O estúdio da GS1 Portugal foi palco de um debate sob o mote “Liderança e Gestão de Talento” em tempos de pandemia.
Na sessão moderada por Tiago Borges, Career Business Leader da Mercer Portugal, em que participaram Isabel Andrade, CEO da Bright Concept, Isabel Barros, Executive Board Member da Sonae MC, e Maria do Rosário Vilhena, Head of Human Resources da Nestlé Portugal, foram partilhadas as medidas adotadas pelas respetivas organizações e aspetos que ponderam nas decisões necessárias à definição de próximos tempos.
Começando pelo início do confinamento, na Nestlé, a grande prioridade foi assegurar todos os postos de trabalho, garantindo a tranquilidade dos colaboradores. Além disso, como explicou Maria do Rosário Vilhena, “foram criados fóruns de discussão, de aconselhamento e de partilha para os colaboradores, para que todos tivessem apoio psicológico especializado, bem como apoio das respetivas equipas e chefias num período incerto, em que muitos colaboradores se viram confinados em casa, no cumprimento das suas responsabilidades profissionais, familiares e paternais, muitos com filhos em idade escolar a quem tinham de dar apoio em regime de ‘homeschooling’”.
No caso da Sonae MC, Isabel Barros realçou que, com a necessidade de trabalho remoto, “houve funções que se esgotaram ou que não fazia sentido serem exercidas e, nesse contexto, houve mais de 300 colaboradores que saíram de casa e foram para as lojas apoiar as equipas”. Sobre o futuro, Isabel Barros não acredita no funcionamento de empresas em “full remote”, até porque há uma percentagem significativa de colaboradores que assumiu não conseguir ser produtivo a trabalhar em casa. “A cultura da empresa não se vive e constrói atrás de um computador, mas sim no escritório, resulta de relações de empatia com os outros, do estar em loja, do contacto e da comunhão da equipa”, explicou a Executive Board Member da Sonae MC.
Já Isabel Andrade destacou que um dos grandes problemas das empresas durante o período do confinamento, e mesmo posteriormente, foi darem 2020 como “um ano perdido em termos de resultados”. Para combater esta desmotivação e falta de produtividade, foi crucial a “intervenção dos líderes com visões otimistas e positivas”.
Adaptação à transformação digital
Sobre a dificuldade de adaptação à transformação digital e ao trabalho remoto, as opiniões dividem-se. Se, para Isabel Andrade, houve dificuldade de adaptação relacionada com uma questão geracional, para Isabel Barros, o sucesso deste ajuste prendeu-se com as funções desempenhadas.
Em relação ao futuro, as três convidadas do evento híbrido da GS1 Portugal, que foi transmitido em direto nas plataformas online da organização, realçaram a necessidade de mudar mentalidades e de as empresas se adaptarem a esta nova realidade. “O foco das empresas deverá passar por reflexões assentes em Data Analytics e Data Insights, além de que as equipas deverão ser mais pequenas e mais ágeis”, acredita Maria do Rosário Vilhena. A responsável de recursos humanos da Nestlé Portugal acrescentou também que “temos todos que ser resilientes, ter mais audácia, mais coragem e os líderes deverão confiar cada vez mais nas suas equipas”.
Para Isabel Barros, “os negócios terão obrigatoriamente que se reinventar, com os conceitos de ‘reskilling’ e ‘upskilling’ na ordem do dia”. E lança o repto: “faz todo o sentido que a GS1 Portugal, enquanto pioneira em tudo o que faz, crie um espaço para discutir e debater estes conceitos”.
Sobre a gestão de talento, Isabel Andrade acredita que “é preciso mais criatividade e imaginação para liderar virtualmente, mas também, nesse cenário, é possível partilhar os valores da empresa e gerir as equipas com eficácia”.