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Natal continua a impulsionar categoria dos chocolates

Com o Natal, as prateleiras das superfícies comerciais ficam cheias dos mais variados chocolates. Seja em tabletes, bombons ou calendários do advento, são diversas as ofertas disponíveis aos consumidores numa categoria que continua a apresentar resultados positivos.

Se é verdade que são consumidos durante todo o ano, é inegável que a época natalícia vem potenciar ainda mais o seu consumo. Falamos da categoria de chocolates que, segundo dados da Nielsen, no ano móvel findo a semana 43/2016, registou vendas no valor de 188,1 milhões de euros, o que representa um crescimento de 3% face ao igual período de 2015. 14,2 milhões de quilogramas foram vendidos, mais 1% do que no ano anterior.

Para Pedro Loureiro, marketing group manager da Nestlé, a evolução do mercado nacional de chocolates foi bastante positiva em 2016. “O mercado continua dinâmico e com crescimento em quase todos os segmentos. A forte intensidade promocional por parte da maioria dos fabricantes e clientes leva a que os consumidores estejam hoje muito mais atentos às promoções. O consumo per capita continua em torno de 1,5 quilogramas. Continua a ser um valor muito baixo quando comparamos com o Reino Unido (11 quilogramas per capita) ou a Suíça (10 quilogramas per capita)”, explica.

Novos hábitos
A mudança de hábitos alimentares dos portugueses apresenta-se também como um fator de relevância para o mercado. Se o aumento desta tendência poderia significar uma preocupação para os operadores, estes têm outra visão sobre o assunto. Pedro Loureiro demonstra que há espaço para tudo. “O bem-estar pessoal é atingido com um equilíbrio perfeito entre um estilo de vida saudável e momentos de indulgência ou recompensa. É nesta área mais emocional e de prazer que o chocolate desempenha um papel muito importante e que continua a ser uma das categorias preferidas dos portugueses para este papel fundamental de equilíbrio”. Também Manuela Tavares de Sousa, CEO da Imperial, que detém marcas como Regina, Jubileu e Pintarolas, destaca as oportunidades que este novo estilo de vida traz para a categoria. “A Imperial tem investido e inovado nos produtos premium, incluindo a vertente dos benefícios para a saúde, inclusões exóticas e sabores inovadores. Os chocolates com alto teor de cacau, as propostas de categoria ‘free’ e os chamados chocolates ‘éticos’ (totalmente naturais, certificados e com adoçante natural) são uma grande aposta da Imperial. Enquadrando os seus produtos no conceito de saúde e bem-estar e de benefícios, a Imperial procura atender à multiplicação de consumidores que procuram uma dieta saudável. Por exemplo, a pensar nas sobremesas de chocolate que não possam ser consumidas por diabéticos ou até mesmo no baixo consumo calórico que tantas pessoas procuram, propõe a gama Pantagruel Stevia. Trata-se de um chocolate original com 0% de adição de açúcar e adoçado com stevia, uma planta cuja folha é um adoçante 100% natural e sem calorias”, declara.

A Jerónimo Martins Distribuição (JMD) detém a representação exclusiva para Portugal de várias marcas na categoria de confeitaria. No mercado de chocolates, distribui marcas como Lindt, Merci, Baci e Quality Street, assinalando a sua presença em três segmentos distintos: tabletes, bombons e figuras. “Ao longo do ano de 2016, assistimos a novas tendências na categoria. A JMD, em conjunto com as suas representadas, acompanha as necessidades do consumidor português e procura dar resposta, contribuindo assim para o desenvolvimento da categoria como um todo. Começamos por destacar a crescente preocupação dos portugueses com hábitos de alimentação saudável e com os níveis de açúcar utilizados em todas as categorias da indústria alimentar. A Lindt estreou em Portugal duas novas receitas sem açúcar para tabletes de 100 gramas de chocolate de leite e negro, uma oportunidade de mercado”, afirma José Paulo Louro, brand manager da JMD.

Tabletes são as preferidas
Verónica Izquierdo, brand manager da categoria chocolates para a Mondelez Portugal, destaca as tabletes de chocolate e o chocolate de leite como os preferidos dos portugueses. “O mercado de tabletes representa 38 milhões de euros até agora e está a crescer cerca de 1,8% face ao ano anterior. O chocolate preferido dos portugueses continua a ser o chocolate de leite”.

