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A inflação em Portugal acelerou em agosto ao atingir os 2,8%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Ainda assim os portugueses mantêm uma das maiores despesas de consumo em retalho na Europa. De acordo com o European Retail Study da GfK/NIQ, 38,9% do consumo privado nacional, em 2024, foi destinado para o retalho, face a 32,6% na média da União Europeia (UE).
Este valor contrasta com um poder de compra relativamente baixo, de 14.642 euros per capita, cerca de 30% abaixo da média europeia (21.008 euros), que coloca Portugal em 16.º lugar entre os 27 Estados-membros. Apesar desta diferença, o sector do retalho nacional demonstrou sinais de resiliência, com um crescimento de 3,7% no volume de negócios anual, acima da média europeia (3,0%).
O crescimento foi particularmente visível nos bens de grande consumo, com uma subida de 4,9% (vs. 3,6% na UE), e também no segmento não alimentar, que registou um crescimento de 2,5% (vs. 1,8% na UE).
“Os resultados do estudo revelam que, mesmo num quadro de pressão inflacionista, os portugueses continuam a consumir cada vez mais. O setor mantém-se um motor central da economia nacional e reflete a capacidade de as famílias adaptarem os seus padrões de consumo às condições do mercado e rendimentos disponíveis”, afirma António Salvador, diretor-geral da GfK em Portugal.
No cenário europeu, a quota de retalho no consumo privado caiu pelo terceiro ano consecutivo, com os cidadãos da União Europeia a despender apenas 32,6% do seu rendimento disponível neste setor. A Alemanha apresenta o valor mais baixo (25,1%), enquanto países da Europa de Leste, como Croácia (48,0%), a Bulgária (46,3%) e a Hungria com (45,3%), mantém a liderança em gastos no retalho.
A nível macroeconómico, a inflação na União Europeia situou-se em 2,6%, no ano de 2024, com uma previsão de estabilização para 2,3%, em 2025. No caso de Portugal, a análise aponta para uma redução de 0,7 pontos percentuais (p.p.) na taxa de inflação, que ilustra os desafios que os orçamentos familiares enfrentam num contexto de ajustamento económico.