“O digital não é um destino, mas sim um caminho a ser percorrido”

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Mariana Jota, diretora de estratégia, Mario Martínez-Jurado, CEO e cofundador, e Nacho Guinot, diretor de produto

A tecnologia é, mais do que nunca, um aliado da logística e da distribuição, um dos sectores que a Vonzu considera ainda com tendência para ser tradicionalista e se propõe a modernizar. Mariana Jota, diretora de estratégia da empresa, defende que o digital é um caminho que tem de ser percorrido, ainda para mais quando cada vez mais empresas têm de responder a metas de neutralidade carbónica ou de sustentabilidade nas suas operações. É por esse motivo que, no seu entender, o futuro do sector passará por plataformas como a da Vonzu, que contribuem, através da análise, automação e otimização de processos, para gastos menores de recursos. Surgida em 2018 e presente em Portugal desde 2019, a validade da proposta de valor da Vonzu tem-se traduzido num crescimento anual médio de 300%.

 

Grande Consumo – A Vonzu surgiu, em 2018, para trabalhar a área do retalho, disponibilizando um software para agilizar toda a cadeia de distribuição. Como tem sido este percurso e a evolução do negócio, desde então? 

Mariana Jota – O percurso tem sido muito positivo para nós. Trazemos uma solução que facilmente se adapta às necessidades de cada negócio no sector da logística e distribuição, colmatando uma falha premente. Esta nossa proposta de valor e inovação é refletida no nosso crescimento anual médio de 300%. 

A acrescentar à evolução do negócio, o facto de oferecermos tecnologia altamente flexível tem-nos levado também a desenvolver, a um bom ritmo, a nossa plataforma e as suas funcionalidades. 

 

GC – Que necessidade encontraram no mercado que motivou a vossa criação? 

MJ – Reparámos que havia uma falta de digitalização no sector no seu todo, não é algo que se cinja a uma região ou país. Sentimos que, com o crescimento que se tem vindo a notar do e-commerce, havia mais do que nunca a necessidade de uma plataforma no mercado que descomplicasse as operações logísticas e de distribuição e foi aí que vimos a oportunidade. 

 

GC – De que modo a Vonzu se propõe a modernizar os sectores da logística e do retalho? 

MJ – Este é, tendencialmente, um sector com tendência para ser tradicionalista. A nossa visão, no entanto, é que o digital não é um destino, mas sim um caminho a ser percorrido. A nossa tecnologia vai ao encontro desta filosofia: uma plataforma na nuvem e de rápida integração com qualquer software pré-existente. Um ecossistema fluido, onde é possível unir retalhistas, operadores logísticos e distribuidores. 

A título de exemplo, uma das maiores necessidades para as empresas no sector retalhista é a visão e controlo da operacionalização. Isto força, normalmente, ao recurso a softwares distintos, derivado dos vários operadores com que trabalham. Desta forma, acompanhar o processo de entrega e pós-venda torna-se inerentemente um desafio. Para os retalhistas, implementamos a nossa solução “torre de controlo”, que lhes confere uma perspetiva 360 graus e controlo total sobre o seu negócio através de uma plataforma construída para ser simples e, acima de tudo, intuitiva. Já para as distribuidoras e transportadoras, o maior desafio prende-se com a otimização da sua eficiência e rentabilidade, que está dependente da centralização dos seus vários parceiros e clientes. É aqui que entramos e fazemos a diferença: a Vonzu permite a digitalização e automação destes processos, possibilitando um acompanhamento em tempo real e, por exemplo, a uma otimização de rotas através de um algoritmo desenvolvido “in-house”. Aqui, emparelhamos este controlo com a nossa aplicação móvel usada pelos motoristas. É assim que nos afirmamos enquanto solução pronta a ser utilizada por qualquer empresa ou sector de negócio que recorra a uma operação de entrega própria, ou mesmo subcontratada. 

 

“Reparámos que havia uma falta de digitalização no sector no seu todo, não é algo que se cinja a uma região ou país. Sentimos que, com o crescimento que se tem vindo a notar do e-commerce, havia mais do que nunca a necessidade de uma plataforma no mercado que descomplicasse as operações logísticas e de distribuição e foi aí que vimos a oportunidade”

 

GC – Desde quando estão presentes, em Portugal? 

MJ – Começámos a nossa atividade, em Portugal, em 2019, com uma pequena empresa de estafetas, que acabaria por validar a nossa solução no mercado nacional. Já perto do final do ano seguinte, podemos dizer que cimentámos o nosso negócio no país através de uma parceria com a Leroy Merlin, coincidentemente o nosso primeiro grande cliente retalhista. Foi, inclusive, desta parceria que nasceu a nossa funcionalidade de “torre de controlo”, atualmente uma das nossas mais-valias para a nossa solução ponta-a-ponta no sector. 

Agora, três anos volvidos, contamos com 10 clientes em Portugal – um quarto do nosso leque total – e estes representam cerca de 15% da nossa faturação total. 

 

GC – Com que missão e objetivos a Vonzu aborda o mercado português? 

