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“Operar uma plataforma que atenda às necessidades das pessoas, erradicando práticas imorais como a aplicação de altíssimas margens de lucro”

95% da oferta a preços inferiores aos da principal concorrência

A plataforma online Comuniti.pt assinalou, no final de 2020, um ano de atividade em Portugal como novo supermercado de bens essenciais, comparador de preços em tempo real e descontos por quantidade em centenas de produtos.

Face aos quatros principais ‘players’ do sector, o serviço que se afirmou durante o período de confinamento imposto pela pandemia de Covid-19 introduz ainda outras funcionalidades: práticas honestas e transparentes que dispensem cupões e outros formatos pontuais de desconto, campanhas de ‘smart shopping’ a preços mais competitivos e, numa inovação nacional, a opção de compra comunitária para grupos de consumidores criados por iniciativa própria dos clientes, para poupanças massivas por quantidade”, indica.

Para completar o serviço, há ainda acompanhamento personalizado de encomendas e um sistema rápido de entregas ao domicílio, que, na Área Metropolitana do Porto, pode concretizar-se no próprio dia e, noutros locais do país, não demorará mais do que 48 horas.

 

Projeto empresarial

Resultando do projeto empresarial de Ravit Turjeman e Rui Adrego, a Comuniti foi lançada em novembro de 2019 em “trial stage”, disponibilizando apenas produtos não perecíveis. Em dezembro desse ano já apresentava a sua primeira gama de frescos. Começou a operar em modo pleno em janeiro de 2020 e, a partir de março, após os primeiros casos de Covid-19, enfrentou vários meses de sobressalto funcional para corresponder ao inesperado acelerar de procura ditado pelo confinamento social. “Para essa pressão contribuiu particularmente o facto de o centro logístico e de distribuição da plataforma estar então instalado em Ovar, que foi o primeiro município do país a ficar sob cerco sanitário devido ao vírus SARS-CoV-2, com tudo o que isso implicou de controlo de fronteiras e limitações à circulação de pessoas e mercadorias”, explica.

Campanhas de divulgação e marketing sobre a nova plataforma foram, nessa altura, suspensas. “A prioridade foi dar resposta às encomendas porque, nessa altura, enfrentámos severas limitações à contratação de pessoal, que era o recurso que mais nos fazia falta para atendermos ao súbito e elevado número de clientes”, revela Ravit Turjeman. “Por causa disso, fomos forçados a limitar o número de encomendas diárias, mas isso não impediu um pico de registo de novos utilizadores, o que nos proporcionou uma base relevante para analisarmos o comportamento dos consumidores e definirmos novos ‘targets’ para as nossas campanhas”.

 

Crescimento

Superadas as dificuldades motivadas pela pandemia, a Comuniti reajustou o seu calendário de ação e, desde final de setembro de 2020, passou a ter sede no concelho de Santa Maria da Feira, onde dispõe de dois novos armazéns, num total de quatro mil metros quadrados. Essa área acomoda o crescente stock da plataforma e, com recurso a um staff mínimo de 16 pessoas, assegura a reposição de artigos e o packing da mercadoria a distribuir por todo o território nacional, inclusive arquipélagos. Envios para o estrangeiro também estão disponíveis, nesse caso, a preços definidos consoante o país de destino.

A mudança de instalações para a Feira também permitiu que fossem ajustados os mecanismos operacionais do sistema de picking de produto, reforçados os stocks próprios em detrimento do cross-docking entre fornecedores e implementados novos sistemas de gestão de armazém, o que, em última análise, permitiu agilizar o tratamento de uma média atual de 60 encomendas por dia.

 

Compras

Entre as referências mais requisitadas à Comuniti incluem-se detergentes, vinhos e cervejas, artigos de cosmética e alimentação para animais, o que vem contribuindo para compras individuais num valor médio de 75,3 euros, uma vez a cada 15 dias.

