A empresa global de pesquisa de mercado, Euromonitor International, divulgou o seu relatório exclusivo “10 Principais Tendências Globais de Consumo 2023”, que visa ajudar organizações a ficar à frente da disrupção, prever motivações de compras e suprir necessidades não atendidas.
Consumidores a gastar de forma responsável, porém emocional, o papel da digitalização nos processos de compra, as demandas de igualdade feminina e uma Geração Z disruptiva são alguns dos fatores que vão definir as tendências globais de consumo, em 2023, de acordo com a Euromonitor.
“Os últimos anos foram tudo menos convencionais e 2023 não será exceção”, de acordo com Alison Angus, head de inovação da Euromonitor International. “As empresas devem esperar um comportamento bastante divergente, à medida que os consumidores lidam com os desafios contínuos enquanto voltam ao normal”.
Automação autêntica
O digital é uma força dominante, mas a tecnologia não consegue igualar-se às nuances humanas. Embora as máquinas tornem possível a conveniência e a velocidade, o poder das conexões emocionais não deve ser subestimado.
58% dos consumidores sentia-se à vontade para conversar com um ser humano para resolver questões de atendimento ao cliente, em comparação 19% com um bot automatizado no site de uma empresa em 2022, apurou a Euromonitor.
Humanos e máquinas precisam de estar em sincronia para fornecer soluções significativas. As conexões emocionais não devem ser subestimadas e os benefícios tecnológicos devem superar a necessidade de interações pessoais para criar uma experiência perfeita.
Compradores cautelosos
Quando gastar versus quando economizar, esse é o dilema. A inflação e os preços altos prejudicam o poder de compra. A crise do custo de vida está a diminuir o poder de compra dos consumidores e economizar é a prioridade. Os consumidores estão mais metódicos com seu dinheiro. Em 2022, 75% dos consumidores não planeava aumentar os gastos gerais.
As empresas precisam implementar ou desenvolver soluções que ajudem os compradores cautelosos a economizar ao mesmo tempo que avaliam as despesas gerais.
Controlar o tempo em frente ao ecrã
As pessoas ainda estão ligadas aos seus dispositivos, mas são mais seletivas com o tempo que passam em frente ao ecrã. 57% dos consumidores apagou aplicações dos seus smartphones em 2022. Os consumidores querem uma experiência digital eficiente e filtrada de acordo com seus interesses.
Eco-económicos
Os padrões de consumo são menos de aquisição e mais de redução, o que impacta positivamente o planeta. Os preços dos bens, energia e habitação estão a fazer com que as pessoas reduzam os seus gastos. Os consumidores continuarão a mudar para produtos que economizam energia, a comer mais em casa, a reduzir o uso de eletrodomésticos e a limitar as viagens. 43% dos consumidores reduziu o consumo de energia no ano passado e 34% dos consumidores estava disposto a comprar itens em segunda mão em 2022.
Hora do jogo
Os videojogos tornaram-se num líder de entretenimento e transcenderam a divisão geracional. O que antes era um nicho é agora uma oportunidade de mercado em massa, com as pessoas a quererem uma fuga do stress das suas vidas quotidianas.
As comunidades online servem como uma plataforma para socializar e conectar com outras pessoas que partilham interesses semelhantes. 30% dos consumidores possuía uma consola de jogos, em 2022, e 37% jogou online, pelo menos, uma vez por semana.
Aqui e agora
Os gastos discricionários tornaram-se mais intencionais. Produtividade, crescimento pessoal e
alegria são motivos para comprar. Extravagâncias inteligentes e luxos acessíveis permitem aos consumidores desfrutarem sensatamente para relaxar ou lidar com o mundo.
Métodos de pagamento alternativos são ainda mais cruciais para a tendência Aqui e Agora. Essas
soluções flexíveis ajudam a aliviar os encargos financeiros e incentivam os compradores a terem coragem para comprar itens com preços mais altos. O popular modelo “buy now, pay later” distribui o custo de itens caros ao longo de um período, para que os consumidores se sintam confortáveis no checkout.
Rotinas reavivadas
O pós-pandemia está aqui. Os consumidores estão a adaptar-se a novos horários e a navegar o retorno à realidade, com vários anos tumultuosos a deixarem-nos ansiosos por experiências da vida real, camaradagem e atividades normalizadas. 39% dos consumidores disse que mais das suas atividades diárias será presencial, nos próximos cinco anos.
Ascensão feminina
Os consumidores exigem igualdade feminina. O movimento #MeToo foi um catalisador para a mudança social. A reviravolta de Roe vs. Wade nos Estados Unidos da América, a morte de Mahsa Amini no Irã e a vítima de femicídio Debanhi Escobar no México, entre outras injustiças, provocaram indignação em todo o mundo. Foram tomadas medidas para abordar as barreiras sistémicas, mas a discriminação de género continua a ser um problema evidente.
Os consumidores recusam-se a permanecer em silêncio sobre a desigualdade de género. Representação justa, equidade e inclusão estão na vanguarda das decisões de compra das mulheres.
Os prósperos
A fadiga está a instalar-se, à medida que os consumidores lidam com tempos caóticos e erráticos: estão a colocar as necessidades pessoais acima de tudo. Em resposta, países como a Bélgica e empresas como a Panasonic estão a implementar ou a testar semanas de trabalho de quatro dias, sem perda de salário, para promover o bem-estar.
53% dos consumidores estabeleceuum limite estrito entre vida profissional (ou escolar) e pessoal, em 2022. Os Prósperos estão a procurar paz de espírito e consolo. Esses consumidores compram produtos que melhoram o humor e que proporcionam uma sensação de calma e conforto.
Jovens e disruptivos
Os consumidores da Geração Z defendem as suas crenças e expõem as suas opiniões. São imunes à publicidade tradicional. Autenticidade e impacto social fazem a diferença. 30% toma decisões de compra com base nas crenças sociais e políticas das marcas e 24% boicota marcas que não partilham as suas crenças sociais ou políticas.
A Geração Z é uma força económica e representa quase um quarto da população. A pandemia moldou os seus anos de maior desenvolvimento, o que se traduz numa maior resiliência e expectativas do que as gerações anteriores. Estes consumidores Jovens e Disruptivos estão à beira da independência financeira e a sua criação não convencional transformará os negócios da forma que conhecemos.