A Adecco confirmou que, além de permitir que o trabalho continue durante a crise, o aumento do teletrabalho também traz benefícios para grupos sociais que, muitas vezes, foram excluídos do local de trabalho. Pessoas com deficiência ou responsáveis por cuidar de crianças e idosos, migrantes e refugiados, assim como com recursos financeiros limitados, todas enfrentaram dificuldades para aceder ao mercado de trabalho.
Aumento da acessibilidade
Cerca de um quinto da população da União Europeia tem uma deficiência, enquanto nos Estados Unidos da América a proporção é mais próxima de um quarto. Para muitas dessas pessoas, aceder a locais de trabalho tradicionais é uma luta. A questão não é apenas se o local de trabalho em si possui as instalações apropriadas, como o tipo de mesa ou computador de que precisam, mas também superar os desafios de acessibilidade no transporte público, todos os dias, e simplesmente ter a energia necessária para ir além de um dia inteiro.
A Covid-19 abriu novas oportunidades a este “target”. Trabalhar em casa, o acesso remoto a conferências e até a consultas online com médicos, solicitadas por pessoas com deficiência há anos, hoje são um padrão. Da mesma forma, pessoas com responsabilidades de cuidar de crianças ou dependentes muitas vezes não conseguem trabalhar em período integral, a menos que possam trabalhar remotamente. No Japão, uma pesquisa online recente com cerca de 1.800 mães que trabalham concluiu que 80% delas não tinham permissão para trabalhar em casa devido à sua profissão ou falta de segurança online.
Aqueles com recursos financeiros limitados talvez não possam comprar o carro que precisariam para se deslocarem a um local de trabalho, mas poderiam trabalhar remotamente. Os migrantes e refugiados geralmente enfrentam barreiras linguísticas no seu novo país, mas estas podem ser mitigadas por ferramentas de colaboração, como software de e-mail e chat, que destacam a interação cara-a-cara.
Além disso, trabalhar remotamente nas circunstâncias atuais também oferece uma oportunidade única para as pessoas desenvolverem as suas competências e melhorarem a sua empregabilidade. Como resultado da pandemia de Covid-19, mais e mais recursos educacionais foram colocados online, tornando a autoformação mais acessível e a formação online uma realidade.
Remover obstáculos
No entanto, o trabalho remoto não é uma solução para todos. Quem não tem acesso fácil à Internet de banda larga, ou que não pode pagar por isso, terá mais dificuldade para trabalhar em casa. Mas é possível que a pandemia galvanize os governos para garantir um acesso mais amplo à Internet de alta velocidade.
Um problema mais difícil é que nem todos os trabalhos podem ser realizados remotamente. Trabalhadores da área de retalho, canalizadores e eletricistas e, é claro, profissionais de saúde estão entre os grupos que precisam deslocar-se a um local específico para realizar o seu trabalho. Trabalhadores do sector de distribuição e motoristas precisam estar sempre em movimento, em contacto com muitas pessoas diferentes. Proteger esses trabalhadores é uma das razões pelas quais é preciso trabalhar em direção a um novo contrato social e, ao fazê-lo, se deverá considerar a acessibilidade como um princípio central. Nem todo trabalho será adequado para todas as pessoas da sociedade, mas quanto mais se puder remover as barreiras que enfrentam os grupos tipicamente excluídos, melhor.