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Inflexão das expectativas após vários semestres de queda antecipam fase de melhoria económica

Foto Shutterstock

A terceira edição do relatório “Clima de Negócio e Económico” da Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP) indica que os líderes de alguns dos principais grupos económicos a operar em Portugal antecipam que 2023 possa resultar num clima de estabilidade económica, com ligeira redução de atividade para o país e de ligeiro aumento para os seus negócios, depois de um ano marcado pela incerteza causada pela guerra na Ucrânia e todas as suas consequências ao nível dos custos de energia e inflação generalizada, bem como pelo impacto da subida das taxas de juro.

Conclusões que podem estar em linha com as recentes previsões apresentadas pelo Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia, que revêm em alta o crescimento previsto pelo Governo para Portugal em 2023, de 1,8% para 2,6% e 2,4% respetivamente, valores que consubstanciam uma queda face ao forte crescimento de 6,7% verificado em 2022, mas ainda assim mantendo-se em território positivo.

O divulgado tem como base a avaliação feita pelos inquiridos, que pontuaram o atual cenário classificando-o entre 2 (crescimento acelerado >6%) a -2 (redução acentuada) e para o qual 0 corresponde a estável.

 

Alteração de tendência

Após dois semestres com as expectativas a seis meses, quer para o negócio próprio, quer para a economia nacional, a ficarem sempre abaixo dos valores para o momento atual, os inquiridos perspetivam agora a alteração para uma tendência de estabilidade para o próximo semestre, no que pode antecipar a passagem de um cenário de contração para um cenário de estabilidade.

Quando comparada a evolução das expectativas a seis meses, há uma clara inversão de tendência, pese embora a comparação da expectativa a seis meses com o real de hoje recomende ainda alguma cautela. Isto é, depois das expectativas a seis meses para o próprio negócio terem caído de 0,63 para 0,25, passam agora para 0,47. Mas quando comparada a expectativa a seis meses de 0,47 para o próprio negócio, revela uma ligeira redução face aos 0,53 verificados agora.

Os diferentes aspetos avaliados, quer para o negócio e para a economia nacional, indicam uma convergência generalizada entre a situação atual e as expectativas a seis meses.

 

Piores cenários afastados

Merece destaque o comportamento do emprego e do investimento no próprio negócio das empresas, que assinala uma evolução positiva face há seis meses. As expectativas a seis meses revelam ainda alguma cautela, mas parecem afastar os piores cenários esperados em outubro passado, quando se antecipava que 2023 poderia ser um ano de travagem económica na generalidade das economias avançadas.

Pelo contrário, para a economia mantém-se uma expectativa de aceleração de alguma redução do emprego, com o investimento a manter a tendência de ligeira redução.

Os líderes da Associação BRP mantêm uma expectativa de redução da contribuição das vendas nacionais para o seu crescimento e até uma aceleração da ligeira redução do mercado nacional, enquanto perspetivam uma estabilização da procura externa quer para os seus negócios, quer para Portugal.

“Os piores cenários que se perspetivavam na segunda metade de 2022 parecem hoje estar afastados, com os líderes da Associação BRP a esperarem um crescimento moderado e a recuperação do investimento e emprego nos seus negócios, pese embora para a economia nacional as expectativas sejam de ligeira desaceleração. São em momentos como estes que temos de acelerar o ritmo das reformas para acelerar o crescimento da economia como um todo”, refere Pedro Ginjeira do Nascimento, secretário-geral da Associação BRP. “Acreditamos que essa resposta terá de passar por Portugal ter mais grandes empresas, pois são estas as que conseguem produzir mais e criar mais riqueza, pagar melhores salários, investir mais, proporcionar maior bem-estar social e contribuir mais para o crescimento sustentável do país. Para isso, é preciso criarmos melhores condições para que as pequenas e médias empresas possam crescer e tornar-se grandes e globais, nomeadamente, profissionalizar o governance, apoiar e acelerar a globalização das médias empresas, procurar canalizar os fundos públicos para fomentar a consolidação e reestruturações que permitam ganhos de escala e produtividade e apostar em empresas com crescimento acelerado e com potencial para serem grandes e globais”.

 

Inflação destaca-se como principal risco

O relatório avalia ainda os fatores de risco que os gestores acreditam virem a impactar os seus negócios e a economia. Do lado das empresas, a inflação passa a ser considerada o maior risco, seguindo-se do conflito entre a Ucrânia e a Rússia e da falta de mão-de-obra qualificada. Destacam-se ainda duas subidas significativas da conflitualidade laboral (que passa da oitava para a quarta posição) e da política fiscal (que sobre do 10.º para o sétimo lugar no ranking). Contrariamente, o custo da energia e a logística descem no top 10 dos maiores riscos, passando o primeiro de segundo maior risco para 10.º e o segundo de sexto para nono lugar.

Ao nível da economia, a inflação mantém-se como o principal risco a impactar o cenário económica nacional, ficando à frente da conflitualidade laboral, que subiu quatro posições para o segundo lugar, e do custo de energia, que passou da segunda para a terceira posição. A maior subida do inquérito deu-se com a política fiscal, que cresceu cinco posições, ao contrário do conflito entre a Ucrânia e a Rússia e a falta de mão-de-obra, que sofreram quedas mais expressivas, passando para o fundo do ranking.

 

Top 10 fatores de risco – expectativa a 6 meses

No negócio

1.º Inflação (+2)

2.º Conflito Ucrânia-Rússia (-1)

3.º Falta de mão-de-obra qualificada (+1)

4.º Conflitualidade laboral (+1)

5.º Excesso de burocracia (+2)

6.º Comércio externo (-1)

7.º Política fiscal (+2)

8.º Lentidão da justiça (+1)

9.º Logística (-3)

10.º Custo da energia (-8)

 

Na economia

1.º Inflação (=)

2.º Conflitualidade laboral (+4)

3.º Custo da energia (-1)

4.º Comércio externo (+1)

5.º Política fiscal (+5)

6.º Excesso de burocracia (+2)

7.º Lentidão da justiça (=)

8.º Conflito Ucrânia-Rússia (-5)

9.º Logística (=)

10.º Falta de mão-de-obra qualificada (-6)

 

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