in

Azeite continua a ser alavancado por promoções

O mercado de azeite em Portugal apresentou, em 2016, um decréscimo discreto em quantidade consumida, que vem suavizar a quebra que se registou no ano anterior. Assim o dizem os últimos dados Nielsen Market Track que reportam, ainda assim, um aumento das vendas em valor ao longo do período analisado, sendo este explicado pelo aumento do preço por litro.

Os consumidores portugueses são responsáveis pelos 36,6 milhões de litros comercializados no canal alimentar. Este volume de vendas representa um decréscimo de 2% em relação ao período anterior para a categoria de gorduras alimentares em Portugal. Contudo, o desempenho do mercado nacional de azeite, ao longo do exercício de 2016, é visto com otimismo pela Acesur. “O consumo está com índices de confiança positivos e isso traduz-se num maior e melhor consumo”, refere Tiago Batel Delgado, country manager da Azeites Acesur Portugal.

Até porque, ao nível da faturação, a categoria de azeite apresenta uma evolução positiva de 7%, com vendas na ordem dos 150,5 milhões de euros, segundo regista a Nielsen no ano móvel findo a semana 43/2016. De acordo com a consultora, o crescimento verificado em valor justifica-se por um aumento do preço por litro. Susana Costa, brand manager da Gallo, refere ainda uma escassez da matéria-prima como a justificação para a subida de preços e acrescenta que “o aumento do preço médio resulta da quebra na produção mundial de azeite, que provocou um acréscimo do preço médio no mercado nacional”. Segundo a gestora, em resultado do aumento dos preços do azeite, tem-se verificado que os consumidores estão a reduzir a compra média por ato, mas a penetração mantém-se estável.

De facto, a categoria de azeite tem uma presença bastante abrangente e pode ser encontrada em 77% dos lares em Portugal Continental. Mas a Nielsen aponta para a forte aposta promocional que o azeite mantém no mercado, em que 60% das vendas são feitas com promoção, para explicar este comportamento.

Para as empresas deste sector, no entanto, a constante presença de azeite em folheto promocional não tem fomentado o aumento do consumo no mercado interno. Pelo contrário, de acordo com a Acesur, “a constante promoção de azeite contribui para a desvalorização do preço médio praticado”. E a Gallo concorda. “Apesar da intensificação da atividade promocional, os dados relativos ao consumo indicam que existe uma contração do consumo de azeite no mercado nacional. Dados da Casa do Azeite relativos a 2014 revelam uma diminuição de 5,1% em relação ao ano anterior. Em azeite, tal como acontece com outras categorias dentro do FMCG, a intensificação da atividade promocional não conduz necessariamente a um aumento do volume de vendas, mas tem permitido estabilizar a penetração da categoria”, diz Susana Costa.

Sortido
A distribuição moderna representa mais de 90% deste mercado. “Apesar de se verificar um nível elevado de penetração, ainda existe um segmento dos consumidores que se abastece fora dos canais representados”, diz a Nielsen. Os lares portugueses compraram azeite nove vezes durante o ano móvel analisado, sendo que adquiriram 1,2 litros e gastaram 5,05 euros por visita. Mas, apesar da variável preço continuar a ter um peso elevado na decisão de compra, a inovação e o sortido também se mostram relevantes no incentivo do consumo.

A responsável da Gallo considera que o sortido hoje disponível é bastante mais vasto face a um passado não muito distante. Um caminho que julga incontornável “na medida em que, defendemos que a aposta na inovação de qualidade, trazendo valor acrescentado para a categoria de azeites, é fundamental. A maior segmentação deste universo constitui um fator positivo, na medida em que o mercado interno cresceu e é importante para o consumidor poder ter uma oferta alargada e selecionar o azeite que melhor se adapta ao seu perfil, paladar, tipo de alimentos, etc. É, no entanto, importante manter uma simplificação na escolha, face a uma proposta vasta. Por isso, a Gallo lançou quatro graus de intensidade de sabor, identificados por gotas que visam ajudar os consumidores a escolher qual a intensidade de sabor que melhor se adapta ao seu paladar ou momento de consumo”. Por sua vez, a Acesur mostra-se mais pessimista quanto à segmentação deste universo, apontando a agressividade promocional como o principal impulsionador para o aumento do sortido. “Acreditamos que em breve o mercado irá ter uma maior preocupação na revisão do sortido”.

Este artigo foi publicado na edição 42 da Grande Consumo, onde é feita uma análise ao mercado do azeite.

Amazon vale tanto como as restantes cadeias de distribuição norte-americanas em conjunto

Whirlpool apresenta novidades na CES 2017 e recebe seis prémios de inovação