À medida que a atual pandemia polariza o sector alimentar, a classe média está prestes a desaparecer, defendeu o CEO da Danone, Emmanuel Faber, numa entrevista à FoodNavigator.
A divisão entre pobres e ricos está a crescer, também na alimentação, e todos os que se encontram na classe média irão deslocar-se para um destes dois extremos.
Economia vs saúde
A crise pandémica catalisou a velocidade das atuais tendências. No caso da alimentação, o consumidor tenderá a prestar mais atenção ao que come e estará disposto a pagar mais por comida de qualidade. Mas a crise também significa que a classe média será fortemente atingida em termos económicos, pelo que terá de se contentar com produtos mais baratos. Esta é a conclusão da Danone com base nos seus próprios resultados desde o início da pandemia, com as vendas de produtos “plant base” a crescerem fortemente e as de água engarrafada a caírem.
Na opinião de Emmanuel Faber, o novo normal irá começar a assentar a partir do próximo ano, pelo que a polarização irá apenas aumentar. A Danone observa duas tendências contrastantes, por um lado, uma crise económica e social e, por outro, um interesse crescente na alimentação saudável.
Escolhas difíceis
Como o início desse novo normal ainda demora alguns meses, Emmanuel Faber quer usar o tempo até lá para procurar novas oportunidades para a Danone, o que, no seu entender, poderá passar por ter de fazer algumas escolhas difíceis. O CEO garante que a empresa deverá ter de vender ou acabar com algumas marcas e procurar novas formas de trabalho, o que significa que os custos terão de ser reduzidos em algumas áreas.
A Danone também considera que a explosão do e-commerce e das vendas diretas ao consumidor são tendências que vieram para ficar, assim como a sustentabilidade. Em setembro do ano passado, a multinacional francesa assinou um pacto de biodiversidade, anunciou um investimento de dois mil milhões de euros em agricultura, economia circular e digitalização, em fevereiro, e lançou uma unidade de aceleração dos produtos baseados em plantas, em maio, com o objetivo de duplicar as vendas.