O pagamento desses artigos, por sua vez, já antes estava disponível por Multibanco, cartão de crédito e Paypal, e agora faz-se também com MBWay ou cartões-refeição, estando o processo de entrega a cargo da distribuidora própria da marca e dos CTT Express.

Compras superiores a 50 euros têm sempre entrega gratuita, com a vantagem adicional de 15% de desconto na primeira aquisição, e despesas de valor inferior implicam 4,50 ou 5,75 euros em custos de transporte.

 

Sustentabilidade

Em todo o tratamento da encomenda há notas personalizadas de agradecimento ao cliente e uma preferência por recursos ambientalmente sustentáveis: 30% dos produtos frescos é envolvido em sacos de papel, o plástico-bolha que acomoda os artigos é 70% reciclado, as faturas também são sempre emitidas em papel já sujeito a reciclagem e toda a compra é expedida em caixas cartonadas 100% biodegradáveis. que podem ainda ser posteriormente recolhidas pela marca a pedido do cliente.

A qualidade desses materiais é adequada à conservação dos frescos que se mantêm praticamente inalterados durante as 12 a 48 horas do prazo de entrega. “Nas avaliações que nos fazem, um dos comentários mais frequentes é de clientes que assumem que a primeira vez que se arriscaram a comprar frescos pela Internet foi com a Comuniti e ficaram muito surpreendidos”, refere Rui Adrego. “A tendência é para o cliente online prescindir desse tipo de produto porque gosta de apalpar a fruta e cheirá-la, por exemplo, mas o passa-palavra a este nível foi muito forte, as pessoas experimentaram e, depois, reconhecem que viram as suas expectativas em termos de qualidade e frescura superadas”.

 

Mais de 1,2 milhões de euros em faturação

Com mais de 70 mil clientes e mais de 50 mil visitantes únicos por mês, o novo supermercado online fundado por Ravit Tujerman e Rui Adrego nasceu de um investimento inicial superior a meio milhão de euros, integralmente financiado por capitais próprios.

Entre janeiro e dezembro de 2020, a plataforma acumulou um volume de negócios superior a 1,2 milhões de euros, no que a influência da despesa publicitária foi praticamente residual, dado que, após um arranque em que custos de divulgação e ganhos se equilibravam numa proporção de 40% para 60%, em meados de 2020, já o investimento em publicidade correspondia a menos de 1% da receita do site.

Para esses resultados vêm contribuindo com as quais a Comuniti já se demarca dos principais quatro “players” da distribuição online, “nomeadamente, as marcas Continente, Auchan, Pingo Doce e Intermarché”. O principal desses recursos é o comparador de preços com duas atualizações diárias, que exibe para o mesmo produto o valor a que esse artigo está disponível nos principais distribuidores da concorrência. No seu primeiro ano de atividade, a estatística reunida por esse mecanismo de comparação permitiu concluir que 95% da oferta global da Comuniti esteve disponível a preços mais baratos, “e sobretudo mais justos e honestos”, realçam os fundadores da empresa.

Além dessa valência, outra funcionalidade em destaque no novo supermercado online é a compra por quantidade, que permite que determinados produtos diminuam de preço caso o cliente adquira dois, três ou mais unidades da mesma referência. Essa poupança evolui para valores mais baixos à medida que a quantidade do artigo aumenta, até ao limite máximo estabelecido pelo fornecedor.

 

A aguardar patente internacional

Uma terceira funcionalidade, a implementar quando concluído o respetivo processo de registo de patente internacional, é a chamada “community buy”, ainda sem prática em Portugal por iniciativa dos consumidores e só raramente disponível em ações de carácter institucional. Em causa está, literalmente, uma compra comunitária semelhante às que esporadicamente são promovidas pela DECO – Defesa do Consumidor, mas que, neste caso, podem desenvolver-se por iniciativa de cidadãos individuais. Isso significa que qualquer produto que um cliente tenha interesse em adquirir a preço mais baixo pode ser associado a um processo público de compra em escala, ao qual se associarão, por convite redirecionado ou por iniciativa própria na visita ao site, outros consumidores com idêntico propósito. A ficha do respetivo produto indicará em contínuo a quantidade de interessados inscritos nessa “community buy” e o preço já atingido com a ação coletiva.

