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Portugueses continuam adeptos do snacking

A preocupação com a saúde e o bem-estar continua a condicionar as escolhas alimentares dos consumidores portugueses. Contudo, o mercado de snacks em Portugal apresenta uma evolução positiva no ano móvel findo na semana 24/2017, alicerçada numa maior frequência de compra e no ritmo acelerado do dia-a-dia, que impulsiona para a eleição de soluções práticas e convenientes. Assim o reportam os últimos dados do Nielsen Market Track, que assinalam crescimentos em ambas as categorias: batatas fritas e aperitivos embalados.

O mercado de snacks mantém a sua tendência de crescimento. Segundo a Nielsen, o consumo aumentou 6%, consolidando o crescimento já verificado nos anos anteriores. “Este aumento de consumo foi apoiado tanto na consolidação da base de ‘shoppers’, como por uma maior frequência de compra. Em termos de preços médios, assiste-se a uma estabilização, com um crescimento da faturação também na ordem dos 6%, revelando uma performance dos snacks acima da média dos Fast Moving Consumer Goods”, analisa Inês Gomes, Client Consultant Senior da Nielsen.

A análise ao mercado de batatas e snacks da Kantar Worldpanel para o ano fiscal de 2016 também atribui à maior regularidade de compra o crescimento do mercado, embora, nos últimos trimestres, os compradores e uma cesta maior tenham sido os “drivers” de crescimento das batatas fritas e aperitivos embalados. A categoria destaca-se particularmente em lares com crianças e de classe alta, sendo o grupo dos reformados o menos desenvolvido.

Snacks saudáveis
Os consumidores portugueses são responsáveis pela compra de 15,2 milhões de quilogramas de aperitivos embalados (inclui aperitivos, frutos secos, pipocas e pretzels) comercializados no canal alimentar, de acordo com os dados da Nielsen. Este volume de vendas representa um aumento de 10% em relação ao período anterior. Relativamente ao valor, a categoria foi responsável, no período analisado, por 133 milhões de euros, o que corresponde a um crescimento de 10%.

Para Joana Vinagre, Brand Manager de A Vaca que Ri, existem duas grandes tendências a emergir a nível mundial e que já chegaram a Portugal. “Uma é o snacking, que tem vindo a ter cada vez mais importância e a revolucionar hábitos alimentares. O ritmo de vida acelerado, aliado à falta de tempo, quase que ‘obriga’ a refeições mais rápidas, mais ‘on-the-go’, mais lanches, mais super alimentos”.

Mas o snacking é muito mais do que a chamada “junk food”. Para termos ideia, o queijo é já a terceira categoria escolhida para snacks na Europa e na América. A outra grande tendência é a crescente preocupação com a alimentação e com a adoção de estilos de vida saudáveis, que se reflete numa escolha cada vez mais consciente dos alimentos a ingerir. “Há um claro investimento no natural, no sem corantes e sem conservantes, na nutrição”, acrescenta Joana Vinagre.

Este recente segmento incorpora uma categoria já madura, nomeadamente no que diz respeito à comercialização de bolachas, chocolates e barras de cereais. Embora ainda esteja na mente do consumidor a associação de snack a um alimento prejudicial para a saúde, a comunicação das marcas tem vindo a alargar o âmbito destes produtos para além dos tradicionais aperitivos. Consequentemente, assiste-se a uma adaptação do conceito de snack, que responde às preocupações alimentares do consumidor de hoje. Um consumidor espera encontrar produtos saudáveis, práticos e rápidos de consumir nas prateleiras, pois está, cada vez mais, atento àquilo que consome e mais consciente de que as más escolhas alimentares estão relacionadas com a prevalência de doenças crónicas. “Cada vez mais se denota uma procura crescente na categoria dos snacks saudáveis, naturais e sem adições, onde se enquadram os snacks Fruut. Estes snacks têm um forte potencial de penetração nos lares portugueses, uma vez que o consumidor opta por alternativas saudáveis e que não coloquem em causa a sua dieta”, afirma Gustavo Abreu, International Sales Manager da Frueat, a detentora da marca Fruut.

Adicionalmente, o crescimento do segmento de snacking saudável pode ser justificado, de acordo com Inês Santos, responsável de marketing da Frueat, pelo facto de 43% dos portugueses estar atualmente a tentar perder peso, segundo um estudo realizado pela Nielsen em 2016. No mesmo sentido, 74% dos portugueses que participaram no estudo “Global Health and Ingredient-Sentiment” afirmam tomar decisões a pensar na sua saúde e na prevenção de doenças como a obesidade, diabetes, colesterol e hipertensão e 62% são atraídos por produtos com ingredientes saudáveis. “Este aspeto evidencia a mudança de mentalidade ocorrida no sector alimentar e na categoria snacks, assistindo-se a um aumento da oferta de snacks que comunicam benefícios saudáveis procurados pelos consumidores”.

Importância do ponto de venda
Por sua vez, a categoria das batatas fritas também experienciou um crescimento, embora mais discreto, do volume comercializado: 15,7 milhões de quilogramas, o que representa um aumento de 4%. Também em termos de valor se verificou um aumento de 4%, atingindo os 86,7 milhões de euros no período analisado. A categoria mantém-se popular entre os consumidores portugueses e, segundo o Nielsen HomeScan, 86% dos lares em Portugal Continental compraram batatas fritas no último ano. “O ponto de venda é crítico. É ali que o consumidor toma a sua decisão, muitas vezes contrária à expectativa criada pelo hábito de compra. Ou seja, atualmente, o consumidor muda a decisão de compra naqueles segundos em que se dirige ao linear cada vez mais segmentado”, explica Carla Serrão, Marketing Manager da Touch.

Análise que é também válida para os snacks. “A forma como o produto está exposto, o posicionamento nos lineares e a reposição de stock tem impacto na decisão de compra. Os snacks são produtos de impulso e que, por norma, o consumidor não coloca na lista de compras”, acrescentam os responsáveis da Frueat.

Adicionalmente, tem-se tentado trazer inovação que responda às preocupações com a saúde e bem-estar dos consumidores. “Por um lado, assistimos à redução de gorduras e teor de sal, por outro, ao lançamento de produtos que respondam à vontade de ter um snack com sabor, mas com benefícios nutricionais evidentes, como é o caso da batata frita doce ou os vegetais fritos, no nosso caso oferecido pela marca Tyrrells. A aceitação destas ofertas tem sido crescente, pelo que se espera uma aposta cada vez maior no caminho do snack sem culpa”, continua Carla Serrão.

Já Inês Gomes diz que, segundo o Nielsen Global Survey sobre as ocasiões de consumo de snacks, a principal razão de consumo para os portugueses ainda é a satisfação de um desejo. E a variável prazer aliada à sofisticação também se reflete na inovação. “As batatas fritas gourmet são um dos motores de crescimento, apresentando-se como proposta de consumo mais sofisticado. Esta é também uma forma de trazer valor a este mercado, pois o seu preço é cerca de 20% superior ao preço médio das batatas fritas”.

Nota ainda que a tendência positiva é transversal: o aumento de consumo de snacks ocorre tanto no retalho alimentar como no canal Horeca. O mercado de snacks também sofreu com as quebras registadas neste canal nos anos de maior crise, mas com a recuperação do consumo fora do lar a categoria voltou a crescer. Crescimento que se faz também pelo aumento da penetração potenciado pela inovação, seja por consumidores não adeptos dos snacks mais convencionais, seja por um alargamento dos momentos de consumo destes snacks.

Este artigo foi publicado na edição 46 da Grande Consumo.

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