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Bens de grande consumo crescem com crise da Covid-19

Terminou, no dia 4 de maio, o período de confinamento em Portugal. Entrando agora numa nova fase destes tempos tão particulares, a Nielsen desenvolveu, no seu relatório semanal, uma visão diferente e mais macro daquilo que têm sido as grandes tendências em tempos de Covid-19. Como se comportou o consumo de Fast Moving Consumer Goods (FMCG) em Portugal nas fases pré-Covid (semanas 1 a 8 ), armazenamento (semanas 9 a 11) e quarentena (semanas 12 a 18)?

Segundo a análise da Nielsen, e de uma forma geral, a pandemia Covid-19 veio trazer crescimento no sector dos bens de grande consumo em Portugal. Houve nitidamente um período de armazenamento, entre 24 de fevereiro e 15 de março, em que o mercado cresceu 31% sobre o período homólogo de 2019. Nas semanas de quarentena, entre 16 de março e 3 de maio, o crescimento foi de 9%.

Consumo

Enquanto no período pré-Covid todas as categorias cresciam sensivelmente ao mesmo ritmo, foram detetados diferentes comportamentos nas etapas posteriores.

 

Armazenamento

Durante a fase de armazenamento, foram as categorias de higiene pessoal e do lar (+37%) e de alimentação (+35%) as que apresentaram maior dinamismo.

Em higiene, o crescimento do papel higiénico, que mereceu mesmo algum destaque noticioso, não deixou dúvidas quanto à necessidade dos portugueses de se abastecerem previamente. Esta categoria cresceu 87% durante todo o período de armazenamento. Destacam-se também, nesta fase, os acessórios de limpeza (+54%) e os rolos, guardanapos e lenços (+54%).

No sector da alimentação, destacaram-se, claramente, os produtos de maior durabilidade, como é o caso das conservas (+102%), dos produtos básicos (+89%) e dos congelados (+44%).

No que diz respeito aos produtos frescos, os portugueses não quiseram que faltassem produtos a que estão habituados à mesa, exemplo da carne, do peixe e das frutas e legumes, que, neste período de armazenamento, cresceram, respetivamente, 30%, 26% e 18%.

As bebidas não alcoólicas (+16%) cresceram no período de armazenamento (influenciadas pela preocupação em ter água em casa). Os portugueses prepararam a sua despensa no sentido de enfrentar as necessidades associadas à permanência em casa.

Consumo

Quarentena

No período de quarentena, com todo o consumo a ser realizado em casa, foi na alimentação que se verificou o maior dinamismo (+14%). As bebidas quentes, onde se inclui o café, ocuparam um lugar de relevo desta fase, com um crescimento de 52%. Embora com menos destaque, continuou a notar-se uma preocupação dos consumidores por manter a sua despensa recheada, com um dinamismo de 33% nos produtos básicos, de 29% nos congelados e de 28% nas conservas.

Quando ficaram em casa, é evidente a preocupação dos consumidores com a limpeza (+62% em acessórios de limpeza) e com a embalagem e conservação de alimentos (+43% em produtos para este efeito). Por outro lado, com os portugueses confinados nas suas casas, notaram-se decréscimos acentuados em categorias como produtos solares (-88%), produtos para calçado (-46%), perfumes (-37%) e maquilhagem (-29%).

Nos frescos, a tendência foi de quebra durante a quarentena. Registaram-se, no entanto, crescimentos nas frutas e legumes (+10%) e no talho (+6%). O take away e cafetaria do retalho alimentar, que apresentava o maior dinamismo no período pré-Covid, inverteu a tendência na quarentena (-68%).

Consumo

Lojas diferentes para necessidades distintas

Se é pelas lojas maiores que os portugueses optaram no momento de armazenar, na vida em quarentena a proximidade ganhou visibilidade, possibilitando deslocações mais próximas de casa e de menor duração.

Consumo

Face à evolução do consumo desde que se começaram a sentir os efeitos desta pandemia, “é notória uma adaptação dos consumidores às distintas necessidades que esta nova realidade impôs nas suas vidas e rotinas. Os dados analisados pela Nielsen mostram uma tentativa de responder a novas exigências, quer no momento de assegurar uma despensa recheada que permitisse enfrentar o confinamento, quer na compra de produtos que tornassem mais fácil a permanência prolongada em casa”, explica Inês Pimentel, Client Consultant da Nielsen.

A procura por diferentes tipologias de canais de retalho evidencia que o consumidor possui uma capacidade para ajustar os seus hábitos e adotar novas rotinas quando tal se revela indispensável. Lojas de maior e de menor dimensão adquirem um papel específico quando se trata de suprir determinadas necessidades e em distintas fases neste longo processo de confinamento e restrições. As próximas semanas trarão, certamente, novidades. A possibilidade de voltar a uma rotina mais aproximada à realidade pré-Covid, com maior liberdade de movimentos, significará também mais liberdade para os consumidores realizarem as suas compras e o fim de algumas exigências modificará o aspeto da sua cesta”, conclui.

 

Após a quarentena

Terminado o período de quarentena, a 10.ª edição do Barómetro Covid-19 da Nielsen revela o impacto do novo coronavírus no mercado dos bens de grande consumo na semana 19 (4 a 10 de maio), marcada pelo início de uma nova fase: viver uma nova normalidade.

No período em que se deu início ao processo de desconfinamento, com a reabertura do pequeno comércio, os produtos FMCG registaram um crescimento de 17% comparativamente à semana homóloga, totalizando 187 milhões de euros.

Consumo

Nesta semana 19, os portugueses voltaram a armazenar e todas as categorias apresentaram crescimentos. Alimentação (20%), bebidas (18%), higiene pessoal e do lar (9%) e comida e acessórios para cães e gatos (6%) registaram incrementos de vendas comparativamente à semana homóloga.

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