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“Dar a conhecer o vinho de forma muito didática”

O projeto “Provas em Casa”, criado pela Aveleda e disponível no Instagram, promete descomplicar a linguagem do vinho através de workshops online gratuitos, em formato LIVE. Os workshops realizam-se todas as segundas, quartas e sextas, pelas 19 horas, em www.instagram.com/provas_em_casa.  Numa altura em que a maioria da população nacional está confinada em casa, Francisca van Zeller, PR Manager da Aveleda, decidiu, em conjunto com outros colaboradores da empresa, criar este ciclo de workshops online gratuitos. O objetivo, para além da partilha de conhecimento, é comunicar o vinho com curiosos e entusiastas, usando uma linguagem simples. Como a utilizada pela própria para explicar esta iniciativa que terá, tudo indica, novos desenvolvimentos no futuro.

 

Grande Consumo – A que se deve a aposta na iniciativa “Provas em Casa”? Com que objetivo foi criada?

Francisca van ZellerDurante esta época em que ficamos confinados à nossa casa, vimos que havia muita gente à procura de novas coisas para aprender e pensámos que podíamos dar a conhecer o vinho de uma forma muito didática. O objetivo é dar a conhecer, de forma a que as pessoas tenham, cada vez mais, uma melhor experiência na degustação do que nos dá tanto prazer produzir, que é o vinho.

 

GC – Como se processam, na prática, estes workshops? Quais serão os temas abordados?

FvZNa prática, os workshops têm a duração de 30 minutos (às vezes estendem-se a 40 minutos) e abordamos um tema em cada sessão. Começámos com os passos básicos da prova de vinho, falámos de forma geral sobre as regiões principais de Portugal e estamos a terminar os estilos de vinho – brancos, tintos, espumantes, vinhos fortificados, rosés. Já abordámos esta semana o tema de harmonizações, com foco em pratos salgados. Os workshops são às segundas, quartas e sextas, às 19 horas.

 

GCPorquê a transmissão destes workshops na plataforma Instagram, uma vez que a marca tem muito mais seguidores, por exemplo, no Facebook?

FvZEstes workshops não estão relacionados com uma só marca, a empresa tem várias: Casal Garcia, Aveleda, Villa Alvor, Quinta Vale D. Maria e Adega Velha. Esta ação não é uma ação de marca, mas, sim, institucional e com o propósito de formar e informar sobre vinho. Claro que nos apoiamos nas marcas que representamos para melhor ilustrar os temas que abordamos e, dada a nossa oferta alargada de vinhos, ao falarmos sobre diversos temas, é natural que se fale nas nossas marcas. O Instagram é uma plataforma que é mais dinâmica que o Facebook, tanto a nível de imagem, como de vídeos (stories) e diretos, e ainda contava com a componente do IGTV para gravar todos os workshops (que infelizmente não funciona com vídeos de 30 minutos nesta fase, creio que tenha a ver com o facto de ser muito pesado para a rede). Vamos ainda avançar para um canal YouTube, de forma a que estejam disponíveis todos os workshops para quem perdeu a oportunidade de os ver.

 

GCComo é que se torna digital algo tão tangível e sensorial como o vinho?

FvZ – O digital é um ponto de contacto de um maior número de pessoas. Já o contacto humano é algo muito particular ao mundo do vinho e acredito que esse espírito nunca há de desaparecer. O de partilharmos um copo de vinho na companhia de quem mais gostamos, com família, amigos, clientes, fornecedores e colegas. No entanto, o formato digital permite-nos contactar com muitas mais pessoas e podemos passar o espírito e as histórias do vinho através deste meio. O digital não impede que se tenha um copo de vinho na mão, ainda que que a experiência sensorial do vinho seja essencial, e, por isso, convidamos a que estejam todos a degustar connosco enquanto realizamos o “Provas em casa”. Mas o vinho é mais do uma experiência sensorial, é uma história e uma origem, é um processo.

 

GC – É importante comunicar marca, sobretudo, num contexto difícil como o presentemente vivido?

