessoas estão a reconhecer a importância do bem-estar emocional e da felicidade e procuram melhorá-los, especialmente porque é algo que foi fortemente impactado nos últimos 18 meses.
Aqui e agora
Além de uma abordagem holística da saúde, os consumidores vão ter uma abordagem, a longo prazo, da manutenção da saúde, uma vez que querem manter-se em forma e ativos até tão tarde na vida quanto possível, embora reconheçam que as dietas e estilos de vida atuais não são tão saudáveis como deveriam ser.
Os consumidores irão pesquisar ativamente sobre questões e ingredientes benéficos para a saúde, o que significa que as marcas precisam de garantir que a informação nutricional comunicada é o mais simples possível, ao mesmo tempo que oferecem orientações para garantir que as pessoas não se estão a diagnosticar mal os seus problemas.
Prevenção
Os objetivos em termos de saúde estão a mudar para um foco na gestão da doença e abordagens proativas ao bem-estar, o que significa que há um interesse em produtos funcionais que abordam problemas de saúde, mesmo que os consumidores não sofram de sintomas específicos.
Para isso, as pessoas estão cada vez mais conscientes do papel que a saúde digestiva desempenha na saúde geral, o que se tornará mais percetível à medida que cresce a consciência do microbioma.
“Tecnova-me”
Como em muitas áreas da vida, os consumidores recorrerão à tecnologia para soluções novas e inovadoras para os seus problemas de saúde, criando novas oportunidades numa perspetiva de personalização.
Caminho para a descarbonização
Nos últimos anos, as preocupações com o ambiente intensificaram-se, com muitos a sentirem que o estado do planeta está num ponto de viragem. Esta é uma tendência que continuará em 2022 e que terá um papel significativo nos hábitos de compra. A tendência explora as preocupações dos consumidores sobre as emissões de carbono e os níveis de expectativa que têm em termos da abordagem das marcas a esta questão.
A tendência aborda também a questão do desperdício alimentar, analisando a forma como os consumidores estão a tentar inverter o aumento dos aterros, o seu descontentamento em relação aos resíduos desnecessários a nível da indústria e as oportunidades que existem em torno dos ingredientes.
Plant-based
Esta tendência olha para o crescimento contínuo das dietas alternativas baseada na moderação dos produtos animais e no desejo de produtos que são considerados verdes e limpos, com listas de ingredientes simplificadas.
Esta tendência também examina as oportunidades que existem em torno da suplementação no mercado “plant-based”, de modo a evitar uma potencial falta de nutrientes essenciais, que pode minar os esforços no sentido de uma alimentação mais saudável.
Em última análise, as marcas terão de ter uma abordagem mais proativa para proteger o planeta antes de destacarem as iniciativas de sustentabilidade ao longo de toda a cadeia de fornecimento.
Paz de espírito
A incerteza faz com que a aversão ao risco seja também um tema-chave em 2022 e, infelizmente para os consumidores, os problemas que existiam antes da pandemia continuarão a existir quando (eventualmente) esta passar. As pessoas procuram, assim, eliminar o stress dos seus estilos de vida e dar maior ênfase à confiança e segurança.
Os consumidores querem saber a história por trás dos produtos que compram e querem inovações ao nível das embalagens que lhes assegurem que o produto foi mantido seguro e em ótimo estado ao longo da cadeia de fornecimento.
Ligada a isto, existe também a procura de cadeias de abastecimento mais curtas e de produtos produzidos localmente. O aumento dos níveis de ansiedade e de distúrbios ao nível do sono também significa que os consumidores estão a afastar-se das pressões diárias e a dar prioridade ao que lhes é importante, o que significa que haverá mais foco na maximização das relações pessoais.
“Reality-check”
Esta tendência explora os desafios que os consumidores vão enfrentar à medida que procuram adotar aquilo que consideram um sentido normal de vida. Por exemplo, a escassez de tempo continuará a ser um problema e algo que rege os hábitos alimentares. Tal como a incerteza financeira num clima económico difícil e o desejo de produtos de conforto que oferecem momentos de escapismo. Uma das principais implicações é que as barreiras à vida saudável continuam a existir, mesmo num momento de maior preocupação com o bem-estar.
Indulgência consciente
O sabor e o prazer continuarão a ser razões pelas quais as pessoas recorrem à comida e à bebida e haverá procura de produtos que ofereçam momentos de indulgência e uma experiência genuína. A indulgência consciente é uma tendência que olha para a forma como as pessoas gostam de desfrutar de momentos de hedonismo. Também explora a forma como estão a adotar uma abordagem de débito e crédito para o bem-estar.
Com efeito, embora os consumidores queiram melhorar os seus hábitos alimentares e de consumo, querem evitar sentimentos de compromisso e sacrifício. Como resultado, procurarão ter uma dieta saudável a maior parte do tempo, para justificar os momentos ocasionais de indulgência. Os consumidores também procurarão ajustar os hábitos de snack para que não entrem em conflito com objetivos de saúde mais amplos, impulsionando a procura de produtos considerados isentos de culpa.
Atrever-se a mudar
Os consumidores procuram sabores experimentais que desafiam as suas perceções sensoriais, muitas vezes, como uma forma de auto-expressão. A narrativa e a autenticidade desempenham um papel fundamental nesta tendência, com os consumidores a quererem conhecer o património e a história por detrás dos produtos, em parte, como sinal de que houve p máximo cuidado e atenção na formulação do projeto e, por outro lado, como forma de acrescentar algo à experiência geral.