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Contexto económico e sustentabilidade impactam tendências tecnológicas em 2023

Foto Shutterstock

O contexto macroeconómico mundial, dominado pelo aumento da inflação e das taxas de juro, o abrandamento de algumas economias e a quebra de confiança dos consumidores têm levado o sector das telecomunicações a reajustar estratégias, ainda que, apesar disso, esta área se mantenha bastante dinâmica.

Este ano, são esperados novos e relevantes avanços tecnológicos com impacto direto no consumidor final, como é o caso dos smartphones 5G com preço final abaixo dos 100 euros ou a massificação de satélites de banda larga, que permitirão fornecer internet de alta velocidade a um número elevado de utilizadores, mesmo em zonas remotas do planeta. Estas são algumas conclusões descritas no estudo “TMT Predictions 2023” da Deloitte, que revela ainda um esforço acrescido das empresas tecnológicas na área da sustentabilidade.

De acordo com Pedro Tavares, partner e líder da indústria de Technology, Media & Telecommunications da Deloitte, “este ano, será́ naturalmente marcado por um contexto macroeconómico mundial bastante desafiante, mas prevê-se que o mercado das telecomunicações atue em contraciclo e venha inclusivamente a crescer. No entanto, o sector deverá ter em conta as necessidades atuais dos consumidores e procurar soluções tecnológicas que por um lado ofereçam o melhor custo-benefício e que, por outro, tenham em consideração as preocupações com o futuro do nosso planeta”.

 

Satélites de baixa órbita

Os satélites Low Earth Orbit (LEO) ou satélites de baixa órbita, que permitem fornecer internet de alta velocidade, vão multiplicar-se em todo o mundo, inclusivamente nas zonas mais remotas do planeta. A Deloitte prevê que mais cinco mil satélites de banda larga estarão em baixa órbita até ao final do ano, dando acesso a internet de alta velocidade a quase um milhão de internautas, a nível global, independentemente da sua localização.

Se todas as empresas que planeiam construir as chamadas constelações LEO forem bem-sucedidas, poderá significar um total de 40 a 50 mil satélites, que servirão mais de 10 milhões de utilizadores. Estes satélites têm a capacidade de poder vir a impulsionar a criação de novas aplicações, preços mais baixos, maior cobertura e fiabilidade e, consequentemente, menor latência.

 

5G 

Em 2023, segundo a Deloitte, deverão chegar ao mercado os primeiros smartphones 5G com preços abaixo dos 100 euros. Ainda que, numa fase inicial, estes dispositivos não devam ter um impacto significativo nas vendas totais de smartphones, vão permitir que o 5G se torne acessível à maioria dos consumidores em praticamente todos os mercados, acelerando a adoção da rede de alta velocidade em todo o mundo.

O mercado potencial, em termos de faturação, é enorme e, por isso, a empresa pioneira no lançamento de um dispositivo 5G com um preço acessível terá benefícios tanto em termos económicos como reputacionais, por permitir que a maioria dos consumidores mundiais tenha acesso a esta tecnologia.

A migração para redes de base independentes 5G vai permitir maior densidade e fiabilidade nos dispositivos, abrindo portas para aplicações empresariais avançadas. Apesar da volatilidade dos números, a Deloitte espera que o número de operadoras de telecomunicações a investir em redes independentes 5G duplique de mais de 100 operadoras, em 2022, para, pelo menos, 200 até ao final de 2023. Este investimento irá permitir desbloquear os benefícios da rede 5G para as empresas, aumentando a produtividade, a eficiência operacional e otimizando custos.

 

Semicondutores

A inteligência artificial (IA) está a revelar-se um poderoso aliado das empresas na complexa função de desenhar e produzir semicondutores. A Deloitte antecipa que, em 2023, as principais empresas de semicondutores, a nível mundial, invistam 300 milhões de dólares em ferramentas de IA, devendo esse número aumentar 20% ao ano nos próximos quatro anos, ultrapassando os 500 milhões de dólares em 2026.

