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Escândalo financeiro na Toshiba abala o Japão

O escândalo financeiro na Toshiba, que durante anos foi paradigma de boas práticas empresariais, está a abalar fortemente o Japão, nomeadamente ao levantar dúvidas sobre o governo corporativo das empresas nipónicas.

Um documento de 294 páginas escrito por um comité de advogados e contabilistas externos revelou a ineficácia dos sistemas de controlo internos da empresa, que terá tentado inflacionar os seus lucros em mais de mil milhões de dólares. “Levaram-se a cabo práticas contabilísticas inapropriadas e continuadas, ao mesmo tempo e de maneira sistemática em muitas divisões da empresa”, assinala o documento que revela, ainda, que o grupo empresarial necessita de rever em baixa o lucro operacional dos últimos sete anos em 151.800 milhões de ienes. A multinacional japonesa anunciou, no mês passado, uma revisão em baixa do lucro operacional entre 2009 e 2013 de mais de 50 mil milhões de ienes, devido a irregularidades detetadas na contabilidade dos projetos de infraestruturas, mas, de acordo com o comité, a revisão total dos lucros operacionais entre 2008 e 2014 deveria ser o triplo desse valor.

Metade do conselho de administração da Toshiba foi destituído, entre os quais o CEO Hisao Tanaka, no seguimento da revelação pública que altos executivos estavam implicados nestas más práticas contabilísticas nos últimos sete anos. A investigação assinala que Hisao Tanaka enviou e-mails aos gestores da empresa instando-os a manipular os lucros atrasando a publicação dos gastos.

Cerca de metade dos lucros inflacionados identificados pelo comité referiam-se ao ano fiscal de 2012, quando muitas empresas nipónicas, entre as quais Panasonic e Fujitsu, foram pressionadas pela valorização do iene e pelas consequências do tsunami de 2011 e do acidente nuclear em Fukushima.

O escândalo financeiro na Toshiba, cujas vendas anuais ascendem aos 52 mil milhões de dólares, é o maior no mundo empresarial japonês desde o protagonizado pela Olympus em 2011 e está a abalar o país, que está envolvido numa reforma radical do governo corporativo. A Toshiba foi uma das primeiras empresas a aplicar as reformas, incorporando três consultores externos em 2001, numa época em que os conselhos de administração das empresas japonesas eram dominados por veteranos das empresas. Foi elogiada pelos seus esforços e em 2013 ocupava o nono lugar entre as 120 empresas cotadas japonesas com boas práticas de governo corporativo.

No rescaldo do conhecimento público destas más práticas contabilísticas, alguns analistas não esperam que o escândalo tenha impacto significativo sobre as perspetivas de lucros da Toshiba. Outros assinalam que poderá aumentar a pressão sobre a Toshiba para se desfazer de ativos pouco rentáveis.

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