MJ – Essencialmente, o nosso objetivo principal no mercado português é continuar a crescer, tanto no mercado como na equipa que já começámos a construir localmente. Grande parte da nossa operação ainda é gerida de Barcelona, onde começámos, mas queremos expandir uma fatia dessa gestão para Lisboa. Esta solidificação de negócio envolve um investimento em pessoas e é nesse sentido que estamos a trabalhar, sobretudo, para as áreas de desenvolvimento de software, vendas e apoio ao cliente. 

A nossa ambição, em termos de faturação total para este ano, é que o mercado português supere os 20%. Por acreditarmos no potencial de Portugal, iremos também procurar estabelecer parcerias com várias empresas nacionais, para que nos consigamos afirmar enquanto a melhor solução para os sectores da logística e distribuição no país. 

 

GC – Com quantas empresas já trabalham? 

MJ – Estamos presentes, a nível ibérico, e lidamos com clientes de várias dimensões, contando, de momento, 40 no total. A versatilidade e capacidade de adaptação do nosso software é visível no espectro de clientes que temos. Em Portugal, especificamente, a nossa solução é utilizada por empresas de vários tamanhos, desde grandes retalhistas, como a Leroy Merlin e as Tintas CIN, a PMEs de transporte e distribuição, como a W Transportes e a Elsa Pimenta. Em Espanha, por exemplo, a nossa lista de clientes inclui a BoConcept e a Method Logistics. 

 

GC – Que fatores distinguem as vossas soluções das restantes no mercado?

MJ – Acredito que a velocidade com que conseguimos integrar a nossa plataforma com os softwares já usados pelas empresas nos diferencia. Outro ponto que considero importante para nos destacar é o facto de construirmos uma solução “à medida”, capaz de se adaptar à volatilidade do mercado. Por fim, destaco novamente a simplicidade e intuição que a Vonzu oferece e que sentimos que estava seriamente em falta no sector. 

 

GC – Que ganhos de eficiência são alcançados com a utilização das vossas soluções? 

MJ – A nossa plataforma encarrega-se de automatizar os processos entre os vários intervenientes, por forma a reduzir ao máximo os encargos, custos e quaisquer outros fatores inerentes. 

Um caso de sucesso que registamos é o da Method Logistics, com quem conseguimos reduzir o número total de quilómetros percorridos em 10% e a sua taxa de incidências em 20%, traduzindo-se, consequentemente, num melhor aproveitamento dos seus recursos. 

 

“Para os retalhistas, implementamos a nossa solução ‘torre de controlo’, que lhes confere uma perspetiva 360 graus e controlo total sobre o seu negócio através de uma plataforma construída para ser simples e, acima de tudo, intuitiva. Já para as distribuidoras e transportadoras, o maior desafio prende-se com a otimização da sua eficiência e rentabilidade, que está dependente da centralização dos seus vários parceiros e clientes. É aqui que entramos e fazemos a diferença: a Vonzu permite a digitalização e automação destes processos, possibilitando um acompanhamento em tempo real e, por exemplo, a uma otimização de rotas através de um algoritmo desenvolvido ‘in-house’”

 

GC – Com que expectativas abordam o exercício de 2022?

MJ – As nossas estimativas apontam para que atinjamos um milhão de euros, em termos de faturação total, este ano. A nível nacional, como referido anteriormente, contamos com um crescimento do mercado português que represente os 20% deste total. 

Já em termos de equipa, o essencial, para nós, é consolidar, desde já, a operação em Portugal, com o recrutamento que temos em aberto de momento. Para lá disso, a nossa visão será com base num crescimento sustentado e responsável. 

 

GC – Que importância tem, hoje, a tecnologia no sector da logística?

MJ – A tecnologia é, mais do que nunca, um aliado do sector da logística e distribuição. Com cada vez mais empresas a terem de corresponder a metas de neutralidade carbónica ou de sustentabilidade nas suas operações, parte desse futuro passa por plataformas como a da Vonzu, que contribuem, através da análise, automação e otimização de processos, para gastos menores de recursos: desde papel – o qual o sector ainda utiliza muito – à organização de armazém e, mais diretamente, à diminuição de quilometragem dos seus veículos. 

GC – Quais são os grandes desafios que se apresentam, hoje, à gestão das cadeias de abastecimento? E no futuro? 

MJ – A logística verde, ou o caminho rumo a um sector de logística e distribuição ecologicamente sustentável, é sem dúvida um dos maiores desafios e que requer medidas que vão para além daquilo que a tecnologia pode oferecer. Ainda assim, numa perspetiva mais imediata, acreditamos que já será possível as empresas começarem a investir na renovação das suas frotas, no sentido da sua eletrificação ou, pelo menos, hibridização. 

A médio e longo prazo, consideramos que o essencial será o estabelecimento de parcerias público-privadas entre intervenientes no sector, bem como a adaptação das cidades ao maior fluxo de veículos de entregas, através de um repensar do seu planeamento urbano. 

GC – De que modo se podem construir cadeias de abastecimento mais flexíveis e resilientes? Que contributos pode dar a Vonzu nesse sentido? 

MJ – Acreditamos que a comunicação entre os vários stakeholders é o passo essencial para se construírem cadeias de abastecimento robustas e adaptáveis. É por isso que trabalhamos continuamente no ecossistema da nossa plataforma, por forma a que esta consiga oferecer aos retalhistas e operadores logísticos a integração mais fluida possível e que, por sua vez, permita ao cliente final ter uma experiência de compra simples e eficaz. 

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