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Cortes de Cima lança vinho de talha

Quatro anos foi o tempo que os trabalhos demoraram até ao engarrafamento do Amphora 2014, um vinho com estágio em barro, disponível por um PVP recomendado de 16 euros.

O Cortes de Cima Amphora 2014 é um tinto elaborado com as tradicionais castas alentejanas Aragonez, Trincadeira, Touriga Nacional e a Syrah, que faz parte da identidade da Cortes de Cima. O vinho é muito límpido, com aromas de fruta vermelha, como cereja e morango, e notas de terracota, com uma doçura proveniente do barro.

Quando Carrie e Hans Jorgensen começaram a fazer vinho na Cortes de Cima, em 1988, uma das primeiras experiências foi produzir um vinho de talha. Diversas talhas foram adquiridas e as uvas foram fermentadas respeitando o saber corrente na região. O resultado foi pouco entusiasmante e os ensaios com vinho vinificado em talha terminaram nessa altura na herdade. Hans Jorgensen direcionou os seus esforços para os tintos modernos que começava a produzir com grande sucesso e ficou a talha como símbolo da empresa familiar Cortes de Cima.

Porém, o vinho vinificado em talha não ficou completamente esquecido. Ao longo das três décadas seguintes, sempre que tinha oportunidade, Hans Jorgensen provava vinhos de talha feitos na região. As impressões eram sempre as mesmas e o processo de vinificação e o vinho não convenciam o proprietário e enólogo da Cortes de Cima.

Em 2012 Hamilton Reis, chefe da equipa de enologia da Cortes de Cima, desafiou Hans Jorgensen para investigar e produzir um vinho de talha especial. Na elaboração do Amphora foram utilizadas duas talhas diferentes. As técnicas ancestrais foram respeitadas, mas houve um esforço para anular os aspetos negativos do processo convencional: a exposição do vinho ao oxigénio e a utilização de produtos impermeabilizantes, tanto de origem natural como artificial. O carácter da utilização do barro na vinificação do vinho foi valorizado.

A fermentação das uvas foi feita numa talha tradicional (boca larga) de 600 quilogramas, mas com uma importante diferença. A superfície interna de barro não foi impermeabilizada com a habitual cera ou resina. A natureza porosa do barro manteve-se, de forma a permitir a transpiração da talha, uma maneira natural e eficiente de controlar a temperatura da fermentação, e a respiração do vinho. A fermentação durou 12 dias, com remontagens diárias, mergulhando a manta do mosto três a quatro vezes. Depois da fermentação, o vinho e as películas foram retirados da talha, prensados e o vinho obtido foi depositado numa segunda talha. No processo convencional, o vinho permanece sempre na mesma talha durante três a quatro meses.

A utilização de uma segunda talha com uma exígua abertura no topo, que é fechada com um batoque, é uma inovação no processo tradicional. É mais pequena do que a primeira (150 quilogramas de capacidade) e o barro também não tem qualquer revestimento. Nesta segunda talha, o único contacto do vinho com o oxigénio é através do barro, uma respiração que possibilita uma micro-oxigenação moderada, o que influencia a lenta evolução do vinho.

As perdas de vinho por evaporação durante os 12 meses são muito elevadas, mas, de acordo com a Cortes de Cima, é a única forma de conseguir um vinho com este carácter e perfil.

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