O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), ciente da necessidade de racionalizar o uso da água nas atividades agrícolas, avançou com um projeto de implementação de sensores para a medição dos valores de humidade e temperatura do ar, com o objetivo de monitorizar o clima e tornar a rega mais eficiente.
Georreferenciados e estrategicamente colocados por toda a região, os sensores instalados pelo IVDP norteiam-se pelo conceito Internet of Things e “operacionalizam um serviço de dados geográficos, incorporando e disponibilizando informação periódica de temperatura e humidade, obtidas em tempo real”, explica Gilberto Igrejas, presidente da instituição, acrescentando que “os elementos informativos obtidos serão essenciais para regular as atividades de rega e apoio a tratamentos de viticultura dentro do perímetro da região demarcada”.
O serviço será integrado no Portal do Viticultor, possibilitando a consulta sobre os dados geográficos nas parcelas que estão sob a sua alçada.
Seca moderada
Segundo dados do mês de janeiro, a região do Douro encontra-se em seca moderada. Apesar da região apresentar algumas características, em termos geomorfológicos e orografia, que podem ajudar a minorar os efeitos das alterações climáticas, é também verdade que os solos xistosos onde estão plantadas as vinhas têm pouca capacidade de retenção de água. “O que estamos a fazer é antecipar a resposta a um problema que se pode colocar a médio prazo, uma vez que secas severas representam um perigo para os ciclos vegetativos posteriores”, considera Gilberto Igrejas.
Outra medida já tomada pelo IVDP, no âmbito do projeto Hackathon Douro & Porto 2021, iniciativa de natureza técnico-científica organizada pelo instituto, foi a implementação de um método que veio permitir explorar as correlações entre os potenciais hídricos e diversos tipos de dados edafoclimáticos,e outros, que permitam, de alguma forma, estimar o potencial hídrico em determinada exploração.
Para o presidente do IVDP, o caminho a seguir na vitivinicultura do Douro face às alterações climáticas passa “por colocar a ciência ao serviço da agricultura, racionalizando-se procedimentos e provocando uma mudança de práticas”. No interesse do futuro da região, “temos de defender uma práxis que permita atingir os patamares estabelecidos na Lei da Água, promovendo a sustentabilidade, porque o futuro da região também passa por estes aspetos avaliados de forma integrada”.