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Confinamentos fazem disparar comércio eletrónico na Europa

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Em 2020, pela primeira vez, os investimentos em supermercados, hipermercados e lojas de comércio alimentar de baixo custo representaram uns inéditos 21% do total da atividade retalhista na Europa, significativamente acima da média de 7% dos últimos cinco anos, refere um estudo recente da Savills, consultora imobiliária internacional.

Apesar do declínio verificado nas vendas a retalho, em 2020 (de 3,9% para 1,7%), as vendas de produtos alimentares subiram 7,5%. Espera-se que esse número continue a aumentar a um ritmo de 2,2% ao ano, ao longo dos próximos cinco anos.

Ainda que os impactos da pandemia devam continuar a sentir-se até ao final deste ano, o primeiro trimestre de 2021 deixou já antever o arranque de uma tendência de crescimento, fruto da implementação dos planos nacionais de vacinação, das perceções de recuperação económica e de um sentimento de maior confiança face ao futuro.

Apesar dos consumidores manterem, ainda, uma postura cautelosa relativamente a grandes despesas, estima-se que, ao longo do ano, será possível observar um aumento dos gastos no sector dos produtos alimentares, potenciado por poupanças feitas durante os períodos de confinamento, em que eram expressivas as incertezas acerca da manutenção de fontes de rendimento e dos postos de trabalho.

 

Confinamento fez crescer comércio online

Em 2020, observou-se um expectável declínio nas vendas totais no sector do retalho, devido ao encerramento prolongado de muitas lojas físicas. Contudo, em contraciclo, o comércio online observou um crescimento expressivo, de 16,2% em 2019, para 32% em 2020.

Apesar de se terem registado subidas em vários segmentos de e-commerce, foi o ramo dos produtos alimentares que se destacou, crescendo de 19,5% em 2019 para 56,1% em 2020. Estes dados evidenciam que, durante a pandemia, muitos europeus preferiram encomendar as suas compras de supermercado através da Internet, ao invés de se deslocarem à loja física.

Em todos os países europeus assistiu-se a uma subida da taxa de penetração do comércio online de produtos alimentares, com especial destaque para os Países Baixos, Noruega, Suécia, Turquia e Reino Unido, que ultrapassaram a média europeia. Também se verificou que até os países que detinham mercados pouco desenvolvidos de comércio online de produtos alimentares conseguiram adaptar-se rapidamente às novas necessidades, investindo na aquisição e/ou melhoria dos seus serviços online de pedidos e entregas de produtos.

Os dados atuais já deixam antever uma tendência que, tudo indica, veio para ficar: o comércio de produtos alimentares apoiar-se-á, cada vez mais, na dimensão online. A Forrester prevê que, em 2025, cerca de 2% de todas as vendas de alimentos e bebidas na Europa Ocidental serão feitas através da Internet.

 

Futuro do comércio de lojas físicas

O crescimento das vendas online apresenta aos comerciantes uma multiplicidade de desafios de adaptação. O que fazer com os espaços físicos, quando os consumidores preferem comprar online? A resposta passa pela adaptação e reinvenção dos espaços, com a transformação das lojas tradicionais em plataformas de promoção da marca e em locais que ofereçam experiências de consumo diferentes, mais personalizadas e direcionadas, com base em tecnologias como a inteligência artificial ou a realidade aumentada.

Por outro lado, com o aumento das compras online, os retalhistas terão pela frente o desafio da expansão das suas instalações de armazenamento, não apenas para lidarem com o aumento dos seus próprios volumes de encomendas, mas também para conseguirem dar resposta ao aumento do volume de vendas dos seus parceiros e ao aumento correspondente do volume de devoluções.

Num outro estudo divulgado pela Savills em maio, até 2025, serão precisos mais 8,6 milhões de metros quadrados de espaço nos armazéns das empresas de entregas na Europa para dar resposta ao crescimento do e-commerce.

Por isso, mesmo com a clara ascensão do online, a dimensão física do comércio alimentar não tem, para já, os dias contados.

 

Mercado português

No caso português, foi possível observar um aumento considerável da força da dimensão online no comércio de produtos alimentares. Em 2020, observou-se um crescimento de cerca de 50% das vendas online de produtos alimentares, face aos menos de 10% de 2019. No entanto, esse crescimento ficou aquém da média europeia.

Alexandra Gomes, Head of Research da Savills Portugal, afirma que, “durante o período de confinamento em que fomos obrigados a permanecer nas nossas casas, a compra de bens alimentares online tornou-se num hábito de compra para muitos de nós, que optaram pela segurança e conforto do lar para efetuarem as suas compras. Face a esta mudança brusca de realidade, muitos foram os operadores de retalho que depressa tiveram que adaptar novas estratégias e fazer um esforço adicional com vista à digitalização do seu canal de vendas. Pelo bom desempenho do comércio de retalho alimentar e em linha com o que está a suceder no panorama europeu, em Portugal, temos assistido a um interesse crescente por parte de investidores pela aquisição de unidades alimentares, interesse esse que deverá manter-se com base na resiliência que este sector demonstra”.

 

Comércio alimentar na Europa

Não obstante a evidência do crescimento do comércio online, não se prevê que as lojas físicas venham a desaparecer. Em 2020, e contrariando a tendência observada no mercado imobiliário em geral, registou-se um aumento dos investimentos em superfícies de comércio alimentar, fruto da confiança dos investidores na resiliência do sector.

A Alemanha figurou como o maior mercado de investimento no retalho alimentar, totalizando 3,1 mil milhões de euros, seguida do Reino Unido, com 1,7 mil milhões de euros, e Espanha, com 675 milhões de euros. Os países em que se registaram os maiores crescimentos face à sua média dos últimos cinco anos foram a Polónia (327%), Alemanha (184%) e Espanha (122%).

A Savills indica que a competição entre investidores gerou a compressão de yields, com uma média de yield prime de supermercados na Europa a descer de 5,7% para 5,45%, no primeiro trimestre de 2021.

 

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