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O futuro da loja física

Foto Shutterstock

A pandemia de Covid-19 ampliou a necessidade dos retalhistas repensarem o modo como o espaço físico é utilizado no futuro. Apesar de todo o protagonismo assumido pelo e-commerce no ano passado, as lojas físicas continuam a ser parte vital da jornada de compras. A Euromonitor International estima que, em 2025, 76% dos bens continuará a ser comprado nas lojas físicas, apesar de uma redução face aos 81% de 2020.

Com a entrada no chamado “novo normal”, a consultora aconselha marcas e retalhistas a focarem-se em algumas áreas estratégicas, de modo a prepararem-se para o que virá a seguir. A começar pela reavaliação do espaço e localização das lojas físicas. A Euromonitor perspetiva que mais de 135 milhões de metros quadrados de área de venda e 1,7 milhões de pontos de venda tenham desaparecido, só em 2020. Cerca de 5% dos espaços não alimentares na Europa Ocidental e na América do Norte fechou permanentemente, no seguimento de muitos desafios operacionais.

O panorama adverso ao retalho físico deverá manter-se e operadores globais, como a Inditex, por exemplo, já anunciaram planos para fechar, a nível global, 1.200 lojas até 2022, focando.se nos espaços de maior dimensão. Também a Starbucks planeia fechar 800 cafetarias.

Com os centros urbanos a terem sido particularmente atingidos pelos efeitos da pandemia, mesmo marcas icónicas dos centros das cidades estão a reavaliar as suas localizações. No Reino Unido, por exemplo, a Harrods aventurou-se pelos subúrbios com a abertura da H Beauty, em Essex.

 

Reimaginar as lojas físicas

Com o desaparecimento das lojas que tinham o formato, a dimensão e a localização errados, abre-se uma nova perspetiva para pensar estes espaços. De acordo com a Euromonitor, nos últimos 12 meses, os retalhistas mudaram as suas estratégias e atreveram-se a experimentar outros formatos, como lojas pop-up, store-within-store e até conceitos móveis. A Swarovski, por exemplo, usou o confinamento para redefinir a sua imagem e portfólio de produto, apostando num novo posicionamento, em 2021, que incluiu a abertura de 28 lojas temporárias Instant Wonder, com o objetivo de oferecer aos consumidores uma experiência de compra mais premium e multissensorial.

Lojas pop-up desta natureza tornar-se-ão mais importantes ao permitir aos retalhistas introduzirem espaços mais criativos, focados na marca e virados para a experiência de compra e, em simultâneo, mais flexíveis em termos de aluguer.

 

Retalho físico como suporte aos ganhos no e-commerce

A pesar da pandemia ter polarizado as vendas online e offline, os retalhistas físicos também têm lidado com a pressão adicional nas suas cadeias de abastecimento recorrendo às lojas para abastecer as encomendas online. Alguns converteram com sucesso alguns espaços em dark stores.

No futuro, os microcentros de abastecimento locais serão cada vez mais populares enquanto extensão das lojas existentes. A maior retalhista a nível mundial, a Walmart, está atenta a esta tendência e já indicou ter planos para implementar centros de abastecimento locais en dezenas das suas lojas, em 2021.

 

Lições para os retalhistas

O rápido desenvolvimento do e-commerce, em 2020, mostrou, em última análise, que o retalho físico terá de reavaliar a dimensão, localização e papel dos seus espaços, no futuro. A Euromonitor defende que deverá tornar-se multidimensional, com as lojas a operarem, simultaneamente, como espaços de venda, centros de abastecimento e veículos de branding.

A Covid-19 impulsionou as empresas de todos os tipos a abordar os canais de venda digitais, o que despoletou o aparecimento de muitas parcerias, algumas delas pouco usuais. Esta tendência irá, no entender da consultora, manter-se, pelo que a manutenção de um conjunto de canais tornar-se-á a norma. Contudo, apesar do aspeto, da localização e do papel das lojas físicas estarem a evoluir, o retalho físico continuará a ser o maior e o mais importante canal, globalmente, nos próximos cinco anos. Como tal, será a omnicanalidade, e não apenas o e-commerce, a motivar o crescimento e a recuperação pós-Covid.

As zonas suburbanas e as localidades mais pequenas também oferecem oportunidades, numa altura em que muitos consumidores fogem das grandes cidades e em que o teletrabalho será uma realidade a considerar.

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