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A Amazon anunciou um novo plano de redução de custos e reestruturação global, que prevê o despedimento de até 30 mil colaboradores corporativos — cerca de 10% dos seus 350 mil funcionários de escritório — naquele que será o maior corte de pessoal desde 2022, ano em que a empresa já tinha eliminado 27 mil postos de trabalho.
Os despedimentos afetam várias divisões, incluindo recursos humanos (People Experience & Technology), dispositivos e serviços e operações, segundo fontes citadas pela Reuters. Os gestores das equipas envolvidas receberam formação específica para comunicar as mudanças internamente.
Ajuste pós-pandemia
Esta nova vaga de cortes insere-se no esforço da gigante tecnológica para corrigir o excesso de contratações registado durante o boom do comércio eletrónico na pandemia. A empresa procura agora otimizar a estrutura organizacional e reduzir custos fixos, após um período de forte expansão seguido por uma desaceleração do consumo e um contexto macroeconómico menos favorável.
Durante os últimos dois anos, a Amazon já tinha reduzido pessoal em divisões como os dispositivos Alexa, podcasts, comunicações e serviços digitais, preparando o terreno para um novo ciclo de eficiência operacional.
O futuro é automatizado
Em paralelo, uma filtração de documentos internos, revelada pelo The New York Times, indica que a Amazon planeia automatizar grande parte da sua rede logística até 2033, com o objetivo de evitar a contratação de 600 mil novos trabalhadores nos Estados Unidos.
O plano prevê uma poupança operacional estimada em 12,6 mil milhões de dólares entre 2025 e 2027, o equivalente a cerca de 28 cêntimos por artigo enviado, graças à adoção de robôs autónomos e sistemas de inteligência artificial capazes de realizar tarefas de classificação, embalagem e transporte interno.
Embora a empresa insista que o objetivo é promover uma “colaboração eficiente entre humanos e máquinas”, os relatórios internos descrevem um cenário de “achatamento da curva de contratação”, no qual a produtividade aumenta significativamente enquanto o crescimento do emprego se estabiliza.
Impacto profundo para o setor do retalho e da distribuição
O impacto da automatização da Amazon pode ir além da empresa. A redução de 28 cêntimos por envio representa uma vantagem competitiva, que poderá pressionar margens em todo o sector do retalho e da distribuição, particularmente no canal alimentar, onde os lucros por unidade são tradicionalmente estreitos.
Os especialistas alertam que este movimento poderá redefinir o equilíbrio global entre eficiência e emprego humano, levando os concorrentes e os operadores logísticos a acelerarem os seus próprios projetos de robotização.
“Ninguém tem o mesmo incentivo que a Amazon para automatizar”, afirmou o economista Daron Acemoglu, laureado com o Prémio Nobel, sublinhando que a adoção em larga escala de robôs poderá eliminar centenas de milhares de postos de trabalho diretos e indiretos no sector logístico.


