Portugal destaca-se como um dos principais produtores de pera na Europa, especialmente a variedade Pera Rocha, que é um símbolo da região do oeste. Segundo o Recenseamento Agrícola do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2019, Portugal possui 11.297 hectares dedicados ao cultivo de pereiras, dos quais 84% está concentrado no oeste, abrangendo 2.158 explorações agrícolas. Este sector não só é vital para a economia regional, mas também para a sustentabilidade de mais de 2.500 famílias diretamente envolvidas na produção.
A importância económica do sector é ainda mais evidente quando consideramos que, nos últimos 12 anos, a produção média foi de 174.286 toneladas anuais, das quais 60% é destinado à exportação. O potencial produtivo ronda as 200 mil toneladas. As exportações têm gerado receitas anuais na ordem dos 85 milhões de euros, refletindo a crescente procura internacional pela Pera Rocha. Em 2022/2023, a Pera Rocha nacional foi exportada para 20 países, com três destinos principais a ocuparem o pódio: Europa (50%), Marrocos (20%) e Brasil (20%).
Efetivamente, a exportação de Pera Rocha tem vindo a crescer, superando 60% da produção nos últimos anos. Para este ano, prevê-se que esses números sejam ultrapassados, embora os dados finais só possam ser confirmados após o término da campanha. A exportação média anual dos últimos 12 anos foi de 100.562 toneladas.
“Ao acolher este congresso, Portugal reafirma seu papel central na produção de Pera Rocha e a sua determinação em enfrentar os desafios do sector com inovação e sustentabilidade”, refere Filipe Ribeiro, presidente da ANP. “Urge debater medidas de apoio ao sector e a sua adequabilidade aos desafios de sustentabilidade que têm vindo a aumentar de ano para ano, sendo que o Interpera é o evento ideal para promover o debate e a troca de experiências, podendo compartilhar ‘expertise’ com os líderes mundiais do sector e dar a conhecer a nossa história e património”, acrescenta.
Desafios e oportunidades para o sector
Apesar da sua relevância, o sector enfrenta desafios significativos. As condições climáticas adversas dos últimos anos resultaram em quebras de produção acentuadas, com a colheita de 2022 a registar apenas 132.283 toneladas e a de 2023 a cair para 119.000 toneladas, as mais baixas dos últimos 14 anos. Além disso, questões fitossanitárias têm aumentado os custos de produção e, consequentemente, as dificuldades do sector.
O futuro, no entanto, apresenta oportunidades promissoras. A ANP tem vindo a trabalhar com investigadores nacionais com vista ao melhoramento genético da Pera Rocha, visando adaptá-la às mudanças climáticas e aumentar a sua resistência a doenças, sem perder suas características distintivas. A promoção internacional também é um foco crucial para a ANP, com esforços contínuos para dar a conhecer as características distintivas da Pera Rocha aos consumidores globais e explorar novos mercados.