As restrições sanitárias, que impuseram o teletrabalho a uma percentagem assinalável das empresas, significaram um esforço de adaptação significativo dos funcionários e líderes que passaram a gerir todo o trabalho à distância. Mas de que forma esta alteração imposta ao mercado por um fator exógeno impactou percursos de carreira e o futuro do trabalho?
Essencialmente, as empresas começaram a privilegiar na sua força de trabalho a flexibilidade, polivalência, capacidade de responder perante o inesperado e a empatia como mais-valias para enfrentar uma mudança quase súbita, como a que obrigou a Covid-19. Como afirma Carla Rebelo, CEO da Adecco Portugal, “a sociedade não tem tempo útil para uma requalificação de emergência, se ela for necessária: portanto, a tendência é que as equipas sejam cada vez mais pequenas e, com isso, há a necessidade de ter mais flexibilidade na alocação de recursos”.
Assim, a Adecco prevê que o futuro do trabalho seja marcado pelo recurso a colaboradores pontuais para melhorar a flexibilidade da força laboral, maior investimento no bem-estar e satisfação dos funcionários, menos concentração nos papéis individuais e mais no conjunto de competências de cada colaborador e aumento do recurso a papéis híbridos.
Híbrido
Tecnicamente, não é uma profissão, mas há uma razão para que este perfil esteja no topo da lista: a economia pode estar a recuperar, mas as empresas ainda estão a tentar equilibrar-se. Isto significa que podem não ter um orçamento para múltiplas contratações e precisarão de alguém polivalente, que possa preencher muitos papéis.
Os papéis híbridos serão um dos melhores trabalhos para 2021, mas terá de ser muito dinâmico e possuir competências tanto técnicas como “soft skills”. Um exemplo de um papel híbrido é um assistente administrativo que também ajuda nas operações e tarefas de recursos humanos.
Especialista em marketing digital
As empresas tiveram de transitar para o domínio digital e as lojas físicas foram transformadas em plataformas de comércio eletrónico. Como resultado, precisam de mais funcionários com competências digitais.
Os especialistas em marketing digital são semelhantes aos profissionais de marketing, mas a sua especialidade está dentro de plataformas, tais como as redes sociais. As competências de trabalho de um especialista em marketing digital incluem desde SEO, a meios de comunicação social e anúncios do Google. Para ter sucesso, é necessária experiência de trabalho no digital, bem como de conhecimentos gerais de marketing.
Designer gráfico/criativo
Os designers gráficos serão uma das profissões de topo na pós-pandemia. As empresas vão querer realizar campanhas de marketing ambiciosas e vão precisar de alguém que consiga atualizar os conceitos de marketing.
Para quem procura uma carreira que lhe permita exprimir a sua criatividade, este é o trabalho ideal. Parte da descrição do trabalho inclui o desenvolvimento de design para ilustrações de produtos, a criação de novos logótipos para empresas em fase de arranque e rebranding, design de interface de utilizador e artes finais para campanhas de publicidade, só para citar alguns.
Outras funções com grande procura, que estão relacionados com esta profissão, incluem diretores criativos, artistas de produção, artistas multimédia e videógrafos. Para estes trabalhos, será necessária experiência com ferramentas da Adobe, como Photoshop, InDesign, Premiere, entre outras.
Consultor de marketing
As empresas procuram recuperar totalmente em período pós-Covid, razão pela qual os consultores de marketing serão um dos trabalhos mais procurados. Neste papel, o profissional ajudará as organizações a criar estratégias de marketing, identificar o melhor conceito criativo e de comunicação, para além de executar a estratégia.
O grande atrativo de ser consultor é que pode trabalhar para uma agência ou como freelancer. As empresas tendem a procurar consultores de marketing com alguns anos de experiência, o que pode incluir trabalhar para uma agência ou no departamento de marketing de uma empresa.
Analista de dados
Agora, as empresas estão também a começar a aperceber-se da importância dos dados, muitas vezes referenciados como “o petróleo do século XXI”. Querem compreender os hábitos de consumo, tanto online como offline, e depois utilizar esta informação para criar estratégias de marketing úteis e capazes de criar valor. É aí que entram os analistas de dados.
O trabalho passa pela recolha de informação de diferentes espaços para, depois, interpretar padrões e tendências. Posteriormente, dará recomendações sobre como os indicadores melhoram o negócio a partir da análise.
Existem muitos cursos diferentes na área da ciência dos dados, mas para ter sucesso nesta função, ter-se-á de estar familiarizado com o Google Analytics, bem como com muitas ferramentas de CRM, entre outras relacionadas com análise e relatório.