À semelhança do que acontece noutras categorias também nos chocolates a inovação é essencial, mais ainda quando se trata de uma das maiores companhias a nível mundial. A gigante internacional Mondelez representa marcas como Toblerone, Cadbury e Milka. “Para a Milka, a inovação é fundamental para satisfazer os consumidores que são cada vez mais exigentes e procuram novos produtos. Por isso, estamos conscientes da importância do investimento em I+D para continuar a crescer e diferenciarmo-nos no mercado. Embora exista uma tendência em torno de estilos de vida mais saudáveis, o chocolate é um produto de impulso que continua a atrair os consumidores”, acrescenta.

Com uma oferta muito variada, a Milka lançou este ano dois novos produtos: o Milka Triple, um produto com três texturas diferentes, líquida, cremosa e crocante, numa só tablete; e uma nova tablete de grande formato com uma combinação de chocolate Milka com caramelo, amendoim e arroz tufado.

Aumento do preço das matérias-primas
À semelhança do que aconteceu no ano passado, o progressivo aumento do preço de matérias-primas, como o cacau, tem dificultado a comercialização de chocolates. “Nos últimos anos, tem-se assistido a uma tendência de subida do preço do cacau, que é motivada pelo aumento da procura em vários países emergentes, como a China e a Índia, entre outros. Por outro lado, os consumidores nacionais estão muito sensíveis aos preços, devido à estagnação económica, o que obriga os operadores do sector a limitar ao máximo as suas margens de comercialização para não impactar de forma significativa o consumo”, explica Manuela Tavares de Sousa.

Os supermercados continuam a ser o ponto de venda preferido dos portugueses, com 66% do total das vendas realizadas no período analisado, de acordo com os dados da Nielsen. Seguem-se os hipermercados (28%) e o comércio tradicional (6%). Em termos de áreas geográficas, a área da Grande Lisboa e a área III Norte representam mais de metade das vendas feitas no universo estudado (52%).

Carga fiscal restringe a capacidade de consumo
Apesar do período de crise que afetou algumas áreas de produtos, o consumo de chocolate não teve uma variação negativa. Este é o entendimento de Manuel Barata Simões, secretário-geral e porta-voz da Associação dos Industriais de Chocolate e Confeitaria (ACHOC). Os chamados os bombons, os pralinés, registaram uma subida ligeiramente superior às restantes categorias. Também o chamado chocolate negro tem vindo a crescer. 


Não obstante, o consumo per capita do chocolate em Portugal é o mais baixo da Europa. “Registamos um consumo a rondar os 1,7 quilogramas ao ano, o que é muito inferior, por exemplo, ao de Espanha, onde excede os 3,5 quilogramas ao ano, ou de Itália ou França, a passar os quatro quilogramas. A Grécia acompanha os consumos médios de Espanha. Outros países, como a Alemanha, o Reino Unido ou os países nórdicos rodam os nove a 12 quilogramas anuais. Mesmo os países da Europa Central ultrapassam os valores do consumo individual anual entre nós”, detalha Manuel Barata Simões.

Este indicador tem registado um lento crescimento. “Os mitos ainda associados ao chocolate e, sobretudo, a carga fiscal a que está sujeito restringem a capacidade de consumo”. 
Além disso, o aumento progressivo do preço das matérias-primas tem sido prejudicial à comercialização de chocolates no país, apesar do esforço por parte dos produtores para limitar esses efeitos. “Esperamos também que da parte da distribuição haja alguma colaboração na contenção desses efeitos sobre a capacidade, e desejo, dos consumidores. Preços mais altos são uma forte limitação ao consumo, do que afinal ninguém tira benefício. O que defendemos, como associação do sector, é uma política ‘win/win’”.


Cada vez mais o chocolate é reconhecido pelos seus méritos e benefícios. “A sua matéria-prima de base é o cacau, produto vegetal cuja composição é bastante nutritiva e com excelentes efeitos para a saúde”, sublinha o secretário-geral da ACHOC. 
 Para motivar o consumo, os fabricantes recorrem à inovação, tanto nas composições criativas do produto, como nas diversas apresentações do “packaging”. Neste âmbito, destaca-se o surgimento de composições mais adaptadas a casos ou necessidades especiais dos consumidores.

Este artigo foi publicado na edição 42 da Grande Consumo.

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