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Mais de 80% das empresas portuguesas não vai repercutir, pelo menos para já, o aumento das tarifas alfandegárias impostas pelos Estados Unidos no preço final dos seus produtos, preferindo absorver o impacto através da redução das suas margens de lucro.
Esta é a principal conclusão de um inquérito realizado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), cujos resultados foram divulgados pelo ECO.
O inquérito flash, realizado entre 4 e 10 de abril e que contou com a participação de quase 300 empresas, revela que apenas 18% das empresas admite recorrer a ajustes de preços e custos como resposta imediata às novas taxas alfandegárias norte-americanas.
Apesar das margens de lucro das empresas portuguesas já serem inferiores à média da Zona Euro, o que lhes confere menos margem de manobra para absorver aumentos de custos, a maioria dos operadores considera essencial manter os preços para não comprometer a sua competitividade no mercado internacional.
Segundo a AEP, “as empresas atuam num mercado global muito concorrencial” e, por isso, é razoável que, numa primeira fase, evitem transferir os custos acrescidos para os clientes.
Falta de estratégia é preocupação adicional
Outro dado preocupante revelado pelo estudo é que cerca de um terço das empresas admite não ter ainda definido qualquer estratégia ou ação imediata para lidar com os efeitos da guerra comercial.
Esta falta de preparação poderá acentuar os riscos de perdas financeiras e quebras de quota de mercado no médio prazo, sobretudo se as tarifas se mantiverem ou se agravarem no futuro próximo.
As novas tarifas alfandegárias aplicadas pelos Estados Unidos surgem num contexto de crescimento das tensões comerciais globais, com impacto direto nos custos das exportações portuguesas para este mercado, que é um dos destinos prioritários de vários sectores nacionais, nomeadamente, agroalimentar, calçado, têxtil e vestuário e máquinas e equipamentos.
A estratégia inicial de absorção de custos poderá, no entanto, não ser sustentável a longo prazo, forçando as empresas portuguesas a repensar as suas abordagens comerciais e operacionais.