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Nível de preocupação quanto à Covid-19 torna a crescer e reflete-se nos hábitos de compra e prioridades

Foto Shuttertsock

Numa altura em que os governos aliviam as restrições implementadas para conter a Covid-19, os consumidores continuam focados em proteger-se e salvaguardar a sua segurança financeira. A sétima vaga do Barómetro COVID-19 da Kantar, que inquiriu 100 mil pessoas de todo o mundo, sublinha um nível crescente de preocupações. Os resultados indicam uma descida de 9% na aceitação das medidas dos governos para aliviar as restrições, dos 28% apurados na quinta vaga para os atuais 19%.

A hesitação deriva da discordância entre crença, por parte do consumidor, em termos de segurança e as garantias dos governos de que o regresso à vida normal é prudente. Nesse sentido, desceu também o apoio à reabertura de espaços sociais, refletido na queda de 10% dos 27% apurados na quinta vaga para os 17% atuais.

Consequentemente, a taxa de aprovação dos governos está a cair globalmente, com 29% dos consumidores a mostrarem-se descontentes. A Kantar apurou valores ainda maiores em países mais afetados pela Covid-19, como os Estados Unidos da América, onde a insatisfação cresceu dos 36% registados na quarta vaga para os atuais 48%.

 

“Obrigado, mas não obrigado”

A falta de alinhamento entre o sentimento popular e os esforços dos governos para reativar o funcionamento da economia está a causar resistências. Os níveis de receio permanecem elevados, com mais de metade dos consumidores a confessarem-se muito assustados com a situação. Em Espanha, Itália e França, a preocupação quanto ao futuro é ainda maior, atingindo, respetivamente, os 72%, 65% e 61%.

Desconfiados das iniciativas dos governos para reabrir as economias o mais depressa possível, os consumidores acreditam que o regresso ao trabalho, às compras e à vida normal pode não ser do seu melhor interesse. A relutância quanto a atividades quotidianas é elevada, com apenas 36% a mostrar-se disposto a usar os transportes públicos, o que compara com os 41% apurados em julho, e cada vez mais pessoas a adiarem o regresso ao ginásio (70%), locais de culto (67%) e estabelecimentos de restauração (56%), pelo menos, durante mais um mês.

 

Segurança

O desconfinamento e reabertura de locais públicos não é suficiente para assegurar aos consumidores de que é seguro a sua frequentação, com o estudo da Kantar a indicar que apenas medidas tangíveis e muito visíveis os pode motivar nesse sentido. No topo dessas medidas está a vacinação (54%), a obrigatoriedade do uso de máscara (45%), a manutenção do distanciamento social (44%) e a esterilização regular das superfícies (42%).

De acordo com a Kantar, este é um sinal de que, claramente, as pessoas se sentem ainda vulneráveis. Apesar de cada vez menos estar a sentir o impacto da Covid-19 do que o que foi reportado nas vagas anteriores, os níveis de preocupação cresceram, pela primeira vez, em vários meses, para os 70%. Globalmente, 45% receia adoecer, o que compara com os 42% da sexta vaga.

 

Gestão do orçamento

Com 73% dos inquiridos a temerem uma segunda vaga da pandemia, os consumidores parecem ter assumido, eles próprios, a responsabilidade de cuidar da sua saúde. Uma percentagem semelhante já sentiu ou espera sentir efeitos negativos da pandemia nas suas finanças, o que está a motivar uma mudança de prioridades, com 64% a dizer que vai ser mais proativo em termos de planeamento financeiro.

Os orçamentos mais reduzidos estão a levar a uma mudança no comportamento de compra, com 67% a prestar agora mais atenção aos preços, comparativamente aos 56% apurados na segunda vaga, e 55% a privilegiar as promoções, face aos 44% da segunda vaga.

A mudança de prioridades também está a catalisar um foco renovado em valores pessoais sobre o que realmente importa. 30% quer dar mais atenção à família e amigos, 29% apostar em desafios futuros e 27% pura e simplesmente apreciar a vida. Relutantes em regressar à rotina do trabalho intensivo, 23% dos inquiridos querem atingir um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

 

O que podem as marcas fazer?

Com a pandemia a acordar a sociedade para um novo contexto de existência, os consumidores estão a sentir que os governos não estão a fazer o suficiente para gerir a situação, conforme indicado por 39%. Na ausência de confiança na liderança por parte dos governos, os consumidores a esperar que sejam as marcas a tomar a iniciativa. 25%, comparativamente aos 17% apurados na segunda marca, espera que as marcas liderem por exemplo e guiem em direção à mudança.

Nesse sentido, ganham importância questões como a sustentabilidade ambiental. 51% considera que este tema é ainda importante e 22% acredita, até, que é mais crítico do que nunca. A poluição e a redução do desperdício, seguidas de perto pelos produtos sustentáveis e a produção local, são os temas que os consumidores consideram mais importantes.

Por Carina Rodrigues

Responsável pela redacção da revista e site Grande Consumo.

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