Não deixemos de pedalar!

Antonio Flores, CEO da Loop

Estamos a receber o impacto da primeira semana deste novo contexto de incerteza gerado pelo coronavírus, em que a minha primeira conclusão é que, obviamente, vemos hoje o panorama como complexo e confuso. Mas, de qualquer das maneiras, e como em tudo nesta vida, de um modo ou outro, iremos entrar numa certa normalização e resiliência das pessoas com o ambiente. Na minha opinião, recorrendo à teoria da inovação, encontramo-nos perante  aquilo que se conhece como um verdadeiro “cisne negro”, que nos obriga a evoluir e a adaptarmo-nos a uma nova realidade.

Quando superarmos esta crise sanitária, o ambiente será diferente da situação de partida, onde algumas tendências já detetadas anteriormente irão acelerar no seu impacto e irão surgir novos atores e cenários. Não será só um “como dizíamos ontem”. Todos os níveis que superamos não vão ficar sem efeito. Vivemos outros cisnes negros na crise de 2008/2009 ou no 11 de setembro. Todos estes acontecimentos marcaram um antes e um depois em muitos aspetos para as pessoas, a sociedade, a economia e, consequentemente, para as empresas. Estou convencido de que estamos, de novo, perante uma circunstância que não vai devolver-nos à casa de partida e que nos obriga, a todos, a identificar a nossa nova posição e os novos “sistemas de ancoragem de segurança” que ela gera. É o facto de os enfrentarmos que nos irá devolver a segurança, não a situação da mudança em si mesma.

Para além de pretender medir as consequências ou prever possíveis cenários, obviamente fora de um contexto sanitário que nos dominou em absoluto, a atualidade exige-nos refletir sobre o que ficará desta “crise do coronavírus” e que, neste sentido, repercutirá nos modelos de negócio de todos os sectores, potenciando-os ou deixando-os obsoletos de forma acelerada, sob uma visão pragmática e de curto prazo, mais além de um dado fundamental que é a duração da crise (o que ocorreu nos primeiros países impactados, como a China, dá-nos pistas da sua durabilidade). Dentro deste cenário, e para continuar a alimentar este espírito de reflexão e entregar um certo otimismo, creio que nunca é de mais felicitar-nos por algumas coisas que se observaram estes dias: entrámos, de um dia para o outro, num ambiente de trabalho à distância (naqueles casos em que era possível) com que já estávamos familiarizados, mas que colocou à prova equipas e processos, confianças e relações, tudo isto com uma notável normalidade e agilidade. Alguém, há algumas semanas atrás, achava isto possível?

Confiemos nas pessoas: o ambiente informativo não é, a priori, favorável para a concentração nem para a calma, já que somos bombardeados de maus augúrios. No entanto, abstraindo-nos do futuro incerto, o melhor que podemos fazer no presente ambiente profissional é confiar em nós mesmos, nas nossas equipas, no nosso trabalho e em tudo aquilo que fizemos muito bem no passado e que, sem dúvida, nos irá beneficiar no presente. Mantenhamos a calma e a concentração o tempo todo, somos nós quem tem que sair desta crise, mais ninguém nos tirará dela. Uma catedral constrói-se tijolo a tijolo. Não fiquemos obcecados com “o dia de amanhã”, só com o passar do “dia-a-dia” sairemos desta situação. Sejamos empáticos e compreensivos com nós próprios, com as nossas equipas e clientes, não exijamos compromissos que hoje pareçam uma montanha, ofereçamos tranquilidade, segurança e assertividade com o que estava acordado. Partilhemos esta vontade de seguir em frente. Hoje, mais do que nunca, potenciemos o custo de oportunidade. Já passámos por situações idênticas. Obviamente, vamos enfrentar coisas novas e desconhecidas, mas outras já as vivemos na crise de 2008/2009. Não pensemos que nos vamos destruir, mas também que nada nos irá impactar. Fiquemos preparados para, quando recebermos algum impacto no nosso dia-adia e nas nossas rotinas, sejamos capazes de contextualizar as coisas. Sabemos (de alguma maneira) o que nos espera e podemos fazer por o enfrentarmos, este é o momento de colocar o que aprendemos no passado em valor, “não tropecemos duas vezes na mesma pedra”. A nossa aprendizagem e o nosso dia-a-dia em consultoria de negócio dizem-nos que de todas a situações surgem novas oportunidades. Para além deste tópico, tenhamos uma atitude proativa em poder identificá-las, ainda que estejamos confinados a um contexto estranho, de nada nos serve queixarmo-nos.

Devemos continuar a pedalar para que a bicicleta não caia!

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