Donald Trump
Foto Shutterstock
in

Primeiros 100 dias de Trump mergulham economia global em incerteza e tensão comercial

Oiça este artigo aqui:

Os primeiros 100 dias do novo mandato de Donald Trump na Casa Branca foram marcados por volatilidade económica, retração dos mercados e uma crescente incerteza global, segundo análise da Euromonitor International.

Entre as medidas mais disruptivas estão novas tarifas comerciais, ameaças de deportações em massa e revisões agressivas nas políticas de energia, migração e tecnologia.

 

Choques tarifários afetam cadeias de abastecimento

A administração Trump avançou com novos impostos sobre os produtos importados, afetando parceiros comerciais como a China, o México e a União Europeia. A consequência imediata tem sido o aumento dos custos de produção, pressões inflacionistas e risco de retaliações comerciais, sobretudo em sectores como a alimentação, bebidas, automóvel, eletrónica e beleza.

As empresas norte-americanas enfrentam dificuldades acrescidas: com poucos fornecedores alternativos, os importadores veem-se forçados a pagar mais ou a repensar os seus modelos de negócio. Ao mesmo tempo, os exportadores dos Estados Unidos perdem competitividade em mercados onde se anteveem tarifas de retaliação.

 

Risco de recessão e retração no consumo

As políticas de Trump estão a alimentar o risco de recessão, segundo a Euromonitor, sobretudo num contexto em que o crescimento económico global é frágil. O impacto é visível no abalo da confiança dos consumidores e investidores, nas flutuações nos mercados financeiros e na retração de cadeias globais de valor, especialmente nos sectores dependentes de trabalho migrante e importações.

No sector alimentar, por exemplo, cerca de 50% a 75% dos trabalhadores na colheita e no processamento de carne nos Estados Unidos são indocumentados, tornando o sector agroalimentar altamente vulnerável às políticas anti-imigração de Trump.

 

México, Índia e Vietname beneficiam de nova configuração do comércio

Com tarifas de 100% sobre veículos elétricos chineses e 25% sobre baterias de iões de lítio, o impacto no sector automóvel foi imediato. Os fabricantes chineses estão já a rever as suas estratégias de exportação, acelerando a diversificação para mercados alternativos e produção localizada fora da China.

A perda de posição da China como principal fornecedor dos Estados Unidos abre caminho a países como o México, Índia, Vietname e Tailândia, que ganham peso na cadeia de fornecimento de componentes eletrónicos e industriais. A fragmentação do comércio global pode, no entanto, gerar novas fragilidades logísticas e desequilíbrios geopolíticos.

Siga-nos no:

Google News logo

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

Estados Unidos e China acordam redução mútua de tarifas durante 90 dias

Kiyv, Ukraine - August 9, 2020: Sign of Skechers on the shop at Shopping Mall. Skechers is an American shoes company founded by CEO Robert Greenberg and his son Michael in 1992

3G Capital compra Skechers por 8,3 mil milhões de euros