Apenas 33% dos portugueses considera frequentemente o impacto ambiental nas suas decisões de consumo, segundo o estudo “Consumer Sentiment Survey 2023”, realizado pelo Boston Consulting Group (BCG). Essa proporção sobe para 39% em adultos com mais de 64 anos e diminui para 22% em adultos entre os 18 e 24 anos.
À questão “Até que ponto a sustentabilidade impacta as suas decisões de consumo?”, quase metade (45%) dos portugueses revelou ainda que, por vezes, tem em conta o impacto ambiental na hora de consumir e 10% admitiu não tomar decisões sustentáveis, com outros 12% a confessar não estar familiarizado com o impacto das suas escolhas.
Fatores de escolha
Para os consumidores, a experiência com compras anteriores é o fator mais relevante na escolha entre produtos semelhantes e com o mesmo preço, sendo um fator de escolha para seis em cada 10 portugueses, seguido do facto de o produto ser ambientalmente sustentável, considerado importante por quatro em cada 10 inquiridos. O apoio a uma causa social e o país de origem são os fatores menos relevantes, sendo selecionados por apenas 23% e 22% da amostra, respetivamente.
“Os dados de Portugal demonstram que ainda há um longo caminho a fazer por parte das organizações, que precisam de agir para tornar as escolhas sustentáveis comuns de forma a criar um impacto real”, explica Tiago Kullberg, Managing Director & Partner da BCG. “Os portugueses estão com a carteira mais apertada e isso explica por que a sustentabilidade não está nas suas prioridades, mas, mesmo quando o preço é igual, há outras opções que têm mais peso na tomada de decisão”.
As categorias onde os inquiridos têm maior disponibilidade para pagar um extra por sustentabilidade são higiene, alimentos, automóveis, farmácia e saúde, que reúnem o consenso de mais de metade dos portugueses que estão, em proporções idênticas, dispostos a pagar até mais 5% pelo valor do produto. De facto, menos de um quarto dos portugueses que admite pagar um extra por estas categorias estaria disposto a pagar mais de 20%.
No espectro oposto, entretenimento, brinquedos e jogos e bens de luxo são as categorias nas quais os portugueses estão menos dispostos a pagar mais por sustentabilidade.
Lacuna com as compras
Outro estudo recente da BCG ,denominado “Overcoming the Eight Barriers to Making Green Mainstream”, revela que existe, a nível global, uma grande lacuna entre o que a maioria dos clientes diz sobre sustentabilidade e o ato de comprarem efetivamente produtos sustentáveis e muito menos pagarem mais por eles.
Para que as empresas atinjam os seus objetivos de sustentabilidade, têm de fazer com que as escolhas ecológicas passem a ser comuns, o que implica a criação de ofertas baseadas numa compreensão profunda das necessidades e motivações dos consumidores e a adoção de estratégias para alterar os padrões de compra.
A nível global, existem oito barreiras fundamentais à escolha de opções sustentáveis pelos consumidores: consciencialização, disponibilidade, preço, conveniência, qualidade do produto e confiança.