Os Ómega-3 são ácidos gordos essenciais reconhecidos pelos importantes benefícios que têm para a saúde, tais como a melhoria da saúde cardiovascular, diminuição de inflamações, melhoria da função cognitiva e um melhor desenvolvimento neurológico e visual. Nesse sentido, a indústria alimentar tem vindo a aumentar o interesse no enriquecimento de alimentos com ácidos gordos essenciais Ómega-3.
No entanto, um dos principais problemas associados à adição destes compostos aos produtos alimentares é a elevada taxa de oxidação dos mesmos, que acaba por afetar a qualidade dos alimentos e promove o desenvolvimento de propriedades organoléticas negativas, tais como o desagradável sabor a ranço, que contribuem para reduzir a aceitação pelos consumidores.
A solução criada pelos investigadores do Grupo de Processamento Alimentar do INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia para esse problema foi a encapsulação do Ómega-3 através do método de nano-emulsificação com lactoferrina, uma proteína do leite, como surfactante natural.
Os resultados mostraram que as nano-emulsões, com um tamanho de cerca de 200 nm, são estáveis a 4°C durante 70 dias, apresentando uma libertação reduzida no estômago e uma libertação superior no intestino delgado, contribuindo para aumentar a biodisponibilidade do Ómega-3. Além disso, observou-se que as nano-emulsões podem ser utilizadas com 12,5 μg.mL -1 de ácidos gordos essenciais Ómega-3 encapsulado, sem afetar a viabilidade celular.
Esta abordagem demonstra a capacidade de encapsulamento à nano-escala como uma forma eficaz e segura de fornecer Ómega-3 ao organismo humano, bem como a possibilidade de utilizar esta técnica para encapsular diferentes compostos bioativos lipofílicos.