O design de chips com base na IA permite que os principais fabricantes consigam gerir de forma efetiva o tempo de produção e custos associados, o que, a longo prazo, deverá ter um impacto positivo na cadeia de abastecimento, evitando a recente escassez de chips a nível mundial.

Apesar de o silício ser o material-padrão para os chips utilizados em telefones, computadores ou data centers, tem uma característica problemática: não se adequa a tensões mais altas, nem aos níveis de potência necessários para produtos cada vez mais comuns como baterias de veículos elétricos, carregadores supereficientes, painéis solares potentes ou aplicações militares avançadas. A Deloitte antecipa que os chips produzidos a partir de materiais semicondutores de alta potência, como nitreto de gálio ou carboneto de silício, deverão atingir vendas na ordem dos 3,3 mil milhões de dólares, em 2023, um aumento de praticamente 40% relativamente ao ano passado. O crescimento destes chips (semicondutores compostos) deverá alcançar os 60% em 2024, podendo atingir receitas na ordem dos cinco mil milhões de dólares.

 

Ecrãs e media

Os serviços on demand com base em anúncios, conhecidos como AVOD (Advertising-based Video On Demand), estão atualmente no topo das preferências dos consumidores, à medida que os preços das principais plataformas de streaming tendem a aumentar. Por forma a poderem usufruir de conteúdo gratuito ou com desconto, os consumidores aceitam ser impactados por publicidade online. Até ao final de 2023, é esperado que quase dois terços dos consumidores nos países desenvolvidos usem, pelo menos, um serviço AVOD por mês, um aumento de 5% em relação ao ano anterior.

À medida que as principais empresas no mercado de streaming procuram novas oportunidades de negócio, o desporto assume-se com uma das principais áreas a explorar num futuro próximo. Estão a multiplicar-se os investimentos, alguns bastante avultados, na compra de direitos de transmissão de eventos desportivos, numa tentativa de atrair e reter um público cada vez mais exigente. A Deloitte antecipa que, em 2023, as empresas de streaming deverão investir mais de seis mil milhões de dólares em direitos desportivos exclusivos nos maiores mercados globais.

 

Comércio cada vez mais forte nas redes sociais

As redes sociais são a nova montra para os consumidores. Em 2023, o comércio online a partir das redes sociais ultrapassará um bilião de dólares, a nível global, graças aos dois mil milhões de consumidores que são esperados comprar produtos e serviços através destes canais digitais.

O ecossistema de comércio social está em expansão e abre novas oportunidades para marcas, plataformas sociais e developers. Assim, as marcas deverão focar-se em acompanhar as mudanças culturais no comportamento dos utilizadores e nas preferências de compra, de modo a proporcionar uma experiência integrada.

 

Poderá a realidade virtual tornar-se mainstream?

Até ao final deste ano, o mercado de realidade virtual (RV) deverá gerar sete mil milhões de dólares em receitas globais, um aumento impressionante de 50% em relação aos 4,7 mil milhões de dólares em 2022. 90% dessa receita será́ proveniente da venda de auscultadores, o restante consistirá maioritariamente na venda de conteúdo, principalmente jogos, mas também aplicações corporativas, que irão gerar receitas de aproximadamente 700 milhões de dólares.

No futuro, como forma de impulsionar este mercado, a RV deverá focar-se na criação de conteúdo para consumidores e empresas.

 

Compromisso da tecnologia com a sustentabilidade

Atingir a neutralidade carbónica está atualmente no topo das prioridades das organizações e o sector da tecnologia não é alheio a este objetivo. O estudo de sustentabilidade CxO 2022 da Deloitte, que entrevistou mais de dois mil executivos C-level em todo o mundo, revelou que as empresas mundiais na área da tecnologia estão mais comprometidas com a neutralidade carbónica do que empresas que atuam em outras áreas.

 

M&A

Empresas de videojogos, streamers e até hypescalers estão atentos a potenciais fusões e aquisições na área do gaming, como forma de expandir o portfólio nas áreas de talento, tecnologia e propriedade intelectual e para alcançar rapidamente novos mercados. Este ano, segundo as previsões da Deloitte, o número de fusões e aquisições de empresas de jogos deverá aumentar cerca de 25%.

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