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Como a inflação e o conflito na Ucrânia estão a afetar os consumidores europeus

Foto Shutterstock

Os últimos inquéritos Consumer Pulse da McKinsey mostra que, em toda a Europa, as pessoas mudaram os seus hábitos e adotaram novos comportamentos, em resposta a novos fatores de tensão, como a inflação e a guerra na Ucrânia.

O pessimismo dos consumidores europeus está num nível elevado, no meio da incerteza económica. O aumento dos preços, seguido da invasão da Ucrânia, eclipsou a Covid-19 como principal preocupação. Os consumidores de todo o continente têm uma visão negativa do estado da economia e sobre as perspetivas de recuperação. Nove em cada dez percebem que os preços estão a subir, mais claramente para os bens essenciais.

Naresposta, os orçamentos das famílias estão a mudar, com necessidades básicas, como a energia, os transportes e os alimentos, a representarem uma parte mais elevada. O dinheiro destinado à poupança e aos gastos em itens discricionários foi drasticamente reduzido, uma tendência que os consumidores esperam manter. Os consumidores estão a comprar quantidades menores ou a adiar as compras. Muitos estão a fazer um “downtrade”, recorrem a marcas próprias, descontos ou marcas mais acessíveis.

 

Preocupações

Apesar da Covid-19 ainda permanecer na Europa, o seu significado foi ultrapassado por outras ansiedades. Quando solicitados a identificar a sua principal preocupação, 44% dos consumidores europeus cita o aumento dos preços, enquanto quase um nomeia o conflito na Ucrânia. A pandemia, que tem dominado a vida pública nos últimos dois anos, ocupa agora apenas o terceiro lugar da lista de grandes preocupações.

Este padrão é consistente, embora existam algumas diferenças por país, com os consumidores do Reino Unido a apresentarem o maior foco na subida dos preços (60%). Para um terço da população na Itália e na Alemanha, a invasão da Ucrânia é uma preocupação mais grave.

Confiança

Em geral, os consumidores europeus expressam opiniões muito negativas sobre o estado atual das suas economias nacionais. Nos cinco países inquiridos, mais de metade dos consumidores dizem que a sua economia está em mau estado; em Espanha, dois terços exprimem esta visão. Em nenhum país mais de 15% dos inquiridos relata sentimentos positivos sobre a situação económica atual.

Este pessimismo estende-se aos meses vindouros: 37% dos inquiridos manifesta dúvidas sobre uma recuperação económica bem-sucedida, ultrapassando mesmo os piores níveis de pessimismo registados durante os confinamentos da Covid-19.

Embora tenha havido uma breve onda de otimismo em outubro de 2021, quando 34% expressou uma visão esperançosa, este quadro mudou drasticamente com a invasão da Ucrânia. Esta mudança já se reflete nos dados de março de 2022, quando um quarto dos inquiridos europeus antecipava impactos negativos duradouros.

Nove inquiridos em cada dez dizem ter observado, nas últimas semanas, aumentos de preços para os bens que compram frequentemente. Seis em cada dez descrevem estes aumentos como significativos.

A estrutura dos orçamentos das famílias mudou, em resposta, e as necessidades básicas estão a ocupar uma parte mais significativa, com cerca de 60% dos inquiridos a reportar um maior gasto em energia, transportes, combustíveis e alimentos e bens essenciais. Consequentemente, os gastos em itens discricionários não alimentares foram cortados, com um terço dos inquiridos a reportar uma diminuição. Da mesma forma, metade reduziu o dinheiro que investiu em poupanças. Outras ações atenuantes incluem a compra de quantidades menores e o atraso nas compras, com pequenas variações entre categorias de retalho.

Respostas

Os consumidores recorreram à marca própria (37% já o fez e 13% planeia fazê-lo), cerca de um terço tentou um retalhista ou loja diferente (ou está disposto a fazê-lo) e um número ligeiramente maior está a investigar novas marcas.

Entre os mais de metade dos consumidores que trocaram de marca recentemente, uma clara maioria escolheu opções de baixo custo. Isto é mais evidente nas áreas dos produtos domésticos, snacks e confeitaria e alimentos congelados.

Os discounters estão a beneficiar particularmente desta tendência. Dos consumidores que decidiram fazer compras num retalhista diferente, a maioria recorreu a estes pontos de venda. A percentagem de consumidores que dizem ter comprado mais nos discounters é 19 pontos percentuais mais elevada do que aqueles que dizem ter reduzido a visita a estas lojas. Os consumidores relataram uma menor utilização de todos os outros formatos de retalho, especialmente mercearias especializadas e lojas de conveniência, que tendem a ser mais caras. Esta tendência é mais forte na Alemanha, enquanto os consumidores italianos mostram o nível mais baixo de comutação.

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