Cadeia de Valor
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Partilha de dados, rastreabilidade e cooperação serão o futuro da cadeia de valor

A GS1 Portugal promoveu a nona edição do Seminário de Supply Chain, subordinado ao tema “O novo paradigma da Cadeia de Valor: analógica, digital e o futuro”, num evento híbrido com transmissão nas redes sociais da organização.

A sessão, que arrancou com as boas-vindas e visão estratégica da GS1 Portugal para os próximos anos, pela voz do seu diretor executivo, João de Castro Guimarães, contou com a presença do secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres. Na sua intervenção, João Torres destacou a importância de discutir estratégias de crescimento e de recuperação económica focadas nas problemáticas da cadeia de valor, realçando a vasta experiência que a pandemia trouxe junto de diferentes agentes económicos. “Ao nível nacional, é essencial investir e apostar em estratégias inovadoras e disruptivas, enquanto ao nível europeu, deverá ser salvaguardada a autonomia do mercado único, reduzindo dependências face a cadeias de valor externas”, explicou o secretário de Estado.

João Torres fechou a sua intervenção realçando a importância de projetar Portugal como um país de futuro, afirmando a localização geográfica como uma vantagem competitiva. “A resiliência, a transição digital e uma visão ‘verde’ das empresas serão os pilares fundamentais para este processo”, concluiu.

 

Futuro da supply chain

Seguiu-se a apresentação de Carlos Elavai, do Boston Consulting Group sobre o impacto da pandemia na passagem da tradicional e analógica “supply chain” para uma perspetiva biónica. Este novo conceito tem como base a interligação entre a tecnologia (dados e plataformas digitais) e o capital humano (organizações, processos, talento e formas de trabalho) com vista a uma melhor performance e entrega rápida e eficaz de produtos. Carlos Elavai destacou alguns exemplos já implementados em diferentes sectores, nos quais são realçadas a transparência entre os diferentes elos da cadeia de valor, a automatização de processos e a identificação concreta de melhorias necessárias.

Depois desta perspetiva , Ana Paula Barbosa, da Nielsen Portugal, trouxe para a sessão uma perspetiva do consumidor, com a apresentação do estudo “A resposta da Cadeia de Valor às exigências do Consumidor”. Na sua intervenção, destacou o impacto da pandemia no comportamento do consumidor, em particular os principais fatores que poderão ditar essas alterações: o Revenge Spending, a crise económica, a continuidade do teletrabalho e a experiência em e-commerce.

Sobre as tendências que chegaram com a pandemia e deverão permanecer no futuro, Ana Paula Barbosa acredita que “tudo vai depender da experiência e nível de satisfação dos consumidores no momento de compra”. Ainda assim, segundo o estudo, “compras menos frequentes com gasto maior, num número menor de insígnias diferentes, refeições em casa e novos locais de compra, como o online e o comércio de proximidade”, vieram para ficar.

Em 2020, as categorias alimentar, desporto e tecnologia foram as mais procuradas, ao contrário da puericultura e dos brinquedos, com uma maior quebra. O estudo revelou ainda que a eficiência das promoções tem vindo a diminuir, o que impõe uma reflexão estratégica sobre a forte pressão promocional junto do consumidor.

Em suma, “2020 trouxe um consumidor cauteloso, com as suas preocupações centradas na saúde, na economia e no emprego, uma realidade diferente da de 2019, quando dava maior relevância à saúde, ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional e às contas de gás e luz”, concluiu Ana Paula Barbosa.

 

Novo paradigma da cadeia de valor

Na segunda parte do seminário, Eduardo Brito, da Jerónimo Martins, Jorg Deubel, da Nestlé Portugal, Paulo Manso Preto, da Sogrape, Rui Gomes, da DHL e Pedro Côrte-Real, da Sonae MC, falaram sobre a realidade das suas empresas e as oportunidades e desafios que a pandemia lhes trouxe. A colaboração e transparência ao longo da cadeia de valor, a necessidade da partilha de dados para melhoria da sua eficiência, a importância da rastreabilidade e o foco na sustentabilidade foram os principais destaques da conversa.

Para Eduardo Brito, “a pandemia trouxe a digitalização à força, sendo dada cada vez mais importância aos dados do produto disponibilizados online”. Mas, para a Jerónimo Martins, mais do que a partilha de dados, importa a rastreabilidade dos produtos. “É crucial capturar informação relevante para o cliente na sua origem, promovendo a rastreabilidade dos produtos e assegurando a transparência e a fiabilidade dos dados”, explicou.

Já Jorg Deubel destacou “a velocidade e a imprevisibilidade” das grandes tendências do período pandémico. “Esta fase leva-nos a aceitar que vamos continuar a errar e que vamos prever cada vez menos o que se segue. Mas, quando acertamos, o resultado pode ser de longe superior”.

Para o orador da Nestlé, “a personalização e a digitalização vieram para ficar”, assim como a preocupação com as áreas da saúde e da sustentabilidade. “O consumidor compra cada vez mais produtos com base em determinadas causas e quer saber em tempo real onde estão as suas encomendas” e, por isso, “o poder dos dados e a importância da inteligência artifical serão as soluções para o futuro”.

Rui Gomes destacou as pessoas como o grande desafio da pandemia. Gerir a motivação e parte emocional das equipas, assim como aproximar a gestão da organização à base da empresa passaram a ser o foco da DHL para garantir a eficiência do trabalho. Por isso, acredita que o futuro das empresas passa pelo “investimento no equilíbrio entre o capital humano e as tecnologias, reduzindo o ‘gap’ entre as soluções tecnológicas e a capacidade das organizações para as implementar”.

Para Pedro Côrte-Real, da Sonae MC, “a resiliência, a rastreabilidade transversal a toda a cadeia de valor, um planeamento mais anti-frágil e melhores processos de colaboração” serão chave para o futuro das empresas. Além disso, Pedro Côrte-Real destacou que “a partilha de dados com fornecedores poderá ajudar as empresas no seu próprio planeamento”, assim como “a rastreabilidade dos produtos poderá ajudar a corrigir erros e problemas, em tempo real” ao longo de toda a cadeia de valor.

Do lado da Sogrape, Paulo Manso Preto destacou que o grande desafio atual é garantir a velocidade das entregas e o stock dos produtos, o que gerou a necessidade de desenvolvimento de algoritmos, em data science, para analisar a procura dos consumidores. “A pandemia trouxe a evidência da falta de visibilidade de informação e a necessidade de uma cada vez maior cooperação ao longo da cadeia de valor e, para isso, a GS1 desempenha um papel fundamental”, explicou na sua intervenção.

 

Seminário

Nesta nona edição do Seminário de Supply Chain, a GS1 Portugal, entidade proponente da iniciativa e facilitadora da colaboração e eficiência nas cadeias de valor, apresentou também dois serviços de valor acrescentado que disponibiliza e consubstanciam respostas a necessidades manifestas de modo cada vez mais premente pelo novo paradigma das cadeias de valor, o programa Lean & Green e a solução Verified by GS1.

Por Bárbara Sousa

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