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Escritórios lideram no mercado imobiliário europeu, diz análise da Savills 

O mercado europeu de escritórios deverá alcançar, para o período compreendido entre janeiro e outubro, um valor de 60 biliões de euros. Este valor representará 32% do total do mercado imobiliário europeu, abaixo da média de 35% dos últimos anos. A previsão é apresentada numa recente análise da Savills ao cenário imobiliário europeu.

A consultora imobiliária internacional prevê que, até ao final de 2021 e ao longo de 2022, o mercado imobiliário continuará a ser capaz de atrair forte interesse por parte dos investidores. O fortalecimento do mercado deverá ser impulsionado pela intensificação da mobilidade transfronteiriça de investimentos, fruto do levantamento de restrições de combate à pandemia de Covid-19, à abertura de fronteiras e à retoma da atividade turística. “Este retorno progressivo a um sentido de normalidade deverá eletrificar a procura imobiliária na Europa, traduzindo-se no aumento do número de transações e do volume de investimento“, diz em comunicado.

Até ao final do ano, espera-se um volume de investimento total de 270 biliões de euros no mercado imobiliário na Europa, o que significa um aumento de cerca de 15% face ao volume registado em 2019. Assim, 2021 deverá terminar com o quarto maior volume de investimento anual dos últimos seis anos.

É de esperar uma reorientação cada vez mais expressiva da atenção dos investidores, dos segmentos prime para segmentos secundários, de forma a contornar as limitações crescentes ao investimento sentidas no primeiro segmento. Esta transformação deverá abrir caminho ao desenvolvimento de novos padrões de investimento, focados, por exemplo, na recuperação ou requalificação de ativos, com vista à sua adaptação às exigências dos ocupantes e aos critérios dos investidores“.

 

Escritórios

Os números sugerem que o segmento de escritórios poderá estar a perder terreno para outras categorias de produtos, como as soluções residenciais e as propriedades dedicadas à área da logística. Estima-se que o segmento de Living & Care (que engloba propriedades habitacionais e soluções residenciais para a terceira idade) tenha alcançado uma representatividade de 29% do total do mercado imobiliário europeu no final do terceiro trimestre. O sector da logística, no mesmo período, terá conquistado uma parcela de 20% do total desse mercado.

Relativamente ao segmento de arrendamento de escritórios, já é possível verificar um novo ímpeto, em grande medida alimentado por uma maior procura por novos espaços, fruto do regresso aos escritórios e das novas exigências que se colocam aos espaços de trabalho tradicionais, de forma a acomodar as expectativas de colaboradores que estiveram meses em regime de teletrabalho e os requisitos que, cada vez mais, os investidores consideram prioritários, como a sustentabilidade energética das instalações e a dimensão dos escritórios como espaços de promoção de criatividade e desenvolvimento social.

Contudo, à medida que estas novas exigências começarem a ganhar força, poderá observar-se um aumento correspondente dos valores das rendas dos espaços de escritórios que estiverem em linha com os novos critérios de uma procura no contexto do imediato pós-pandemia.

 

Logística

Os retalhistas e os operadores logísticos têm vindo a impulsionar a procura por novos espaços para armazenamento, fortalecendo este segmento. Contudo, a procura tem superado a oferta. No final do segundo trimestre, a taxa de ocupação de espaços logísticos na Europa situava-se nos 95,4%, gerando o aumento dos valores das rendas destes espaços e comprimindo as yields logísticas na Europa.

Por outro lado, deverá verificar-se a continuidade da diminuição da pressão sobre as rendas de ativos do segmento europeu de retalho, com a exceção de zonas em que se registe intenso tráfego pedonal. Nesse caso, os valores das rendas deverão manter-se firmes, à medida que se regista o levantamento de restrições à mobilidade e às viagens internacionais.

 

Residencial

Quanto ao segmento residencial europeu, foi possível identificar uma escassez estrutural de oferta de produtos habitacionais, designadamente nos maiores centros urbanos, o que fez também aumentar os valores das rendas neste segmento imobiliário. A Savills calcula que a média da renda de unidades “multifamily” na Europa tenha aumentado 26%, comparando com a média dos últimos cinco anos.

Por fim, o volume de investimento no sector residencial deverá manter-se elevado, reflexo de uma procura cada vez maior por soluções de arrendamento transversal a praticamente todas as geografias no mercado europeu. A procura ultrapassa a oferta de ativos operacionais, pelo que deverá ser esperado um maior investimento em projetos de desenvolvimento.

 

Terceiro trimestre

No final do terceiro trimestre deste ano, o retalho apresentou-se, de uma forma geral, como o segmento que foi menos capaz de atrair investidores. Contudo, o subsegmento da alimentação, incluindo supermercados e armazéns relacionados com comércio alimentar, registou um nível significativo de procura.

Quanto à logística na Europa, antevê-se o aumento dos valores das rendas, ao longo dos próximos 12 a 18 meses, principalmente em mercados “core”, devido a uma oferta escassa que não consegue ainda corresponder a uma procura crescente. Este segmento regista maiores níveis de crescimento em mercados em que o comércio eletrónico regista maior taxa de penetração, como nos países nórdicos, Países Baixos e França.

Apesar de o segmento europeu de escritórios poder estar a perder terreno para outros segmentos, o preço dos produtos “core” permanece firme.

 

2022

A Savills prevê que o próximo ano começará de forma bastante positiva, beneficiando não só do resultado de algumas operações iniciadas ainda em 2021, mas também da capacidade de investimento acumulada pelos investidores durante o período de pandemia e de restrições à movimentação transfronteiriça de capital.

Tendo em conta estas previsões, o volume de investimento imobiliário, em 2022, poderá mesmo atingir níveis semelhantes aos observados no período anterior à pandemia.

Em Portugal, o mercado imobiliário manter-se-á na mira dos investidores internacionais, com especial destaque para ativos de qualidade localizados em zonas prime. Essa é uma tendência que deverá também ser observada na Europa, com a intensificação da atividade concorrencial, muito devido à escassez da oferta desta categoria de ativos.

À semelhança do que tem acontecido em anos anteriores, o segmento de escritórios manter-se-á como o mais forte e a liderar o crescimento do mercado, embora comece a ser seguido cada vez mais de perto por outros segmentos, como residencial e logística, mantendo a tendência de crescimento que se verificou de janeiro a outubro deste ano.

O segmento de escritórios será sempre um dos mais dominantes e com maior procura institucional. Mesmo após a adoção do remote work como solução complementar ao modelo de trabalho tradicional, o escritório é visto como um espaço fundamental ao bom funcionamento das organizações e estará cada vez mais direcionado para a promoção do bem-estar dos seus utilizadores“, prevê Alberto Henriques, Capital Markets Associate Director da Savills Portugal.

Por Bárbara Sousa

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