Ásia
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Grave perturbação da atividade económica no Japão

A Crédito y Caución prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão sofra uma contração de 6%, em 2020.

Apesar das amplas medidas fiscais e monetárias para apoiar a economia nipónica, as medidas de confinamento afetaram gravemente os gastos internos e as exportações viram-se prejudicadas pela recessão mundial e pelas perturbações na cadeia de fornecimento. A Crédito y Caución prevê que as insolvências no Japão aumentem 14%, em 2020.

Os principais sectores afetados são o retalho, os transportes e a hotelaria. As empresas orientadas para o comércio externo, em especial de produtos tecnológicos, vão sentir a pressão provocada pela queda na procura.

 

Economia em contração

O surto de coronavírus golpeou a economia nipónica num momento em que esta já mostrava sinais de debilidade. O crescimento das exportações abrandou, em 2019, devido à queda da procura chinesa, aos riscos de protecionismo e à força crescente do yen, que penaliza a competitividade das exportações. Ao mesmo tempo, o aumento dos impostos sobre o consumo, de 8% para 10%, em 2019, impulsionou imediatamente uma subida de preços e reduziu os gastos dos consumidores. Tudo isto conduziu a uma forte contração da economia, no quarto trimestre de 2019.

O governo japonês implementou um pacote de estímulos fiscais equivalente a 20% do PIB. As principais medidas compreendem a entrega de efetivo a todas as pessoas e empresas afetadas, o adiamento do pagamento de impostos e de cotizações para a segurança social e empréstimos com condições favoráveis por parte de instituições financeiras públicas e privadas. Apesar destes estímulos, em 2020, prevê-se que o consumo das famílias sofra uma contração de quase 6%, devido às medidas para travar a propagação do coronavírus, ao congelamento dos salários e ao aumento do desemprego.

A produção industrial sofrerá uma quebra superior a 11%, na medida em que a pandemia colocou à prova a recuperação do sector das TIC. Além disso, os fabricantes de automóveis suspenderam parcialmente a produção, no início de 2020, e a procura de maquinaria e equipamentos deteriorou-se. Prevê-se que as exportações japonesas sofram uma contração de mais de 16%, em 2020.

 

2021

Em 2021, as previsões apontam para um crescimento modesto do PIB de cerca de 2,8%. Contudo, continuam a persistir diversos riscos. Uma pandemia de coronavírus de maior envergadura e duração poderia dar lugar a uma persistente falta de confiança dos consumidores, a uma maior volatilidade dos mercados financeiros e a uma contração ainda mais profunda do crescimento mundial.

Acresce a isto a possibilidade de uma nova escalada nas disputas comerciais entre a China e os Estados Unidos ou o aumento do protecionismo na cadeia de fornecimento asiática, situações que afetariam gravemente o Japão.

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JTI

Guilherme Silva é o diretor geral da Japan Tobacco International na Ibéria