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Em casa e fora: os efeitos económicos colaterais do trabalho flexível

Imagem Shutterstock

O enorme aumento do trabalho a partir de casa provocado pela pandemia de Covid-19 não atingiu a produtividade tão duramente como os empregadores tinham inicialmente temido. De facto, algumas empresas relatam que ferramentas de trabalho remoto, como aplicações de chat e videoconferência, ajudaram os colaboradores a tornarem-se mais produtivos. Por seu lado, muitos funcionários dizem que não sentem saudades do stress e dos custos da deslocação diária.

Embora as taxas de vacinação estejam a aumentar e a necessidade de distanciamento social esteja a diminuir, ambas as partes estão interessadas em preservar aquilo que veem como formas de trabalho mais eficientes. Isto coloca novas e interessantes questões sobre onde e como vamos trabalhar e viver nos próximos anos.

Esta flexibilidade significativamente aumentada também é suscetível de ter ramificações sociais mais amplas, incluindo uma maior diversidade de trabalhadores, um melhor equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal e maiores agrupamentos de talento, à medida que a localização e a presença no escritório se tornam menos importantes. Os analistas do Barclays identificaram, assim, três tendências na forma como vivemos, trabalhamos e fazemos compras, que podem ter um impacto duradouro.

 

Vida flexível: para muitos, não há volta a dar

É provável que a Covid-19 conduza a uma maior flexibilidade, tanto para os empregadores como para os trabalhadores, permitindo que as pessoas trabalhem quando e onde quiserem, com a semana de trabalho dividida entre a casa e o escritório.

As conclusões de um inquérito Barclays-YouGov mostram que cerca de 60% dos colaboradores esperam trabalhar parcial ou exclusivamente a partir de casa, em comparação com menos de 40% antes da pandemia.

Os empregadores têm duas vezes mais probabilidades de incentivar o pessoal a passar parte da semana a trabalhar a partir de casa, esperando em média que o pessoal trabalhe a partir de casa dois dias por semana.

 

Novos comportamentos dos consumidores

Durante a pandemia, muitas pessoas gastaram menos em serviços, férias, deslocações, restaurantes e bares e, portanto, têm maiores reservas de poupança. Segundo o Barclays, é provável que as gastem na compra (se estivessem anteriormente a arrendar) ou na melhoria das suas casas, o que poderá acompanhar uma maior procura de produtos de bricolage, eletrónica e equipamento de fitness doméstico.

Outra das mudanças esperadas é um aumento do uso de automóvel. As pessoas podem conduzir mais, uma vez que as deslocações mais longas são substituídas por outras mais curtas, mas mais frequentes.

Por outro lado, o maior conforto com trabalho remoto poderá criar uma maior procura de viagens de “bleisure”, à medida que as pessoas combinam viagens de negócios com lazer ou aproveitam a flexibilidade do teletrabalho.

Os escritórios continuarão a ser importantes como locais de encontro para interações sociais, reuniões e formação, em vez dos espaços orientados para o processo e tarefas do passado. Isto é suscetível de exigir novos layouts: mais salas de reuniões, áreas de descanso, espaços de colaboração e áreas de partilha de mesas, juntamente com mesas permanentes para quem não trabalha sob modelos híbridos.

 

Retalho flexível

Em 2020, vários retalhistas fecharam as portas e até os sobreviventes reduziram as suas localizações, à medida que a deriva para o comércio eletrónico foi subitamente acelerada pelo distanciamento social.

Os encerramentos mais severos podem estar para trás, mas ainda há uma mudança significativa na forma como os retalhistas operam. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, mais de metade dos sectores aumentaram a sua quota de gastos online, entre meados de março e finais de abril de 2021.

As lojas físicas tornar-se-ão, então, mais pequenas e assumirão novos papéis: showroom, intensificador de marca, nó de distribuição de última milha. Essas funções requerem diferentes estruturas e locais.

Outras funcionalidades, como comprar online/recolher na loja e usar terceiros para a entrega no mesmo dia também são vantagens competitivas. A presença da loja é, de facto, uma parte tão vital da experiência online que muitos retalhistas descobriram que, quando fecham lojas físicas numa região, podem perder mais de 70% das suas vendas online).

 

Poucas hipóteses de voltar para trás

Um dos maiores efeitos da pandemia tem sido o enorme aumento do trabalho flexível, que é suscetível de ter um impacto duradouro na forma como as pessoas utilizam a sua casa, escritório e lojas. Alguns dos efeitos já são visíveis. Os escritórios nas zonas urbanas começam a ser reutilizados e as lojas de retalho estão a assumir novas funções.

Outros impactos tornar-se-ão evidentes ao longo do tempo, mas é evidente que a flexibilidade e a adaptabilidade serão fundamentais para garantir que os imóveis atendem às necessidades dos particulares e das empresas.

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