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As implicações para o marketing da “policrise”

Foto Shutterstock

Se algo houve que sobressaiu da reunião do Fórum Económico Mundial, que se assinalou recentemente em Davos, na Suíça, foi a relevância do neologismo “policrise”, que segundo o organismo está iminente e que afetará todo o planeta, combinando alterações climáticas, inflação e polarização política e social, entre outros fatores, onde se incluem também as tensões geoeconómicas e a crise das matérias-primas.

A palavra “policrise” foi usada, pela primeira vez, num artigo publicado em outubro passado no Financial Times e sucede ao termo “permacrise”, que o Dicionário Collins escolheu como Palavra do Ano, em 2022, e que diz respeito ao estado de crise permanente em que o planeta vive.

 

Implicações para o marketing

As implicações para o marketing da policrise diagnosticada pelo Fórum Económico Mundial são assinaladas pelo Warc, que destaca algumas das implicações do relatório sobre os riscos globais do organismo. As ameaças colocadas pelas alterações climáticas e pela perda de biodiversidade, os aspetos mais negativos da digitalização e a difícil situação económica são aspetos incluídos neste e que podem ter influência na atividade dos profissionais de marketing.

O Warc transfere, assim, para o campo das marcas o conceito de “policrise” que o Fórum Económico Mundial introduziu no seu relatório, para definir a situação que o planeta vive atualmente e apontar a acumulação de graves problemas políticos e económicos inter-relacionados, que afetam o mundo.

O documento elaborado pelo fórum destaca como principais riscos, a curto e longo prazo, o custo de vida e todas as questões associadas à deterioração do ambiente, às quais se juntam, a curto prazo, outras como a polarização e a falta de coesão social, as migrações involuntárias em larga escala e a cibercriminalidade. “Naturalmente, as são muito mais amplas”, esclarece o Warc, “mas o estado da economia global – prejudicado pelo crescimento dos preços –, a ameaça da emergência climática e a digitalização de muitos aspetos da vida quotidiana das pessoas são riscos que se sobrepõem aos problemas que o sector do marketing enfrenta“.

 

Maiores riscos

Para o Warc, a má situação económica é a mais grave, no curto prazo, entre os riscos detetados pelo Fórum Económico Mundial. A inflação regressou e, com ela, as políticas monetárias restritivas que são postas em prática para a controlar. Isto significa que o crédito é mais caro, o que atrasa tanto o crescimento económico como o investimento, o que constitui um problema para os governos e também para as empresas. “De um modo mais geral, essa pressão económica pode reduzir os recursos disponíveis de pessoas de renda média em todo o mundo, que são fundamentais para o crescimento de marcas multinacionais”.

As questões ocupam também um lugar de destaque no relatório do Fórum Económico Mundial sob várias abordagens, como aponta Warc. A sustentabilidade está na agenda de muitas empresas e, como resultado, várias estratégias foram lançadas, que vão desde o fornecimento de matérias-primas e processos de fabrico até às mensagens transmitidas aos consumidores.

Outro aspeto do relatório que o Warc destaca como relevante para o marketing é o das guerras económicas, sobre as quais o sector pouco pode fazer, embora possam influenciá-lo. Isto tem implicações óbvias para o consumo e pode introduzir nuances relevantes nas estratégias de marketing.

O último fator mencionado pelo Warc é o da generalização da tecnologia e da transformação digital, que traz benefícios e tem exercido uma enorme influência no marketing, mas, ao mesmo tempo, que acarreta alguns riscos. Um deles é a grande influência das plataformas digitais no dia-a-dia das pessoas, que está a levar à intervenção dos Estados. Ao mesmo tempo, a publicidade e o marketing aproveitaram as possibilidades da tecnologia e da digitalização, principalmente para acumular grandes quantidades de dados das pessoas, o que pode gerar riscos sociais e enfraquecer a soberania digital individual, mesmo em sociedades democráticas. O Warc destaca igualmente os riscos colocados pela cibercriminalidade, que, nos seus extremos mais graves, pode tentar perturbar o normal funcionamento da sociedade.

 

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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