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Mulheres ocupam apenas 13,9% das direções gerais das empresas e 16,2% dos conselhos de administração

Direções de recursos humanos e marketing/comunicação são as que mais aumentaram a presença feminina nos últimos 5 anos

Foto: Shutterstock

Quanto maior é a responsabilidade dos cargos nas hierarquias das empresas, mais reduzida é a presença de mulheres que desempenham esses cargos. A presença feminina em cargos de decisão diminui também nas empresas de maior dimensão.

De acordo com o estudo da Informa D&B, “Presença feminina nas empresas”, relativo ao final de 2022, os empregados do sexo feminino são cerca de 2,9 milhões, representando cerca de 42% do total. Mas nos cargos de decisão, que incluem sócios, acionistas, cargos de gestão e direção executiva, a percentagem de mulheres é de cerca de um terço do total destes cargos (34%) e, em cargos de liderança, apenas 26,9% é ocupado por mulheres.

Os números são ainda menores quando considerados os cargos de topo, como a direção geral e os conselhos de administração. Apenas 13,9% das funções de direção geral é desempenhado por mulheres, uma percentagem que é de 16,2% nos lugares de conselhos de administração.

 

Empresas cotadas têm a evolução mais expressiva

As empresas cotadas são as que registam uma evolução mais expressiva da presença de mulheres, provavelmente fruto da diretiva europeia segundo a qual os conselhos de administração destas empresas terão de incluir 40% de mulheres, até 2026. Em Portugal, a presença feminina na gestão das empresas cotadas (órgãos de gestão, administração e gerência) mais que quadruplicou na última década, passando de 5,7%, em 2011, para 25,5%, em 2022, uma percentagem ainda longe dos 40% determinados pela diretiva europeia.

Igualmente por pressão legislativa, há uma diferença entre as empresas públicas e privadas. No sector empresarial do Estado, composto por 289 empresas, 17% das empresas tem equipas exclusivamente masculinas, 2% exclusivamente femininas e 81% de equipas mistas. No sector privado, as 354 mil empresas têm 39% de equipas exclusivamente masculinas, 5% exclusivamente femininas e 55% mistas.

De acordo com Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, “a presença feminina no mercado de trabalho, para além de representar mais de 40% do total, é cada vez mais qualificada, fruto de uma grande evolução em termos de preparação académica. É, no entanto, uma evolução que não está a ter correspondência no número de mulheres que ocupam cargos de gestão e liderança; com este estudo, a Informa D&B pretende contribuir para uma evolução que, apesar de lenta, mostra alguma consistência”.

Presença feminina diminui com a dimensão e antiguidade das empresas

A presença feminina em cargos de gestão é menor nas empresas de maior dimensão, apesar de ter crescido ligeiramente nos últimos cinco anos. Nas microempresas, há 30% de mulheres a ocupar cargos de gestão, uma percentagem que vai descendo para os 22% nas pequenas empresas, para os 20% nas médias empresas, até aos 17% nas grandes empresas.

Em termos de liderança, a tendência é semelhante. Ou seja, apesar de ter aumentado nos últimos anos em quase todos os sectores, encontra-se bastante longe da paridade. Enquanto nas microempresas 28% da liderança é feminina, tal só acontece em 9% dos casos nas grandes empresas.

Embora com diferenças menos significativas, existem também menos mulheres a liderar as empresas com maior antiguidade. Nas empresas jovens, 28,2% é liderado por mulheres, percentagem que desce para os 27,2% nas empresas adultas e para os 24,6% nas empresas maduras, com mais de 20 anos de idade.

Em todos os cargos de direção executiva, se verificou um aumento da percentagem de mulheres nos últimos cinco anos. A grande maioria (71%) destes cargos é ocupada por homens, com apenas duas áreas a registarem uma maioria de mulheres: a direção de qualidade/técnica, com 59% de mulheres, e a direção de recursos humanos, com 58%. Esta última direção, em conjunto com a direção de marketing/comunicação foram aquelas que registaram um maior aumento da presença feminina desde 2017, respetivamente 4,9 e 4,5 pontos percentuais.

Na totalidade do mercado de trabalho, três setores têm uma maior percentagem de empregados do sexo feminino: serviços gerais (70%), alojamento e restauração e retalho, ambos com 53%. É também nestes três sectores que se encontram as maiores percentagens de mulheres em cargos de gestão. No entanto, nenhum caso atinge a metade, ficando na sua maioria abaixo de um terço.

Empresas com liderança feminina têm maior presença feminina

As empresas lideradas por mulheres têm, entre os seus colaboradores, uma percentagem de mulheres superior às empresas lideradas por homens. Além disso, as empresas lideradas exclusivamente por mulheres apostam maioritariamente em equipas de gestão mistas.

No caso de empresas lideradas por homens, a maioria das equipas de gestão são compostas exclusivamente por homens.

A igualdade de género é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável proclamados pelas Nações Unidas na sua Agenda 2030. Esta agenda compromete as empresas a assumir medidas que encorajem e levem à prática uma mudança substancial neste tema, que serão um critério com um peso cada vez maior nos critérios de avaliação das suas competências e desempenho nas áreas ESG: ambiental, social e económica.

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