Para Rui Adrego, é precisamente esse mecanismo aquele que melhor reflete a missão da Comuniti: “ajudar a comunidade a comprar de forma mais inteligente, com práticas mais transparentes e honestas. Só assim se evita o desperdício de tempo, dinheiro e energia que acontece quando a compra não se pode fazer no momento mais conveniente para o cliente, por ele saber que deve esperar pelas promoções, que, infelizmente, na generalidade dos supermercados, são a única altura em que os preços se revelam realmente justos para com o cliente e para com o próprio produtor”.

Ravit Turjeman realça,  por sua vez, que “o atual panorama do retalho alimentar em Portugal é controlado por um pequeno grupo de mega-players com processos operacionais e logísticos complexo, e com margens de lucro exorbitantes nos produtos essenciais do dia-a-dia”. É precisamente esse status quo que a Comuniti quer alterar, oferecendo “preços sensatos e honestos, poupanças de quantidade e compras em grupo por valores mais vantajosos”.

É também nesse espírito de incentivo ao smart shopping em Portugal que a Comuniti tem em funcionamento a campanha “Compra inteligente, Compra em Português”, que destaca produtos que, ao longo dos anos, se afirmaram como referências do país e constituem particular motivo de orgulho nacional.

 

Fundadores da Comuniti

Rui Adrego e Ravit Tujerman

A Comuniti foi fundada pela israelita Ravit Turjeman e pelo português Rui Adrego, dois gestores com experiência internacional na transação de bens de consumo e apostados em “devolver o poder ao consumidor”. O seu primeiro projeto em comum foi a ComuniTech, uma startup de software para e-commerc  ,cujo sucesso na Web Summit de 2018 levou os empresários a prometerem criar uma plataforma online de retalho com práticas mais honestas e transparentes.

Na origem da plataforma Comuniti.pt estão as experiências profissionais e pessoais de Ravit Turjeman e Rui Adrego. Ravit Turjeman nasceu em Israel e ali cumpriu o serviço militar obrigatório. Após completar a sua formação em Comunicação e Gestão de Negócios, seguiu carreira nos Estados Unidos da América, onde adquiriu experiência em negócios, projetos de desenvolvimento e ações de marketing, estabelecendo uma sólida rede de clientes em sectores como os da tecnologia, finanças, alimentação, cinema e turismo.

Foi nesse percurso que Ravit Turjeman conheceu o português Rui Adrego, especialista no mercado B2B, de transações entre empresas, e com uma vasta experiência em gestão de vendas na indústria alimentar. “A certa altura, percebemos que o mercado de bens essenciais não estava a cumprir com as exigências do consumidor atual, que, ao privilegiar a comodidade das compras na Internet para ver a sua vida facilitada, esperava receber do distribuidor um serviço mais honesto, rápido e com maior consciência social e ambiental”, afirma Ravit Turjeman. A realidade, contudo, é que, como nota Rui Adrego, os maiores operadores portugueses “dispõem de uma estrutura física e logística tão pesada e complexa que isso lhes retira qualquer motivação séria para baixarem os preços, com claro prejuízo para o consumidor final e, inevitavelmente, para os próprios produtores e fabricantes, que assim se veem impedidos de escoar o stock desejado e de obter margens mais justas”.

Com uma abordagem orientada para o espírito de comunidade e centrada em proporcionar ao cliente online a experiência de compra mais vantajosa, os fundadores da Comuniti têm assim um objetivo simples: “operar uma plataforma online que atenda verdadeiramente às reais necessidades das pessoas, erradicando práticas imorais como a aplicação de altíssimas margens de lucro a produtos de primeira necessidade, opondo-se à exploração dos produtores, sobretudo no sector primário, e rejeitando a estratégia promocional agressiva e ilusória dos principais supermercados a operar no país”.

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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