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Produtos biológicos conquistam portugueses

Os portugueses demonstram-se cada vez mais interessados em consumir produtos de origem biológica. Questões de saúde, proteção do ambiente ou, simplesmente, a moda de adotar um novo estilo de vida, a realidade é que estes produtos têm cada vez mais procura, potenciando o negócio da agricultura biológica que tem agora espaço para a criação de cada vez mais mercados locais, marcas próprias na grande distribuição e até o aparecimento de novas insígnias.

Segundo dados da Euromonitor, os biológicos são a terceira categoria de maior crescimento na Europa, logo a seguir à nutrição desportiva e às intolerâncias, apresentando, desde 2010, uma taxa de crescimento média anual de 6%. Também conhecida como orgânica, ecológica ou natural, a agricultura biológica é “um modo de produção que visa produzir alimentos e fibras têxteis de elevada qualidade, saudáveis, ao mesmo tempo que promove práticas sustentáveis e de impacto positivo no ecossistema agrícola. Assim, através do uso adequado de métodos preventivos e culturais, tais como as rotações, os adubos verdes, a compostagem, as consociações e a instalação de sebes vivas, entre outros, fomenta a melhoria da fertilidade do solo e a biodiversidade. Em agricultura biológica, não se recorre à aplicação de pesticidas nem adubos químicos de síntese, nem ao uso de organismos geneticamente modificados”.

Esta é a definição fornecida pela Associação Portuguesa de Agricultura Biológica (Agrobio), um dos agentes mais ativos na promoção deste tipo de agricultura que está cada vez mais presente na vida dos portugueses. Se até há uns anos este tipo de produtos só se encontrava em locais muito específicos, a realidade hoje em dia é diferente. O interesse pelos produtos biológicos cresceu e a oferta tem vindo gradualmente a aumentar com a proliferação de novos mercados locais, insígnias direcionadas exclusivamente a estes produtos e criação por parte das insígnias já existentes não só de marcas próprias, como de espaços dedicados s dentro das suas lojas.

Para Jaime Ferreira, presidente da Agrobio, o papel da associação tem sido fundamental. “O crescimento da agricultura biológica deve-se sobretudo aos consumidores estarem cada vez mais interessadas em produtos biológicos. Há muitos anos, existia uma única feira anual, a Terra Sã, onde eram divulgados e demonstrados estes produtos. Desde 2003 e promovidos pela Agrobio começaram a existir outros mercados em Lisboa e em diversos pontos do país. A partir da existência destes mercados de proximidade, as pessoas começaram a conhecer melhor o que são os produtos biológicos, a provar e a gostar. Acredito que esta tendência começou do lado da produção e agora são os consumidores que exigem mais”, explica.

Sem conseguir divulgar ainda dados oficiais, Jaime Ferreira aponta que em Portugal exista atualmente cerca de 7% de superfície utilizada para agricultura biológica. Apesar da crescente tendência, continua a ficar atrás de alguns países da União Europeia, constituindo um desperdício de recursos tendo em conta as condições de cultivo existentes no nosso país. “A Europa no seu todo está a crescer. A Alemanha é o maior mercado de consumo e produção de produtos biológicos. A Dinamarca propôs o ano de 2020 como a meta para ter grande parte do seu território cultivado só em agricultura biológica, desejando mesmo alcançar os 100%. A Áustria, por exemplo, já tem 20% do seu solo utilizado para agricultura biológica, no entanto, devido ao clima e ao território montanhoso, só consegue produzir em certa parte do ano. Espanha, por exemplo, é um grande produtor, mas não é consumidor, em Portugal acontece o contrário. Há um grande trabalho a fazer no sentido de melhorar a organização da oferta e tornar os produtos mais acessíveis”, comenta.

Democratizar a oferta de produtos biológicos é um objetivo comum a vários agentes do mercado. O estigma sobre o preço destes produtos em relação aos restantes continua a constituir uma barreira ao negócio. 

Leia o texto na íntegra na edição 42 da Grande Consumo e conheça as iniciativas de Brio e Sonae, entre outros agentes do mercado, na promoção destes produtos.

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