A Salesforce acaba de divulgar o mais recente relatório trimestral de consumo online “Q3 Shopping Index 2022”, apontando para um decréscimo das vendas online no trimestre em 2%, comparando com igual período do ano passado.
O número de consumidores online (-4%) e os volumes de encomendas (-5%) acompanham a descida, apenas contrariada pela Europa de Leste (+6%) e por Espanha (+2%).
Queda das vendas online
A subida do custo de vida, a instabilidade política e os constrangimentos relacionados com a cadeia de abastecimento continuam a pesar no atual panorama de retalho, a nível global. Perante a conjuntura, as vendas online na Europa, no terceiro trimestre, desceram 9% face a igual período em 2021, com o volume de encomendas a descer 1%.
A época de Natal está a aproximar-se e a expectativa da Salesforce é que não haja nenhum crescimento das vendas online a assinalar, comparando com o ano passado. Ainda assim, os gastos feitos online são em categorias específicas, como moda, especialmente calçado (+18%) e malas de senhora e viagem (+17%). Pelo contrário, as categorias de brinquedos e ensino (-22%) e casa (-19%) mantiveram a tendência decrescente.
Foi nos países nórdicos que se sentiu a maior queda de vendas online, no trimestre em análise (21%), com o volume de encomendas a descer 12% e o tráfego online a baixar 8%, comparando com 2021. Trata-se de uma descida após a explosão de crescimento do e-commerce na região, nos últimos dois anos.
No Reino Unido, pesou ainda o ambiente económico e político, com as vendas online a descerem 13% face a 2021, o volume de encomendas a baixar 8% e o tráfego online a manter-se inalterado.
Exceção
O e-commerce no leste europeu cresceu 6% no trimestre e o volume de encomendas aumentou 17%, mesmo com o registo de uma queda de 2% no tráfego. O crescimento poderá ser explicado pela taxa de aumento dos ordenados que se tem vindo a observar nos últimos trimestres na região. A Oxford Economics espera que o crescimento dos ordenados vá manter-se na região, apesar da inflação ser uma constante sem fim à vista.
Por fim, Espanha continua a desafiar a tendência geral que se tem vindo a observar na Europa, nos últimos trimestres. O país registou um crescimento modesto na ordem dos 2%, mas o volume de encomendas subiu 17%. O tráfego online geral cresceu 10% no país vizinho, incentivado por um aumento de 11% nas visitas via desktop e 10% via mobile.
Tendências esperadas para a Black Friday e Cyber Monday
O tráfego digital está 1% acima do mesmo período, face ao ano passado, com os consumidores a anteciparem as compras de Natal. Mesmo com os descontos da época, os preços estão uma média de 8% acima de 2020, levando os consumidores a pagarem mais pelos produtos, comparando com há dois anos, apesar das reduções. As próprias percentagens de desconto têm vindo a cair 6% a nível global, após o Prime Day de 2022.
“Os operadores de retalho voltam a ter de jogar com o calendário, começando com descontos mais cedo para elevar a procura e a compra, mas os consumidores continuam sempre a aguardar o último e maior desconto, durante épocas como a Cyber Week”, explica Rob Garf, vice-presidente e diretor geral de retalho na Salesforce. “O tráfego online, no início da época, estava mais forte, mas as vendas mais suaves. Isto significa que os consumidores continuam a procurar online e mais cedo, mas sem fechar uma compra. Os operadores de retalho não devem reduzir as margens de desconto, mas estar mais focados em automação e produtividade para reduzirem custos e combaterem a pressão nas margens”.
As taxas de desconto, a nível global, deverão atingir os 25%, durante a Cyber Week 2022, um aumento de 12% face a 2021. Os maiores aumentos são essencialmente em três categorias: carteiras de luxo (três vezes mais), vestiário geral (duas vezes mais) e produtos para pele e maquilhagem (duas vezes mais). As previsões apontam ainda que o melhor momento para a compra de brinquedos e eletrónica será durante a Cyber Monday.
