Maia Pedro e Rui Santos juntaram-se para criar a SELZA. Foi nos Estados Unidos que os dois amigos descobriram o fenómeno das hard seltzers – água com gás, álcool e sabor a fruta – e, enquanto consumidores preocupados com o impacto das bebidas alcoólicas na sua saúde, decidiram criar a sua própria fórmula e trazer este conceito para Portugal. Do processo de produção em casa a um laboratório profissional, chegaram à receita da Selza. Numa altura em que as pessoas estão mais atentas aos ingredientes que compõe as bebidas e produtos que consomem, os fundadores da SELZA abordam como projeto pretende tornar o consumo de álcool menos prejudicial para a saúde dos portugueses.
Grande Consumo – Como nasceu a SELZA? Qual é a história por detrás do nome e do conceito desta marca portuguesa?
Maia Pedro – A ideia da SELZA surgiu numa viagem aos Estados Unidos, onde os meus primos nos deram a conhecer as hard seltzers, uma bebida que já se tornou fenómeno no país. Quando regressámos a Portugal, começámos a analisar o mercado e verificámos que não existia nenhuma bebida com estas caraterísticas. Por isso, decidimos começar a colocar os conhecimentos que tínhamos da licenciatura em biotecnologia em prática. Da nossa cozinha, passámos para um laboratório e, dois anos depois dos atrasos e entraves da pandemia, lançámos a SELZA.
O nome escolhido está conotado à bebida e foi selecionado por ser fácil de pronunciar e poder ser compreendido e utilizado além-fronteiras.
GC – Porquê hard seltzers? São os aspetos relacionados com a saúde, o gosto, o seguir da tendência, ou todos juntos?
Rui Santos – São todos esses fatores. O consumidor português tem necessidades, gostos e características cada vez mais específicos, às quais quisemos dar resposta, ao criar uma bebida sem glúten, vegan, sem corantes ou edulcorantes, com apenas 75 quilocalorias por lata, com ingredientes 100% naturais e 100% nacional.
GC – Hard seltzers são um conceito ainda pouco conhecido no país. Como tem respondido o mercado português a esta novidade?
MP – O feedback do mercado português tem sido bastante positivo. As pessoas dizem-nos mesmo que fazia falta um produto deste género: leve, natural, menos prejudicial para a saúde e que vai ao encontro das suas preocupações e ideologias.
“As pessoas dizem-nos mesmo que fazia falta um produto deste género: leve, natural, menos prejudicial para a saúde e que vai ao encontro das suas preocupações e ideologias”
GC – Como é o processo e, em geral, o que está envolvido no fabrico de hard seltzers?
RS – A verdade é que chegar até à SELZA não foi fácil, porque estávamos empenhados em criar um produto do qual nos orgulhássemos e fosse uma boa inovação para o mercado. Não queríamos ser só mais uma bebida, mas sim a bebida de eleição do consumidor português, consciente e preocupado em saber o que consome.
Desta forma, criámos uma água gaseificada com baixo teor de calorias e de carboidratos. O álcool da nossa hard seltzer é obtido através de um açúcar simples (cana de açúcar), com uma levedura de alta atenuação para criar uma bebida alcoólica pura. Ao contrário da cerveja, que geralmente é feita pela fermentação da cevada maltada (um carboidrato complexo). Normalmente, as hard seltzers têm muito pouco ou nenhum carboidrato ou açúcar residual, tornando-se uma alternativa mais leve e saudável à cerveja, vinho.
GC – Quais são os benefícios de se beber hard seltzers versus outras bebidas alcoólicas, como cerveja, vinho ou gin?
MP – No que diz respeito à SELZA, as vantagens são o número reduzido de calorias, a bebida ser 100% natural e só possuir açúcares naturais, uma vez que as opções mais light, no sector de bebidas, costumam conter adoçantes na sua constituição.
GC – Quantas variedades tem a SELZA disponíveis nas prateleiras? Como foi feita a seleção dos sabores?
RS – Neste momento, a SELZA está disponível em dois sabores: lima & hortelã e manga. O sabor de limã hortelã é mais neutro com que os portugueses estão mais familiarizados, pelo que pensámos que seria uma aposta segura. Por outro lado, decidimos apostar em algo mais exótico e considerámos que a manga seria a escolha certa.
GC – Têm planeado algum lançamento para 2021?
RS – Estamos a testar novos sabores e, em princípio, teremos novidades até ao verão.
GC – Onde são fabricados os produtos da SELZA?
MP – A SELZA é fabricada em Portugal, sendo que este sempre foi um dos nossos objetivos.
GC – Como são selecionados os ingredientes a serem incluídos? Concentram-se em ingredientes de origem local? Quais são os desafios?
MP – A ambição da SELZA ser uma bebida totalmente nacional foi, sem dúvida, um desafio. Compramos os ingredientes utilizados na produção a fornecedores locais, que os adquirem em Portugal.
“A ambição da SELZA ser uma bebida totalmente nacional foi, sem dúvida, um desafio. Compramos os ingredientes utilizados na produção a fornecedores locais, que os adquirem em Portugal”
GC – A marca nasce com o ambiente de consumo transformado pela pandemia. Como é que esta nova realidade alterou a estratégia de lançamento?
RS – Acreditamos que uma bebida desta tipologia já era necessária, há mais tempo, no mercado nacional, mas é notório que a pandemia fez as pessoas focarem-se na sua saúde e a SELZA acaba por ser a opção que vai ao encontro dos seus ideais e preocupações.
GC – Onde é que se pode encontrar a marca SELZA? Está nos planos da marca entrar nas lojas especializadas e na grande distribuição?
MP – Já estamos presentes em alguns restaurantes, bem como em algumas mercearias. Além disso, os consumidores da SELZA também a podem encontrar à venda no nosso site, no Dott, Uber Eats e Bolt Food, sendo que, no último, está a decorrer uma promoção de lançamento de 50% de desconto. No futuro, idealizamos crescer, chegar a novos pontos de venda e estar cada vez mais perto dos fãs da SELZA.
GC – O packaging sustentável também é uma preocupação para a SELZA?
RS – Sim, sem dúvida. Uma das nossas preocupações é a sustentabilidade em torno da SELZA, para que o produto que vendemos não comprometa o mundo em que vivemos, ou prejudique a naturalidade que pretendemos promover na dieta e dia-a-dia dos nossos clientes. Desta forma, optámos por comercializar a SELZA em latas de alumínio, tendo em conta que a reciclagem deste material acarreta menores custos e reduz a emissão de CO2, quando comparado com o vidro.
GC – Está prevista a internacionalização da marca? Em que mercados vão apostar?
MP – Pensamos em levar a SELZA a outros mercados, mas primeiro queremos conquistar e consolidar o mercado nacional.
GC- Que previsões fazem para 2021, tanto a respeito da marca SELZA como da categoria hard seltzers?
RS – Acreditamos que, até ao final de 2021, vão surgir novas bebidas desta tipologia, no entanto, esperamos ser a hard seltzer de eleição dos portugueses.