FvZ – Sem dúvida. Uma das principais atividades ao longo do ano da área de marketing, relações públicas e comercial da Aveleda é o de promover e dar a conhecer as nossas marcas, através de eventos, feiras, receção de clientes, viagens aos mercados de exportação, contactando com jornalistas, responsáveis do trade, etc. É sempre importante comunicar as nossas marcas. Neste momento, estamos a descobrir um novo canal, que já estava no radar, mas ao qual não dávamos tanta relevância. Estamos num contexto que nos obriga a uma nova adaptação, o que para uma empresa com 150 anos, não é algo novo.

 

GC – Acredita que o vínculo à marca sairá reforçado com este tipo de iniciativas? Como é que este tipo de ações traz retorno à marca? E, sobretudo, como é que se mede o mesmo?

FvZAcredito que este é um canal de comunicação direto ao consumidor, que temos poucas oportunidades de trabalhar ao longo do ano e que, por isso, a marca sairá reforçada. A Aveleda produz vinhos que abrangem desde uma distribuição mais alargada, nas grandes superfícies, com a marca Casal Garcia e Aveleda, até vinhos de nicho, como a Quinta Vale D. Maria, que se encontram em lojas da especialidade e em alguns restaurantes e que, por isso, não chegam a tanta gente. Esta é uma forma de falarmos de todas as nossas marcas a um público mais alargado, oferecendo ainda um contexto personalizado e orientado ao interesse do consumidor. Medimos o retorno através do “insight” das redes sociais, afinal, o mundo digital oferece-nos ferramentas de medirmos o “engagement” da nossa atividade/comunicação. A comunidade tem crescido, os diretos têm um número fixo de assistência e ainda beneficiamos com o feedback que vamos recebendo. Temos sentido que as pessoas estão a reagir bem. Acredito, ainda, que isto trará uma relação de confiança com as marcas da empresa e que isso poderá ser medido mais à frente.

 

GC – Poderá ser uma circunstância a repetir futuramente? As marcas de vinho, ou as marcas em geral, têm que inovar e gerar experiências? Seja no digital ou noutro suporte?

FvZ – O que temos em vista é dar continuidade a este projeto e estudar formas de como é que o poderemos melhorar. Estamos a estudar o canal YouTube do “Provas Em Casa”, vamos oferecer os workshops em duas línguas, pois chegam-nos bastantes pedidos de clientes para que haja conteúdo e informação gráfica sobre as nossas quintas e vinhos. De momento, temos ainda uma nova experiência a decorrer: a Aveleda (marca de vinhos) está a realizar visitas guiadas aos jardins da Quinta da Aveleda, numa série de 10 episódios, às terças e às quintas-feiras, às 16 horas. Já foram feitos, em direto, dois desses episódios. Cada um retrata uma parte diferente do jardim e fala sobre os edifícios e flores que ali se encontram.

 

GC – Mesmo de forma digital, é para si importante levar conhecimento sobre o vinho, conhecida que é a sua paixão pelo mesmo? Quanto mais se prova vinho, mais se viaja e alarga o leque do conhecimento detido?

FvZPara mim, mesmo de forma digital, é importante estar próxima de pessoas. Foi sempre o fator humano que mais me atraiu no vinho: quantas pessoas, de tantas partes do mundo, se podem reunir à volta desta bebida tão especial. O vinho também tem características tão amplas, os seus sabores, origens, culturas associadas, histórias e pessoas que o produzem, que o vejo como um produto muito enriquecedor. Quanto mais se prova, mais se conhece e mais se alarga o nosso espectro de conhecimento, mas, talvez mais importante, mais memórias e experiências angariamos ao nosso património emocional. É isso que procuramos quando viajamos, não é? O contacto com outros lugares e pessoas? O vinho permite-nos fazer isso mesmo.

 

GC – Que balanço pode fazer dos primeiros workshops já feitos? Quando é que está prevista terminar esta iniciativa?

FvZÉ um balanço muito positivo. O feedback é muito grande logo a seguir aos diretos. As pessoas são de uma generosidade imensa, porque me dizem exatamente o que estão a gostar e o que querem saber e isso, para mim, é muito valioso. Para lhe dar números aproximados, 150 pessoas assistem ao direto, são 600 a 700 visualizações do direto nas 24 horas seguintes. E recebo cerca de 15 a 20 mensagens logo a seguir com questões e palavras de incentivo.

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