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Bruxelas estima queda de 8% no consumo de vinho na Europa

Menos 14% nas exportações

O consumo global de vinho na União Europeia foi fortemente afetado pelas medidas adotadas para combater a pandemia de Covid-19. Apesar das vendas no retalho estarem a aumentar, o consumo em bares e restaurantes travou. As perspetivas são de que o consumo de vinho na União Europeia baixe para 108 milhões de hectolitros, 8% abaixo da média dos últimos cinco anos.

Os dados são da Comissão Europeia e também apontam para uma queda de 14% nas exportações na temporada 2019/2020. As perspetivas de curto prazo para os mercados agrícolas indicam que as medidas de isolamento implementadas em todo o mundo estão a potenciar uma rápida mudança na procura de alimentos, desde o início da crise.

O comportamento de abastecimento, assim como o encerramento de restaurantes, bares e hotéis está a ter um impacto direto nos produtores agroalimentares. Por um lado, os alimentos básicos, como as massas, o arroz, a farinha, as frutas e os legumes enlatados tiveram uma maior procura, beneficiando da mudança no consumo doméstico. Por outro lado, os produtos de elevado valor, como os cortes de carne de maior qualidade, o vinho e os queijos especiais, que se consomem significativamente fora do lar, estão a ter uma diminuição significativa no seu consumo”, assinala o estudo.

 

Cereais e açúcar

Concretamente, espera-se que a produção de cereais na União Europeia (2019/2020) alcance os 294 milhões de toneladas, mais 4,5% que a média dos últimos cinco anos, mas que diminua ligeiramente na próxima campanha (2020/2021), para os 287,8 milhões de toneladas.

Já a produção de açúcar deverá diminuir para 17,4 milhões de toneladas, devido a uma redução na área plantada. O consumo, esse, deverá também diminuir ligeiramente, face aos bloqueios nas fronteiras em toda a União Europeia e ao encerramento dos “food service”, apesar do aumento no consumo doméstico. Para o próximo ano, é antecipada uma diminuição adicional, de 3%, na área de beterraba açucareira.

 

Azeite

A produção de azeite da União Europeia em 2019/2020 aproximou-se dos dois milhões de toneladas, numa diminuição de 15% face ao ano anterior. Devido à disponibilidade significativa de stock, não tem faltado azeite. Após a implementação das medidas de isolamento, as vendas no retalho aumentaram, especialmente nos países produtores. Este facto, juntamente com os preços baixos, deverá conduzir a uma recuperação do consumo nesses países, com um aumento de 13%.

 

Frutas e legumes

Quanto ao sector das frutas e legumes, espera-se que a procura de maçãs seja superior à média, graças ao maior consumo interno. Mas a produção estimada para 2019/2020 reduzirá para 10,8 milhões de toneladas. O impacto da crise sanitária nas laranjas será limitado, já que a época de colheita está a chegar ao fim, com uma produção de 6,2 milhões de toneladas. A procura de laranjas e de sumo de laranja aumentou recentemente.

 

Leite e lacticínios

Em 2019, a produção de leite na União Europeia cresceu 0,4%, o valor mais baixo desde 2012. Espera-se que a evolução em 2020 seja similar. O pico anual de recolha do leite, na primavera, está a coincidir com a pandemia e as medidas restritivas e de contenção da Covid-19 estão a desafiar a logística da recolha e as entregas de produto final. Além disso, as restrições à circulação de trabalhadores podem levar ao favorecimento de produtos lácteos que requeiram menos mão-de-obra.

Por seu turno, o consumo de queijo em 2020 poderá crescer ligeiramente, cerca de 0,3%, e as exportações continuar a aumentar graças à procura nos mercados asiáticos, o que levará ao aumento geral na produção de queijo. Não obstante, o encerramento dos restaurantes afetou os queijos de valor mais elevado, cujo consumo se faz, principalmente, fora do lar.

 

Carne

A produção de carne de bovino diminuiu em 2019, devido à redução dos preços e das manadas. Em 2020, a tendência será para uma redução adicional, face à manutenção daqueles fatores. Além disso, o surto de coronavírus está a afetar o sector, principalmente nos cortes premium, que não estão a ser vendidos nos restaurantes nem nos talhos. Uma menor procura e uma menor disponibilidade de carne resultará num menor consumo aparente da União Europeia.

Por seu turno, a produção avícola continuou a crescer em 2019, graças a uma procura crescente. A situação deverá manter-se em 2020, uma vez que os consumidores substituem as carnes mais caras pelas de aves. Porém, o sector também será penalizado pelo encerramento dos restaurantes, nomeadamente em algumas variedades, como os patos.

Já a carne de porco deverá crescer ligeiramente, este ano, com uma procura sustentada por parte da Ásia, devido aos impactos da peste suína africana na China. Espera-se que as exportações da União Europeia cresça, 12%, em 2020, após o aumento de 17%, em 2019. O sector não deverá ser significativamente afetado pela pandemia, mas o consumo na União Europeia tenderá a diminuir devido aos preços mais elevados, o que levará o consumidor a favorecer outros tipos de carne.

Por fim, o sector da carne de ovino e caprino foi afetado pela crise da Covid-19, que inibiu a materialização da procura sazonal da Páscoa e Ramadão. Não obstante, a produção deverá manter-se estável, em 2020.

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