Desafios e oportunidades para as marcas agroalimentares portuguesas

Andreia Agostinho, diretora comercial e de marketing Frutorra Pimenta
Andreia Agostinho, diretora comercial e de marketing Frutorra Pimenta

Se é verdade que o agroalimentar é uma das indústrias mais importantes para a economia nacional, e com crescente tendência de consumo focada no Made in Portugal e em produtos de origem portuguesa, também o é que estamos perante um dos países europeus com uma das proporções mais baixas de jovens agricultores da União Europeia, crescente legislação e intervenções nas políticas comerciais dos Estados, pressão nos custos de produção e logísticos e uma menor flexibilidade junto da cadeia de distribuição na transferência destas estruturas de custos ao consumidor, que é cada vez mais seletivo e exigente.

O ano de 2022 revelou-se desafiador não só para Portugal, mas para o sistema alimentar global, com eventos climáticos extremos, interrupções na cadeia de fornecimento, tensões geopolíticas, conflitos internacionais e, paralelamente, uma tendência crescente no desperdício de alimentos.

Se os últimos anos nos ensinaram algo, é que a alta dependência em alguns mercados para as principais culturas, alimentos básicos e matérias-primas expõe governos e populações inteiras ao risco de interrupções na produção de alimentos e cria uma ameaça de insegurança alimentar, a par de instabilidade económica.

 

Conhecer o consumidor

As empresas agroalimentares nacionais devem procurar conhecer os seus consumidores, compreendendo que nunca tivemos uma sociedade tão preocupada com os impactos ambientais, a segurança alimentar ou a rastreabilidade, mas, simultaneamente, economicamente mais consciente e atenta, com uma voz ativa de corresponsabilização não só governamental, mas também ao nível do tecido empresarial.

A pandemia de Covid-19 revelou-se uma oportunidade para as empresas portuguesas, no impacto significativo na aceleração da adoção de tecnologias da Indústria 4.0 em toda a cadeia de valor alimentar: com a digitalização dos pisos de fábrica, a aposta no e-commerce e adoção de ferramentas digitais de gestão de alimentos, para operações eficientes, transparentes e sustentáveis, que são já uma realidade em muitas empresas agroalimentares, com impacto positivo na credibilidade das marcas e nos seus resultados de vendas.

 

País como marca

Portugal tem vindo a afirmar-se enquanto marca: como país produtor de alta qualidade, de alta tecnologia, com recursos humanos capacitados, capaz de destacar-se num ambiente internacional altamente competitivo. Com o reconhecimento crescente da qualidade dos produtos portugueses, juntamente com acordos comerciais favoráveis, abrem-se portas para chegar a novos mercados internacionais e aumentar as exportações.

A inovação e a adoção de tecnologias mais avançadas podem impulsionar a competitividade das marcas portuguesas, o que se traduz em assegurar melhorias na produção, embalagem, logística e marketing. Acresce que isso necessita de capacidade de investimento.

É essencial lembrar que, face a outros países europeus, Portugal tem a oitava remuneração média mais baixa no espaço comunitário, a par do segundo sistema fiscal menos competitivo para as empresas na OCDE.

O mercado nacional coloca, de um lado, as grandes cadeias de distribuição, com elevada capacidade negocial, que selecionam produtos e produtores, pressionando a trabalhar com margens reduzidas, e um tecido agrícola e empresarial muito fragmentado, composto principalmente por micro e PME, com capacidade de investimento reduzida comparativamente.

As oportunidades para as marcas agroalimentares estão fixadas em alavancar a transformação tecnológica, tirar partido da automatização para redução de custos de produção, enquanto simultaneamente as marcas agroalimentares nacionais trabalham os ativos de marca, com investimento no marketing e na comunicação, de forma a criar uma posição relevante no mercado, para assegurar uma boa capacidade de distribuição numérica.

Andreia Agostinho, diretora comercial e de marketing Frutorra Pimenta
Andreia Agostinho
Diretora comercial e de marketing da Frutorra Pimenta

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Patrícia Nunes Coelho, Diretora de Marketing da Control

As marcas e as pessoas… as duas forças que queremos juntar!