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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou um ataque tarifário sem precedentes, impondo taxas a mais de 50 países, numa decisão com potencial para desencadear uma guerra comercial global.
A medida, anunciada no chamado Dia da Libertação prevê uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações e taxas específicas mais elevadas: 20% para a União Europeia, 34% para a China (adicionais aos 20% já existentes), 25% para a Coreia do Sul, um recorde de 46% para o Vietname, 32% para Taiwan, 24% para o Japão, 25% para a Coreia do Sul, 36% para a Tailândia, 31% para a Suíça, 32% para a Indonésia, 24% para a Malásia, 49% para o Camboja, 30% para a África do Sul, 29% para o Paquistão e 17% para Israel, entre outros. Turquia, Colômbia e Reino Unido permanecerão em 10%. Por outro lado, Canadá e México não estão entre os países afetados por esta nova onda de tarifas.
O anúncio foi feito num ambiente de espetáculo nos jardins da Casa Branca, com Donald Trump a justificar as tarifas como uma medida “justa e recíproca”, necessária para combater décadas de “roubo económico” por parte dos parceiros comerciais dos Estados Unidos e responder a um “estado de emergência económica”, visando revitalizar a indústria norte-americana e corrigir desequilíbrios comerciais que, segundo ele, custaram ao país 1,2 biliões de dólares no último ano.
Retaliações já em preparação
A decisão gerou críticas generalizadas. Líderes mundiais classificaram as tarifas como “erradas” e “injustificadas” e a China e a União Europeia prometeram respostas firmes e proporcionais, apesar do secretário do Tesouro dos Estados Unidos avisou que os países retaliadores poderão sofrer ainda mais penalizações.
As autoridades chinesas iniciaram medidas para travar investimentos no mercado norte-americano, aumentando a tensão geopolítica, enquanto a Comissão Europeia debate, nos bastidores, medidas de reação coordenadas.
A resposta dos mercados foi imediata, com as bolsas em queda. O índice europeu Stoxx 600 caiu 1,5%, o Nikkei perdeu quase 3% e os futuros dos Estados Unidos antecipam perdas superiores a 3%.
Custo político e económico da decisão
A Nike surge como um dos maiores exemplos de impacto direto: metade do calçado da marca é produzido no Vietname, país agora sujeito a tarifa de 46%.
A empresa norte-americana já enfrentava pressões devido à redução de vendas e aumento de custos. Estas tarifas agravam ainda mais as suas perspetivas para 2025.
Os economistas alertam que esta ofensiva comercial pode agravar a inflação global, penalizar o poder de compra dos consumidores, gerar recessão técnica nos Estados Unidos e Europa e prejudicar fortemente o comércio internacional.