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Dificuldades do retalho na abordagem à pegada de carbono

De acordo com o último relatório divulgado pela Crédito y Caución, o retalho enfrenta dificuldades significativas em atuar sobre a sua pegada de carbono, uma vez que esta não é produzida apenas no ponto final de venda, mas em toda a cadeia de abastecimento.

As estimativas contidas no relatório atribuem 25% das emissões globais de gases com efeito de estufa ao sector, embora apenas 2% esteja sob o seu controlo direto.

 

Transição ecológica

De acordo com a opinião dos analistas da Crédito y Caución nos diferentes mercados, não se podem esperar investimentos significativos do sector na transição ecológica nos próximos anos. “O retalho já enfrenta pressões económicas significativas devido à concorrência no comércio eletrónico, ao aumento das rendas dos estabelecimentos comerciais, à falta de confiança dos consumidores e a um contexto de inflação e taxas de juro elevadas”, pode ler-se no comunicado. “Muitos retalhistas não conseguem aceder ao financiamento devido ao recente aumento das insolvências no sector e às suas perspetivas problemáticas”.

Além disso, a cadeia de abastecimento neste sector é extremamente complexa. Os retalhistas terão de trabalhar com os seus fornecedores e clientes para quantificar as suas emissões de âmbito 2 (derivadas da geração da energia que a empresa consome) e de âmbito 3 (todas aquelas que ocorrem no ciclo de vida de produtos ou serviços, a montante ou a jusante na cadeia de valor). A boa notícia é que, à medida que os fabricantes avançam para o uso de energias limpas, os retalhistas também irão ver a sua pegada de carbono diminuir.

 

Oportunidades

Apesar das dificuldades que o sector terá para atuar sobre a sua pegada de carbono, esta redução apresenta algumas oportunidades, como a poupança em custos energéticos e a melhoria da eficiência operacional.

Além disso, os consumidores em todo o mundo estão a incorporar, cada vez mais, a sustentabilidade nas suas decisões de compra, “pelo que os operadores que atuem rapidamente terão uma vantagem em termos de reputação”, indica a Crédito y Caución.
Uma estratégia para reduzir as emissões deste sector passa pela promoção de uma abordagem circular à economia retalhista. A Crédito y Caución espera que, nos próximos anos, os exemplos de “recomércio” cresçam, além do fabrico e venda de itens projetados para serem reparados em vez de substituídos.

A desglobalização deixará também margem para o crescimento de subsectores retalhistas que estão atualmente sob forte pressão do exterior, como os têxteis, os produtos farmacêuticos, as TIC e os brinquedos. À medida que as marcas começam a examinar em detalhe as suas emissões de âmbitos 2 e 3, é possível que também possamos ver mudanças nas cadeias de abastecimento.

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Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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