A Galega é a variedade de azeitona mais portuguesa de Portugal e, de forma a preservar este produto, a Associação de Produtores de Azeite da Beira Interior (APABI) lança, em pleno Rio Tejo, em Vila Velha de Ródão, em Castelo Branco, a Azeitona Galega da Beira Baixa IGP – Indicação Geográfica Protegida.
O sector do olival em Portugal transformou-se na última década, devido aos fortes investimentos feitos nesta cadeia de valor e que, segundo João Pereira, presidente da APABI, “aportaram um crescimento exponencial de novas plantações e uma dinâmica pouco vista no sector agroalimentar português”.
“A Galega sempre foi uma variedade difícil, devido à sua baixa produtividade, dificuldade em mecanizar a colheita, muito suscetível a pragas e doenças, e pelo fraco rendimento em azeite, apesar de muitos especialistas considerarem a suprema qualidade dos seus azeites”, afirma João Pereira, acrescentando que “a pouca investigação e o aparecimento de outras variedades orientadas para produções de grande escala também contribuíram para que Galega fosse ficando para trás, à exceção da Beira Baixa”.
A APABI nunca desistiu da sua Galega e os poucos investimentos em novos olivais na região transformaram-na num “museu vivo desta variedade”, existindo a necessidade de garantir a sua continuidade no futuro.
“A fórmula encontrada para dar uma nova vida à galega da Beira Baixa materializou-se no reconhecimento como Indicação Geográfica Protegida (IGP) – Azeitona Galega da Beira Baixa -, para conserva, a 8 de março de 2023 e após longos anos de análises químicas, certificações, provas sensoriais, métodos de conserva etc.”, explica o presidente da APABI. A Galega da Beira Baixa é conservada segundo métodos ancestrais da região através de uma fermentação natural com flora endógena.
Assim, a designação IGP pode ser utilizada apenas por produtores e transformadores desta variedade de azeitona, nas áreas circunscritas a todos os concelhos do distrito de Castelo Branco e Mação, já no distrito de Santarém e que cumpram todos os requisitos do caderno de especificações.
Este reconhecimento e o seu lançamento oficial no mercado representa “o querer e o saber fazer de uma região, tendo como principais objetivos incrementar o rendimento dos olivicultores regionais, estancar o abandono do olival tradicional de galega no território e, talvez, despertar o interesse de novas plantações”, conclui João Pereira.
A Azeitona Galega da Beira Baixa IGP é uma azeitona de mesa feita apenas com água e sal, seguindo as técnicas tradicionais. Para já, é possível encontrar estas azeitonas nos supermercados Continente.