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Portugueses procuram alimentação saudável, mas acesso é limitado pela inflação

A alimentação saudável tornou-se uma preocupação para a maioria dos portugueses, com 90% a afirmar que presta mais atenção ao equilíbrio das suas refeições e 51% a indicar mesmo que, no último ano, mudou os seus hábitos para começar a comer melhor.

Num contexto de inflação, em que 97% das pessoas espera que os preços da comida continuem a subir e quando 50% dos portugueses já gasta mais de 30% do seu orçamento mensal em alimentação, a perda do poder de compra obriga a cada vez mais cortes nesta rubrica. Do lado dos restaurantes, mais de metade admite estar a servir menos clientes. A tentarem ir ao encontro das novas expectativas dos consumidores, 52% indica que já disponibiliza opções saudáveis e mais equilibradas.

A sustentabilidade na alimentação assume também uma relevância crescente. 84% dos portugueses confessa estar preocupado com o desperdício alimentar e 82% admite que gostaria de saber quais os restaurantes que têm ações contra o desperdício. Por sua vez, 90% dos responsáveis de restaurantes revela que já implementou medidas para combater o desperdício alimentar. 74% assume ainda que, nos últimos anos, mudou os seus fornecedores e hábitos, de forma a ter produtos mais saudáveis e locais, e 75% utiliza produtos orgânicos nas suas ementas.

Estas são algumas das principais conclusões do Barómetro FOOD, o estudo lançado anualmente no âmbito da iniciativa com o mesmo nome. Coordenado pelo Grupo Edenred, em conjunto com 25 parceiros públicos e universidades, entre as quais a Direção-Geral de Saúde e a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, o Programa FOOD (Fighting Obesity through Offer and Demand) tem como objetivo promover uma alimentação equilibrada ao almoço, através de diversas ações junto dos colaboradores, empresas e dos restaurantes.

Em Portugal, o Barómetro FOOD 2023 contou com mais de 1.300 respostas, evidenciando ainda outras duas tendências globais, já observadas no ano passado: a digitalização lenta e constante do sector da restauração e o papel dos vales de refeição (cartão refeição) para garantir o orçamento alimentar, bem como para melhorar a quantidade e a qualidade da alimentação.

 

As pessoas querem comer melhor, mas não conseguem pagar

O Barómetro FOOD revela que 90% dos portugueses está mais desperto para a alimentação saudável. 93% dos inquiridos indicou que a saúde é a principal motivação para querer mudar de hábitos, seguindo-se a procura por uma maior diversidade alimentar (72%) e as questões ambientais/animais (68%).

51% dos portugueses afirma mesmo que, no último ano, mudou os hábitos alimentares, para comer melhor. 84% revela ainda que tem em conta o índice nutricional nas escolhas feitas. Contudo, considerando o total de almoços e jantares, apenas 23% das pessoas faz entre 11 e 14 refeições saudáveis por semana. 28% dos portugueses tem entre sete e nove refeições equilibradas, 30% entre quatro e seis refeições e 20% menos de três.

Face ao contexto de inflação, que já no ano passado levava as pessoas a cortarem em despesas de alimentação, metade dos portugueses gasta mais de 30% do seu orçamento mensal em alimentação, sendo que 17% gasta mesmo mais de 40%. De acordo com dados do Eurostat, em 2019, os gastos com alimentação dos portugueses rondavam em média 16% do orçamento mensal.

Com 97% dos portugueses a acreditar que os preços da alimentação continuarão a subir nos próximos meses, atualmente, 70% das pessoas afirma que, no final do mês, já não tem dinheiro disponível do subsídio de alimentação e precisa de utilizar outros meios para pagar as refeições. Recorde-se que, apesar do montante do subsídio isento em cartão refeição ser de 9,60 euros por dia, de acordo com um estudo realizado pela Netsonda para a Edenred, os portugueses recebem em média 5,77 euros por dia. Se recebessem mais, as pessoas acreditam que melhorariam a qualidade das suas refeições (75%), aumentariam a quantidade de comida ao almoço (54%), comprariam mais produtos para preparar as refeições (87%) e iriam mais vezes a restaurantes à hora de almoço (42%).

 

A perda de clientes, num sector com digitalização lenta, mas constante

A crescente procura por refeições saudáveis é já sentida nos restaurantes. 64% dos responsáveis considera que os clientes notam e apreciam a oferta de refeições mais saudáveis/equilibradas, 44% regista mesmo uma maior procura por pratos equilibrados e uns iguais 44% acredita que propor refeições saudáveis poderá constituir-se como uma fonte de receitas sustentáveis.

Por isso mesmo, a maioria dos restaurantes promove já uma alimentação saudável. 74% tem opções vegetarianas na ementa e 61% disponibiliza, pelo menos uma vez por semana, um prato do dia vegetariano.

Indo também ao encontro das expectativas dos clientes, regista-se uma crescente digitalização dos restaurantes: 26% disponibiliza encomendas online para serviço de takeaway, 14% tem um serviço próprio de entregas, 21% dispõe de um serviço de “pedido e pagamento à mesa” (através de QR code), 19% trabalha com plataformas de reservas de mesa e 25% com plataformas de entregas.

No entanto, com 57% dos portugueses a afirmar que, perante o aumento dos preços, muito provavelmente cortariam em despesas com restaurantes, mais de metade dos estabelecimentos (52%) sente já a perda de clientes.

 

A importância do cartão de refeição

Face à quebra do poder de compra, que se repercute na capacidade de manter uma alimentação mais saudável e equilibrada, o vale social de refeição afigura-se como uma importante ferramenta para assegurar um orçamento para a alimentação e garantir a melhoria da sua qualidade.

Mais de dois terços dos portugueses consideram que os vales sociais (cartão) de refeição aumentam o seu poder de compra, 33% refere mesmo que permite comer melhor (uma refeição completa e mais equilibrada) e 25% que permite ir mais vezes a restaurantes.

Os responsáveis dos restaurantes também evidenciam as vantagens do cartão de refeição. 60% afirma que o sistema de títulos de refeição tem um impacto positivo no seu negócio, destacando o aumento das receitas, a maior visibilidade do estabelecimento, atraindo novos clientes, e o maior número de visitas dos clientes que têm cartão de refeição em comparação com os que não têm. Assim, 80% mostra-se satisfeito com o sistema de vales (cartão) de refeição.

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