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OPA sobre o Grupo DIA

Mikhail Fridman

A LetterOne Retail, o fundo de investimento controlado pelo empresário russo Mikhail Fridman, detentor de 29% do Grupo DIA, lançou uma OPA voluntária da totalidade das ações que ainda não possui, por 67 cêntimos por ação, o que representa uma valorização de 56,1% sobre o preço no encerramento da sessão desta segunda-feira (43 cêntimos).

A operação enquadra-se num plano de resgate, denominado “Fazer da DIA líder”, com o objetivo de garantir o futuro do grupo de retalho. Além da OPA, este plano inclui o compromisso de sustentar uma ampliação de capital de 500 milhões de euros, condicionada ao resultado positivo e posterior liquidação da OPA e ao facto da DIA alcançar um acordo com os bancos seus credores, com o objetivo de se dotar de uma estratégia de capital viável a longo prazo. Paralelamente, a LetterOne Retail também previu a criação de um plano de transformação integral baseado em seis pilares, supervisionado por si, que resulte na conversão integral do grupo nos próximos cinco anos. “É do conhecimento de todos que a DIA passa por sérias dificuldades financeiras e a LetterOne Retail considera que necessita, urgentemente, de um plano de transformação levada a cabo por uma equipa gestora de reconhecida experiência a nível mundial no sector da distribuição. A companhia precisa de uma nova visão, uma nova estratégia e uma solução financeira que resolva os requisitos de liquidez de curto prazo e garanta o futuro da DIA a longo prazo”, indica a LetterOne Retail em comunicado.

O fundo de investimento defende que o grupo retalhista dono do Minipreço passou por alto pelas principais mudanças nas tendências de consumo, pelo que o seu desempenho foi inferior ao da concorrência, com a consequente perda de quota de mercado, sobretudo em Espanha. “O grupo está, atualmente, num declive estrutural e a sua marca deteriorou-se de forma significativa”, avança ainda o comunicado.

A LetterOne Retail critica o plano de recapitalização no valor de 600 milhões de euros contemplando pela DIA, considerando que “não aborda os desafios estratégicos, de liderança e de estrutura de capital fundamentais” enfrentados e que expõe os acionistas “ao risco de uma diluição significativa sem uma estrutura de capital viável a longo prazo”.

O fundo liderado por Mikhail Fridman acredita que, sob a sua liderança, “a DIA pode ressurgir como ator líder no sector da distribuição retalhista de alimentos em Espanha, Brasil, Argentina e Portugal, para benefício de todos os ‘stakeholders’, incluindo clientes, colaboradores, franchisados, fornecedores, credores e acionistas”.

A OPA necessita da aprovação do regulador e depende que os outros acionistas, que representem pelo menos 35,5% do capital a aceitem. Além disso, está condicionada a que não se proceda à ampliação de capital antes da sua conclusão.

O plano da LetterOne Retail

Recorde-se que, em outubro passado, o Grupo DIA anunciou uma revisão das suas contas de 2017 e um “profit warning” para 2018. Estes factos, juntamente com o seu elevado nível de endividamento, limitaram, no entender da LetterOne, a sua capacidade para operar de modo efetivo no dia-a-dia e para investir no seu futuro. O fundo de investimento relembra as sete descidas na notação financeira do grupo, de BBB- a CCC+, desde então, assim como a queda de 89,3% no preço das ações nos últimos 12 meses.

O plano de transformação apresentado pela LetterOne baseia-se em seis pilares fundamentais e inclui uma nova proposta de valor comercial, o reajustamento dos preços e promoções, uma estratégia de rede de lojas adequada, nova liderança e desenvolvimento de talento interno, melhoria da execução das operações retalhistas e investimento na marca e em marketing. O fundo luxemburguês assegura que irá dar mais detalhes sobre este plano no folheto da oferta pública de aquisição, publicado “a devido tempo”.

A LetterOne Retail indica ainda que está disposta a trabalhar com o conselho de administração da DIA, os bancos credores e demais “stakeholders” na implementação deste plano que, considera, não só aborda os requisitos de estrutura de capital, como proporciona a base para que ressurja como um líder espanhol do comércio a retalho de alimentos.

Auditoria às contas

Entretanto, a equipa de gestão da DIA, a terceira em cinco meses, encomendou à EY uma auditoria forense às contas dos últimos exercícios, de modo a garantir a viabilidade financeira do grupo retalhista e o seu plano de ampliação de capital.

De acordo com o jornal Cinco Días, o objetivo é apurar se houve ou não práticas fraudulentas na gestão da sociedade.

Fontes financeiras confirmaram aquele jornal que o grupo espera um relatório definitivo na segunda metade de fevereiro, embora não se preveja que o seu conteúdo seja tornado público. Deste modo, o Grupo DIA pretende excluir quaisquer surpresas de índole contabilística que possam comprometer o processo de refinanciamento em negociação com a banca e a ampliação de capital que espera terminar antes da Semana Santa.

Encerramentos de lojas e novos investimentos

Esta semana está prevista a apresentação do novo plano estratégico desenhado pela administração da DIA. Fontes próximas indicam que o grupo vai anunciar um ajuste da sua superfície comercial, que representa o encerramento, transformação ou trespasse de 250 a 300 lojas, de modo a sair da ameaça de insolvência em que se encontra mergulhado, uma vez que terminou 2018 com recursos próprios negativos.

O jornal El Confidencial avança que o plano assenta numa estratégia de redução de custos e de aposta agressiva na marca própria. Dentro do plano estratégico a cinco anos, prevê-se ainda um número similar de futuras aberturas.

Já o El Economista cita fontes do grupo que indicam que serão investidos mil milhões de euros nos próximos cinco anos para tornar as suas lojas muito mais atrativas. Os preços serão reduzidos, para recuperar quota de mercado e tornar a DIA mais competitiva. De acordo com os últimos dados disponíveis da Kantar Worldpanel, o grupo tinha, em novembro de 2018, uma quota de 7,4%, menos oito décimas que no mesmo mês de 2017.

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