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Portugueses priorizam conveniência e marcas próprias

O NIQ Retail Spend Barometer, que analisa tendências de consumo em Portugal, revelou um crescimento de 7,3% nas vendas de bens de grande consumo (FMCG) e tecnologia e bens duradouros (T&D) entre julho e setembro, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Este aumento, com as vendas a atingirem 6,5 mil milhões de euros, reflete tanto o impacto da inflação como a maior procura por conveniência e a preferência por marcas próprias.

 

Conveniência em alta no FMCG

O estudo destaca que o crescimento de 8,2% nas vendas de FMCG está relacionado com a mudança de hábitos de consumo. Muitos portugueses optaram por refeições rápidas e práticas em casa, em detrimento dos restaurantes, devido ao aumento dos preços na restauração.

Esta tendência impulsionou vendas de massas frescas refrigeradas (18%), refeições prontas refrigeradas (4,5%), vegetais congelados (2,9%) e gelados (+7,6%), apesar de um aumento de preço médio superior a 5%.

Ana Barbosa, retailer vertical director da NIQ, destaca ainda o impacto nos produtos de sobremesas, onde as vendas em valor cresceram quase 16%, impulsionadas por um aumento médio de preços de 8%.

 

Força das marcas próprias

Outro fator de destaque foi a crescente preferência por marcas próprias. O segmento de perfumes, por exemplo, viu o volume de vendas aumentar dois terços no terceiro trimestre. No entanto, como o preço médio neste segmento caiu mais de 10% devido às marcas próprias, o valor total de vendas em perfumes foi de apenas 50%.

Tendências semelhantes foram observadas em maquilhagem e cremes para mãos e rosto, devido ao aumento do investimento das cadeias de retalho em produtos de beleza nomeadamente nas suas próprias marcas.

 

Em queda

Em Portugal, verificou-se uma queda significativa nas vendas em volume da maioria das bebidas alcoólicas, incluindo licores, espumantes, aperitivos, vinho do Porto, brandy, whisky e bebidas espirituosas. As principais razões são o aumento significativo dos preços e mudanças nos hábitos de consumo.

O chocolate registou o maior aumento de preço no mercado FMCG português. O preço médio dos produtos de cacau subiu quase um quarto, levando a um aumento de 20% nas vendas em valor, apesar de o volume de vendas destes produtos ter caído 3,5%.

 

Bricolage e eletrodomésticos em crescimento

Já o segmento de tecnologia e bens duradouros registou um aumento das vendas em valor de 2,9%, com destaque para os artigos de bricolage (9,3%) e para os eletrodomésticos (4,1%). Exemplo desta tendência são as fritadeiras de ar quente.

No entanto, o aumento nas vendas de produtos tecnológicos foi menor, com uma subida de apenas 1,1%. Isto deve-se ao facto de produtos como computadores, monitores, webcams e outros acessórios terem sido muito comprados durante a pandemia e ainda não necessitarem de substituição. Além disso, o armazenamento de dados está a migrar para a cloud, reduzindo a necessidade de dispositivos físicos de armazenamento.

“Esperamos um aumento significativo nos gastos durante o quarto trimestre, tanto no segmento FMCG como T&D. A Black Friday e a época natalícia vão impulsionar fortemente as vendas. No entanto, a sustentabilidade continua a ter um papel secundário no comportamento dos consumidores. Os portugueses só aceitam pagar mais por produtos ecológicos se estes apresentarem outras vantagens associadas”, explica Pedro Oliveira, retail manager Tecnologia e Bens Duráveis na NIQ/GfK em Portugal.

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Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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